Capítulo 01

Luísa Spark

— Você se sente melhor, Luisa? — William me fez essa pergunta sorrindo, seu abraço foi tão bom que, por um segundo, esqueci a tristeza que estava sentindo. Eu me recompus e respondi, limpando minhas lágrimas. 

— Claro, obrigada! Agradeço profundamente por ser um companheiro e ter me dado um apoio para desabafar.

— Que nada! Vi precisar, espero que esteja bem! — respondi olhando o relógio.

— Fique tranquilo, já acabou! Agradeço mais uma vez por tudo. Bem, tenho que ir agora, há muito serviço na administração me aguardando…

— Está certo! Te vejo por aí! Se precisar, sabe onde me encontrar. — balancei a cabeça concordando enquanto ele se afastava pelo corredor, eu, por minha vez, fui dar continuidade às obrigações diárias.

Após um longo dia de serviço, finalmente o meu turno havia terminado, mas não podia ir para casa. Devo cumprir com minhas responsabilidades. O único problema era permanecer longe do meu filho. Contudo, precisava compreender que as obrigações militares são primordiais para um oficial.

Sou grata por ter minha mãe por perto. Ela tem me auxiliado bastante nesse momento! Ela ficou ao meu lado quando meu pai tomou a decisão de cortar todos os laços possíveis, após descobrir que engravidara cedo. Ele me disse muitas coisas horríveis, afirmando que eu havia arruinado minha carreira no exército. Segundo ele, eu era burra por não ter tomado precauções para evitar a gravidez e sentia muito desgosto por investir em meu futuro, sabendo que havia jogado tudo fora. 

Mas, em nenhum momento, Arthur foi motivo de arrependimento. A única coisa que lamentava era ter Klaus como pai dele. Então, entrei no alojamento, peguei minha roupa de dormir e fui para o banheiro. Tomei um banho rápido e, ao voltar para o quarto… Novamente o vejo brigando com aquela funcionária devido ao motivo pelo qual eles se desentenderam pela manhã. 

Revirei os olhos e passei sem dar atenção a eles, como se não os tivesse visto. Ao perceber que nada fiz para ajudar naquela situação! Ele se aproxima correndo e segura em um de meus braços, dizendo.

— Por favor, espere, Luísa! Gostaria de conversar com você sobre o que aconteceu mais cedo. Acho que interpretou mal quando falei a respeito do exame de “DNA”.  — Sorri amargamente e respondi séria, lembrando-me das suas palavras de antes.

— Sinceramente! Não me importo com o que você fez ou disse Klaus, mas tenho que reconhecer que foi baixo da sua parte pensar que Arthur não era seu filho. Gostaria de poder voltar no tempo e escolher um pai melhor para o meu filho, e não um imbecil como você…

— Um dia eu te falo o motivo de ter feito isso, Luísa! Você não compreende, porque não está na minha posição. Laura está grávida, mas o filho não é meu. Tenho plena convicção disso! — apenas fiz uma careta, sem tolerância, e respondi, saindo dali.

— A respeito de você e aquela mulher! Não me importo em saber qualquer coisa. Sua obrigação é com nosso filho, não comigo, então não me meta mais nisso. 

— Só queria que você me compreendesse! — só poderia ser piada dele dizer isso, então respondi com uma gargalhada amarga.

— Você pensa mesmo? Após o que fez comigo? Será fácil te perdoar e aceitar de volta? Não me trate como se eu fosse uma tola, Klaus. O que você me fez está registrado na minha memória e não será esquecido tão cedo. Já lhe disse que tente em outra vida, pois, nessa, acredito que será bastante difícil uma reconciliação da minha parte… 

— Será mesmo? Você não me ama mais? Ah, esqueci que você está de olho no novato, o Capitão William, não é? Depois chama-me de sem-vergonha.

Klaus me olhava sério, com a mandíbula fechada, mal conseguindo esconder o ciúme que estava sentindo ao saber que outro cara me desejava e queria algo comigo. Então, acariciei meus cabelos, ri de maneira sarcástica e respondi com frieza.

— Você deveria se concentrar em sua própria vida, Tenente! Com quem fico não te diz respeito. Já disse que não tem o direito de exigir algo que não tem!

— Claro, eu não tenho, mas o capitão, certamente, tem, não é? Se dúvida ele já deve estar até dormindo com você no seu alojamento escondido, ou estou enganado? — não me contenho e acerto um, tapa com bastante força no rosto dele, que apenas me olha incrédulo pela minha ação e passa a mão no seu rosto o massageando e digo cheio de raiva.

