Mas ela sabia que Túlio só ficaria tranquilo agindo assim. Então, deixou que ele fizesse o que queria.Ao chegar ao escritório, Clarice se despediu de Túlio.Assim que o carro se afastou, ela se virou e viu Esther parada a poucos metros, com um sorriso debochado no rosto.— Ora, Dra. Clarice, você realmente não tem critério, não é? Até um velho de cabelos brancos você consegue seduzir! — Disse Esther, com sarcasmo.Quando Clarice desceu do carro, Esther tinha visto claramente o homem de cabelos brancos sentado no banco de trás. Para ela, Clarice era alguém que faria qualquer coisa por dinheiro ou resultados, sem o menor escrúpulo. Um homem daquela idade... Ela sequer conseguia imaginar como Clarice tinha coragem de se envolver com ele.Clarice nem olhou para ela, ignorando completamente o comentário e caminhando em direção à entrada do prédio.Sempre que Esther a provocava, Clarice se perguntava como um dia pôde ser tão ingênua a ponto de se abrir emocionalmente com alguém como ela.Es
Lilian percebeu que a expressão de Clarice estava péssima e rapidamente deixou a sala.O celular tocou pela terceira vez antes que Clarice finalmente o atendesse. Assim que colocou o aparelho no ouvido, uma voz estridente e furiosa explodiu do outro lado da linha:— Clarice, você está ficando corajosa, hein? Como ousa ignorar as minhas ligações?!Clarice manteve o rosto sério, a voz gelada:— O que você quer?Do outro lado da linha estava Beatriz, sua irmã mais nova. Beatriz havia se perdido quando criança e só foi encontrada anos depois. Desde então, fazia da vida de Clarice um inferno, provocando-a e criando confusão a cada oportunidade.Antes de se casar, Clarice passava dias difíceis na casa da família, suportando o comportamento insuportável da irmã. Era um pesadelo constante.— O Asher acabou de vir aqui em casa para romper o noivado! Sua desgraçada, você teve a coragem de dar em cima do meu noivo pelas minhas costas? — Beatriz gritou, sem o menor traço de educação, revelando tod
Assim que desligou o telefone, Beatriz soltou um suspiro aliviado. Sterling era assustador, e ela temia sua reação. Mas, ao pensar que ele iria descarregar toda sua raiva em Clarice, não conseguiu conter o sorriso satisfeito.Do outro lado da linha, Sterling encarava o telefone em silêncio. O som do bip de chamada encerrada ecoava em seus ouvidos, enquanto uma expressão sombria tomava conta de seu rosto. Clarice... Como ela teve coragem de se envolver com Asher?Antes que pudesse refletir mais sobre aquilo, a porta da sala de emergência se abriu. Sterling imediatamente se levantou e foi ao encontro do médico.— Como ela está? — Perguntou ele, com urgência.— A situação dela não é boa. — O médico suspirou, visivelmente preocupado. — Se continuar assim, há uma grande chance de que ela perca o bebê.O médico balançou a cabeça, frustrado. Nunca tinha visto uma grávida que, em menos de três meses de gestação, já tivesse sofrido tantos acidentes, caído tanto e ido parar no hospital tantas ve
Sterling pegou o documento das mãos dela com o rosto sombrio. Ele leu rapidamente, os olhos correndo pelas linhas com uma expressão cada vez mais fria. No final, soltou uma risada sarcástica.— Sra. Davis, você tem um apetite grande, hein? Não só quer as ações do Grupo Davis, como também a casa em Encanto do Vale! E eu achando que você era do tipo que sairia de mãos vazias, toda orgulhosa.Clarice massageou o pescoço, que ainda doía, e ergueu o olhar para encará-lo diretamente.— Eu sou advogada, Sterling. Claro que vou garantir os meus direitos no divórcio. E, considerando essa nossa relação, você é claramente o culpado. Meus pedidos são até modestos!Ela não sabia exatamente o que Beatriz havia contado a ele, mas tinha certeza de que, depois daquela ligação, Sterling estaria furioso. Foi por isso que, assim que Beatriz desligou, ela redigiu a papelada do divórcio. Essa era sua estratégia: desviar a atenção de Sterling, concentrando sua raiva nela e, assim, afastando qualquer possibil
