Sterling pegou o documento das mãos dela com o rosto sombrio. Ele leu rapidamente, os olhos correndo pelas linhas com uma expressão cada vez mais fria. No final, soltou uma risada sarcástica.— Sra. Davis, você tem um apetite grande, hein? Não só quer as ações do Grupo Davis, como também a casa em Encanto do Vale! E eu achando que você era do tipo que sairia de mãos vazias, toda orgulhosa.Clarice massageou o pescoço, que ainda doía, e ergueu o olhar para encará-lo diretamente.— Eu sou advogada, Sterling. Claro que vou garantir os meus direitos no divórcio. E, considerando essa nossa relação, você é claramente o culpado. Meus pedidos são até modestos!Ela não sabia exatamente o que Beatriz havia contado a ele, mas tinha certeza de que, depois daquela ligação, Sterling estaria furioso. Foi por isso que, assim que Beatriz desligou, ela redigiu a papelada do divórcio. Essa era sua estratégia: desviar a atenção de Sterling, concentrando sua raiva nela e, assim, afastando qualquer possibil
Lilian abriu a porta e, ao ver Clarice sentada no chão, fechou-a rapidamente e correu até ela.Ela tinha acabado de ver o Sterling sair do escritório, visivelmente irritado, e decidiu entrar para verificar. Mas nunca imaginou encontrar Clarice naquele estado.Será que o chefe tinha perdido o controle e agredido Clarice? Será que ela estava machucada? Deveria chamar a polícia?Mil pensamentos passaram pela cabeça de Lilian enquanto se aproximava.Clarice olhou para ela, suspirou fundo e estendeu a mão.— Me ajuda a levantar.Lilian a ajudou a se sentar no sofá e logo trouxe um copo de água.— Dra. Clarice, aqui, tome um pouco de água.Clarice pegou o copo e agradeceu com um aceno de cabeça, sem dizer nada. Lilian, percebendo que era algo pessoal, preferiu não fazer perguntas.Depois de alguns goles, Clarice começou a se acalmar. Sua mente, que antes estava tomada pelo caos, agora revia os acontecimentos em busca de uma solução.Lilian permaneceu em silêncio, sentada ao lado, sem se atre
— Ela faz uma coisa dessas e o Túlio ainda defende? Que absurdo! — Exclamou a mulher de vestido bege, visivelmente indignada.— Teresa, você é muito boazinha, sempre tão gentil. Por isso as pessoas abusam de você! — Disse outra mulher, com um rabo de cavalo alto, enquanto colocava as mãos na cintura. — Pode deixar, eu mesma vou dar uma lição naquela Clarice!Valentino franziu a testa, demonstrando seu descontentamento.— Clarice não é essa mulher cruel que vocês estão pintando. Se ela fez algo assim, com certeza teve um motivo.— Valentino, você está louco! — Rebateu a mulher de vestido bege, cruzando os braços com desprezo. — Clarice contratou alguém para atropelar a Teresa, e você ainda quer defendê-la? Que tipo de desculpa justificaria isso? Você realmente acredita nessa história?Valentino encarou a mulher diretamente e, com um tom firme, declarou:— Você gosta do Sterling, né?O rosto dela ficou imediatamente vermelho, e sua tentativa de negar foi atrapalhada por sua própria hesit
Clarice deu uma volta pelas lojas e, no final, decidiu comprar uma gravata para Sterling.Casados há três anos, era ela quem escolhia as roupas que Sterling usava todos os dias. Enquanto caminhava, já tinha em mente exatamente a cor da gravata que compraria.Assim que entrou na loja, a vendedora a recebeu com um sorriso caloroso.— Boa tarde, senhora. Está procurando algum tipo específico de gravata? Posso ajudá-la com algumas sugestões?— Obrigada, mas prefiro dar uma olhada primeiro. Se precisar, te chamo! — Clarice sorriu de forma gentil.A vendedora retribuiu com um sorriso.— Claro. Fique à vontade!Clarice olhou as prateleiras por alguns minutos e escolheu uma gravata vinho.Sterling sempre usava roupas em tons de preto, branco ou cinza. A gravata vinho seria perfeita para combinar com o guarda-roupa dele.Na hora de pagar, Clarice olhou o celular e viu que Sterling havia respondido à mensagem que ela enviara mais cedo. Ele escreveu apenas: [Duas não bastam para rasgar.]Clarice