— Não me compare com você… Que ficar se esfregando com essas soldadas pelos corredores desse quartel! Não tem nenhum tipo de escrúpulo, nem sei como ainda não foi denunciado pelo que conduz, você é um infeliz. Vou para o meu quarto porque, se você me dissesse qualquer coisa agora, seria capaz de te arrancar um dente da boca…

Ele apenas continua encarando-me, esfregando a bochecha. A marca que deixei em seu rosto com a minha mão é bem evidente por ele ser branco. Após permanecer em meu quarto, resolvi vestir minha farda e fui direto para o refeitório procurar algo para jantar. Sentei-me em um dos bancos, pensativa, saboreando minha sopa. Quando tive a sensação de que havia alguém por perto, virei-me para o lado e avistei o Capitão William.

— Boa noite, soldada Luísa! Esta sopa parece bem apetitosa, não concorda?

— Sim, está uma delícia! E claro boa noite!? Como foi seu dia hoje? — ele sorri enquanto molha o pão na sopa e responde antes de ingerir o alimento.

— Foi bastante exaustivo! Tive que resolver alguns problemas, mas nada que eu não pudesse lidar. 

— Ainda bem! Passei o dia todo ocupada com relatórios, às vezes os revisando, e fico me perguntando como ainda não enlouqueci de tanto ler? Ocupar o cargo que tenho não é uma tarefa simples. O salário é bom, mas o trabalho é muito…

Rir sozinha, mas logo William começou a rir junto comigo. Era estranho como me dava tão bem com ele; era um bom amigo e um ótimo ouvinte. Vi-o aproximar a mão da minha e acariciá-la, então observei que ele continuava sorrindo e se pronunciou.

— Gostaria de saber se, após o expediente na sexta-feira, você teria disponibilidade para um encontro? — apenas lhe observei, enquanto passava a mão nos cabelos. Notei que meu rosto estava ruborizado e respondi.

— Não tenho certeza! Se posso ir, sabe que não tenho tempo para essas coisas. Preciso cuidar do meu filho, Capitão!

— É claro que entendo Luísa perfeitamente! Você pode levá-lo, que tal se fizermos um passeio no '‘shopping’? — olhei para ele sem saber o que responder, mas não tive tempo, afinal, fomos interrompidos por Klaus.

— Não vou permitir que você leve meu filho para nenhum lugar com esse cara. Tenha plena consciência disso! Não permitirei isso… 

— Desde quando preciso de sua permissão para sair com meu filho, Klaus? Pois, agora que tenho insistência em ir, capitão pode me buscar às nove horas exatas. Arthur e eu estaremos te esperando! — Klaus fitou-me com ódio e disse!

— Estou dizendo que você não levará meu filho para sair com esse homem, está claro?

— Não sou surda, mas não preciso obedecê-lo ou pedir permissão para nada! Você é pai de Arthur, mas não manda em mim nem diz o que devo fazer. Fica de olho no seu futuro bebê dentro da barriga da Laura que está a caminho… Agora vá embora da minha mesa, dê meia volta, pois está atraindo a atenção das pessoas que estão por perto.

— Veremos se você levará meu filho para sair com esse sujeito! — Sou o pai dele… — Klaus parecia estar testando a minha paciência e respondi, levantando-me e o encarando seriamente.e.

— Já disse para você se afastar da minha mesa! Não repetirei. Nem preciso pedir autorização para nada, como você e o pai. Sou a mãe e vou com a Arthur onde eu quiser.

— Você só quer sair com ele para me provocar! E, para completar, usando meu filho. Você é baixa mesmo… — eu não conseguia entender qual era dele? Mas não concordaria em ser tratada de maneira tão baixa e respondi.

— Em que sentido? Ainda não compreendeu que desejo manter certa distância de você. A partir de agora, quero apenas esquecer que me relacionei com um sujeito como você e perdi o tempo valioso da minha existência.

— Traste mais bem que você se aproveitou lá atrás né? Agora tá cuspindo no prato que comeu sua ingrata! — passei a mão no meu rosto tentando me conter, pois estava perdendo a paciência, então apenas respondi.

— Você quer saber? Vai se foder… Essa discussão não faz sentido! Voltarei a me sentar e consumir minha refeição se quiser brigar com o vento.

Ele apenas permaneceu me olhando sério, então vi Cortez se aproximando e colocando a mão em seu ombro, puxando-o para o lado. Os dois foram para outra mesa, o que achei perfeito. Ainda preciso fazer uma visita a minha amiga Helena, que teve seus bebês recentemente. Cortez parece cansado, e cuidar de um só já é difícil! Agora, pense em três.

Continuei conversando com o capitão e combinamos de pegar um cinema no ‘shopping’, ele parecia bem animado. Revirei os olhos e ignorei Klaus quando ele estava com Cortez, não vou admitir que me proíba de coisas! Quando não tinha o direito de cobrar nada, apenas respirei fundo e pensei.

“ Você é um capítulo fechado na minha vida, Tenente!”

 

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