Lilian abriu a porta e, ao ver Clarice sentada no chão, fechou-a rapidamente e correu até ela.Ela tinha acabado de ver o Sterling sair do escritório, visivelmente irritado, e decidiu entrar para verificar. Mas nunca imaginou encontrar Clarice naquele estado.Será que o chefe tinha perdido o controle e agredido Clarice? Será que ela estava machucada? Deveria chamar a polícia?Mil pensamentos passaram pela cabeça de Lilian enquanto se aproximava.Clarice olhou para ela, suspirou fundo e estendeu a mão.— Me ajuda a levantar.Lilian a ajudou a se sentar no sofá e logo trouxe um copo de água.— Dra. Clarice, aqui, tome um pouco de água.Clarice pegou o copo e agradeceu com um aceno de cabeça, sem dizer nada. Lilian, percebendo que era algo pessoal, preferiu não fazer perguntas.Depois de alguns goles, Clarice começou a se acalmar. Sua mente, que antes estava tomada pelo caos, agora revia os acontecimentos em busca de uma solução.Lilian permaneceu em silêncio, sentada ao lado, sem se atre
— Ela faz uma coisa dessas e o Túlio ainda defende? Que absurdo! — Exclamou a mulher de vestido bege, visivelmente indignada.— Teresa, você é muito boazinha, sempre tão gentil. Por isso as pessoas abusam de você! — Disse outra mulher, com um rabo de cavalo alto, enquanto colocava as mãos na cintura. — Pode deixar, eu mesma vou dar uma lição naquela Clarice!Valentino franziu a testa, demonstrando seu descontentamento.— Clarice não é essa mulher cruel que vocês estão pintando. Se ela fez algo assim, com certeza teve um motivo.— Valentino, você está louco! — Rebateu a mulher de vestido bege, cruzando os braços com desprezo. — Clarice contratou alguém para atropelar a Teresa, e você ainda quer defendê-la? Que tipo de desculpa justificaria isso? Você realmente acredita nessa história?Valentino encarou a mulher diretamente e, com um tom firme, declarou:— Você gosta do Sterling, né?O rosto dela ficou imediatamente vermelho, e sua tentativa de negar foi atrapalhada por sua própria hesit
Clarice deu uma volta pelas lojas e, no final, decidiu comprar uma gravata para Sterling.Casados há três anos, era ela quem escolhia as roupas que Sterling usava todos os dias. Enquanto caminhava, já tinha em mente exatamente a cor da gravata que compraria.Assim que entrou na loja, a vendedora a recebeu com um sorriso caloroso.— Boa tarde, senhora. Está procurando algum tipo específico de gravata? Posso ajudá-la com algumas sugestões?— Obrigada, mas prefiro dar uma olhada primeiro. Se precisar, te chamo! — Clarice sorriu de forma gentil.A vendedora retribuiu com um sorriso.— Claro. Fique à vontade!Clarice olhou as prateleiras por alguns minutos e escolheu uma gravata vinho.Sterling sempre usava roupas em tons de preto, branco ou cinza. A gravata vinho seria perfeita para combinar com o guarda-roupa dele.Na hora de pagar, Clarice olhou o celular e viu que Sterling havia respondido à mensagem que ela enviara mais cedo. Ele escreveu apenas: [Duas não bastam para rasgar.]Clarice
O homem entrou na sala com passos firmes, e sua expressão parecia ter saído de um freezer, fria e cortante como gelo. Clarice sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Com medo de que ele pegasse seu celular, instintivamente o escondeu atrás do corpo. Quando falou, sua voz carregava um nervosismo evidente. — Você voltou… Sterling parou bem em frente a ela. Seus olhos negros e profundos pousaram em seu rosto, como se fossem capazes de enxergar sua alma. Clarice, lembrando-se do ateliê de Jaqueline, forçou-se a falar, mesmo sentindo o coração apertado. — Que tal você subir e trocar de roupa? Eu já levo a sopa para a mesa, e podemos jantar. Sterling ergueu a mão e segurou o queixo dela, sua voz carregada de sarcasmo e frieza. — Você estava falando com o Asher agora? Por que desligou o telefone assim que me viu chegar? Está com a consciência pesada? Beatriz tinha contado a ele que Clarice e Asher cresceram juntos, sempre muito próximos, e que a família Bennett sempre conside