— Teresa está sozinha e grávida. O que tem de errado em ajudá-la? — Sterling respondeu, indiferente. Teresa já havia salvado sua vida no passado. Agora que ela estava passando por dificuldades, ele sentia que tinha a obrigação de ajudá-la. Clarice, por outro lado, sempre fazia questão de discutir quando se tratava de Teresa. Para ele, isso era um sinal de mesquinhez, algo que o irritava profundamente. Clarice observou o rosto despreocupado de Sterling e percebeu que não valia a pena insistir. — Tudo bem. Então só precisamos ir ao cartório para resolver o divórcio. Depois disso, você pode ajudá-la ou até se casar com ela, tanto faz. — Clarice disse com um tom tranquilo. Ela já tinha decidido sair sem nada, literalmente abrir espaço para eles. Não havia outra mulher naquele círculo social tão generosa quanto ela. Sterling deveria estar agradecido. Sterling a encarou e soltou uma gargalhada fria. — Clarice... Antes que ele pudesse continuar, o toque do celular interrompeu su
Sterling massageava as têmporas, mas seu olhar inevitavelmente recaía sobre Clarice, que estava ao seu lado. Ele nunca conseguiu entender por que o avô tinha tanta preferência por ela. As ações do Grupo Davis? Ele entregou para ela sem pestanejar. O antigo tesouro de família? Presenteado como se não tivesse valor algum. Para Sterling, Clarice era uma mulher astuta e cruel. O que ela tinha de especial? — Estou quase chegando no hospital. Algumas coisas a gente resolve pessoalmente. — Ele fez uma pausa antes de acrescentar. — Clarice está comigo. Do outro lado da linha, a voz de Túlio mudou instantaneamente, suavizando-se. — Tudo bem, vou esperar por vocês. Sterling desligou a ligação e respirou fundo. O fato de Túlio querer mandar Teresa para o exterior de repente não era algo simples. Havia algo por trás disso. E se ele descobrisse que Clarice tinha algum envolvimento, ela podia se preparar. Ele não teria piedade. O carro logo parou em frente ao hospital. Sterling desceu
A voz de Asher soava suave, quase tranquilizadora. Clarice ficou imóvel por um instante antes de perguntar: — Que tipo de prova? Seria algo relacionado ao acidente de Teresa? Mas ela nunca havia contado isso a ninguém, nem mesmo a Jaqueline. Como ele poderia saber? — Provas sobre o acidente da sua cunhada. A mente de Clarice explodiu. Era exatamente isso! Mas como Asher sabia? — Fique tranquila, as provas foram obtidas por meios legais. Nada de métodos ilícitos. — Asher sabia como Clarice pensava e apressou-se em esclarecer, embora nunca fosse revelar os métodos que usou para conseguir o que tinha. — Agora estou ocupada com outra coisa. Podemos conversar sobre isso mais tarde? — Clarice respondeu, já consciente de que, mesmo se mostrasse as provas para Sterling, ele jamais acreditaria que Teresa tinha algo a ver com o acidente. Ele apenas diria que era tudo forjado. Não era hoje que ela havia descoberto o favoritismo cego de Sterling. — Claro, fico esperando seu retorno
— Está bem. — Clarice respondeu com um sorriso nos lábios, seus olhos brilhando de leve.Túlio, satisfeito, deu meia-volta e saiu do quarto sem se preocupar com o que Sterling pudesse fazer. Para ele, o que importava era a felicidade de Clarice.Assim que Túlio saiu pela porta, Teresa lançou um olhar insinuante para Sterling e disse:— Sterling, sai um pouquinho. Quero falar umas coisas mais íntimas com a Clarice.Sterling abriu a boca para responder, mas Clarice foi mais rápida:— Não, ele fica. Pode ser nossa testemunha.Clarice sabia como Teresa funcionava. Aquela mulher tinha tantas artimanhas que, se depois negasse que ela havia se desculpado, Sterling acabaria voltando para pressioná-la. Melhor não arriscar.Sterling fixou os olhos negros no rosto de Clarice, tentando decifrá-la. O que ela queria com aquilo?Clarice ajeitou o cabelo atrás da orelha com um gesto elegante e caminhou até a cama de Teresa. Seus passos eram firmes, e seu olhar altivo pairava sobre a outra mulher. Com