O homem entrou na sala com passos firmes, e sua expressão parecia ter saído de um freezer, fria e cortante como gelo. Clarice sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Com medo de que ele pegasse seu celular, instintivamente o escondeu atrás do corpo. Quando falou, sua voz carregava um nervosismo evidente. — Você voltou… Sterling parou bem em frente a ela. Seus olhos negros e profundos pousaram em seu rosto, como se fossem capazes de enxergar sua alma. Clarice, lembrando-se do ateliê de Jaqueline, forçou-se a falar, mesmo sentindo o coração apertado. — Que tal você subir e trocar de roupa? Eu já levo a sopa para a mesa, e podemos jantar. Sterling ergueu a mão e segurou o queixo dela, sua voz carregada de sarcasmo e frieza. — Você estava falando com o Asher agora? Por que desligou o telefone assim que me viu chegar? Está com a consciência pesada? Beatriz tinha contado a ele que Clarice e Asher cresceram juntos, sempre muito próximos, e que a família Bennett sempre conside
A relação entre ela e Asher não era algo que dava para explicar em poucas palavras... Os olhos frios de Sterling pousaram na mão de Clarice. — Por que está segurando o estômago? Está grávida? Clarice sentiu um calafrio percorrer o corpo, e imediatamente começou a suar. Sua voz saiu apressada, quase atropelada. — Minha barriga está incomodando, só isso! Eu estava só tocando o estômago. Nós sempre tomamos cuidado, sempre usamos proteção. Não tem como eu estar grávida! O tom ansioso dela soou mais como uma tentativa de disfarçar algo do que uma explicação convincente. Sterling franziu o cenho, formando uma ruga profunda entre as sobrancelhas. — É bom mesmo que você não esteja grávida. Caso contrário, vai se arrepender. Como Clarice havia dito, eles sempre tomavam precauções. Nas raras vezes em que, por impulso, acabavam esquecendo, ele fazia questão de que ela tomasse a pílula no dia seguinte. Então, se Clarice estivesse grávida, a pergunta que não saía de sua mente era: d
Clarice levantou a cabeça, assustada, e encontrou o olhar sombrio de Sterling. O rosto dele estava carregado, como uma tempestade prestes a desabar, repleto de uma raiva contida que fazia o ar ao redor pesar. Clarice respirou fundo, tentando manter a calma, e murmurou em tom quase suplicante. — Eu estou com fome. Podemos jantar primeiro? — Antes você não era assim. Agora, de repente, tudo mudou. É por causa do Asher? — Sterling estreitou os olhos, encarando-a como se quisesse arrancar a verdade à força. No passado, bastava ele querer, e Clarice cedia sem resistência. Na cama, a cumplicidade entre os dois era evidente. Mas, desde que ela mencionara o divórcio dias atrás, parecia estar sempre fugindo dele, evitando qualquer intimidade. Sterling não acreditava por um segundo que aquilo fosse coincidência. Ele tinha certeza: Clarice estava escondendo algo. Debaixo do olhar penetrante de Sterling, Clarice sentiu o couro cabeludo formigar. Como ela pôde esquecer o quanto ele era de
Clarice não estaria tentando seduzir Sterling? Isso seria inaceitável! — Hoje à noite tenho assuntos da empresa para resolver. Não tenho tempo. — Sterling respondeu secamente. — E se você trouxer os documentos para cá para trabalhar? Sterling, eu tenho medo de ficar sozinha... — Teresa falou, a voz embargada e os olhos começando a lacrimejar. — Falamos sobre isso mais tarde. Por enquanto, vá jantar. Estou desligando. — Sterling franziu as sobrancelhas. Teresa tinha o hábito de chorar por qualquer coisa, e isso frequentemente o irritava. Do outro lado da linha, Teresa apertou o celular com força, o rosto se contorcendo em uma expressão de raiva. “Clarice, aquela vadia! O que será que ela anda dizendo para Sterling para ele não querer vir me ver?” Nessa hora, a cuidadora entrou no quarto com uma bandeja de comida. Assim que viu a expressão de Teresa, ficou tão assustada que suas mãos tremeram. — Sra. Teresa... Antes que pudesse terminar a frase, Teresa pegou um copo d'á