— Fica deitada, Teresa! Você está machucada, não pode ficar se mexendo assim. Fique quietinha, está bem? Além disso, você não tem culpa de nada. Por que teria que pedir desculpas para ela? — Disse Sterling, com um tom de repreensão que, no fundo, soava quase carinhoso.Clarice observou o marido cuidando daquela mulher com tanto zelo. Era impossível não sentir o coração apertar, mas ela não disse nada. Apenas virou-se e saiu do quarto sem olhar para trás.Assim que Clarice fechou a porta, Teresa empurrou Sterling com força, pulando da cama em um movimento apressado. Caiu de joelhos no chão com um som surdo, como se fosse um ato desesperado. Com os olhos marejados, encarou as costas de Clarice enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.— Clarice, me desculpa! Foi erro meu pedir que você se desculpasse. Não fica brava com o Sterling, por favor! — Implorou, a voz embargada, numa cena que parecia calculada para causar pena.Clarice hesitou por um breve momento. Seus passos pararam, mas, dep
— Eu já te avisei, Clarice. — Sterling disse com uma risada fria. — A gravidez dela é delicada. Não importa o que aconteça, você tem que ceder a ela. Não pode deixá-la nervosa. Se algo acontecer com o bebê dela, eu quero ver como você vai pagar por isso!Os olhos frios e ameaçadores de Sterling fizeram Clarice sentir um arrepio percorrer sua espinha. O peito apertou, e ela quis chorar. Mas ergueu a cabeça, obrigando as lágrimas a recuarem. Quando voltou a encará-lo, seus olhos estavam vazios, sem demonstração de emoção.— Sterling, alguma vez você me tratou como sua esposa? Você já me respeitou? Estamos casados há três anos e, ainda assim, sou menos que uma amante! — Disse ela, com uma voz firme, mas cheia de mágoa. — Até os amantes lá fora recebem flores, joias, carros, casas... São levados para eventos. E eu, como sua esposa, não recebo nada!Sterling estreitou os olhos, o rosto carregado de desprezo.— Está querendo me cobrar algo, Clarice? Você não acha que está pedindo demais?As
Mas ela sabia que Túlio só ficaria tranquilo agindo assim. Então, deixou que ele fizesse o que queria.Ao chegar ao escritório, Clarice se despediu de Túlio.Assim que o carro se afastou, ela se virou e viu Esther parada a poucos metros, com um sorriso debochado no rosto.— Ora, Dra. Clarice, você realmente não tem critério, não é? Até um velho de cabelos brancos você consegue seduzir! — Disse Esther, com sarcasmo.Quando Clarice desceu do carro, Esther tinha visto claramente o homem de cabelos brancos sentado no banco de trás. Para ela, Clarice era alguém que faria qualquer coisa por dinheiro ou resultados, sem o menor escrúpulo. Um homem daquela idade... Ela sequer conseguia imaginar como Clarice tinha coragem de se envolver com ele.Clarice nem olhou para ela, ignorando completamente o comentário e caminhando em direção à entrada do prédio.Sempre que Esther a provocava, Clarice se perguntava como um dia pôde ser tão ingênua a ponto de se abrir emocionalmente com alguém como ela.Es
Lilian percebeu que a expressão de Clarice estava péssima e rapidamente deixou a sala.O celular tocou pela terceira vez antes que Clarice finalmente o atendesse. Assim que colocou o aparelho no ouvido, uma voz estridente e furiosa explodiu do outro lado da linha:— Clarice, você está ficando corajosa, hein? Como ousa ignorar as minhas ligações?!Clarice manteve o rosto sério, a voz gelada:— O que você quer?Do outro lado da linha estava Beatriz, sua irmã mais nova. Beatriz havia se perdido quando criança e só foi encontrada anos depois. Desde então, fazia da vida de Clarice um inferno, provocando-a e criando confusão a cada oportunidade.Antes de se casar, Clarice passava dias difíceis na casa da família, suportando o comportamento insuportável da irmã. Era um pesadelo constante.— O Asher acabou de vir aqui em casa para romper o noivado! Sua desgraçada, você teve a coragem de dar em cima do meu noivo pelas minhas costas? — Beatriz gritou, sem o menor traço de educação, revelando tod