O dia estava claro, com o sol brilhando forte no céu, e o calor do verão era suavizado pela brisa suave que se infiltrava pelas ruas da pequena cidade. Helena sentiu uma sensação de paz ao caminhar pelas ruas tranquilas, mas sua mente ainda estava distante, dividida entre o passado e o que estava começando a surgir em seu coração.Miguel a convidara para um passeio pela cidade. A ideia parecia simples, mas Helena sabia que esse encontro, mesmo sem grandes promessas, era uma oportunidade para ela descobrir mais sobre o misterioso arquiteto que havia entrado em sua vida de uma maneira inesperada.Ao chegar na praça central, Miguel a aguardava, com seu sorriso amigável e o olhar atento. Ele estava vestido de maneira simples, mas elegante, com uma camisa de linho clara e calças escuras. Seus olhos, sempre intensos, estavam focados nela, mas havia algo mais, uma curiosidade misturada com uma suavidade que ela não havia visto antes.— Helena, que bom que conseguiu vir. Eu sabia que você iri
A manhã seguinte chegou com uma sensação de desconforto para Helena. Ela estava de volta à sua rotina, ao trabalho no ateliê, mas sua mente estava longe dali, perdida nas lembranças do passeio pela cidade com Miguel. O que antes parecia ser apenas um passeio inocente se transformou em algo mais. Algo que ela não sabia se estava pronta para enfrentar.Nos dias seguintes, ela tentou se manter ocupada, mas as dúvidas sobre os sentimentos que começavam a florescer em seu coração a perseguiam. Era como se sua alma estivesse dividida entre dois mundos: o passado que ainda a assombrava e o futuro, cheio de promessas que ela não sabia se merecia.Helena sabia que seu casamento fracassado ainda a afetava profundamente. O ex-marido, Ricardo, havia sido uma grande parte de sua vida. As mentiras, os erros e o abandono emocional deixaram cicatrizes que demorariam a cicatrizar. Mesmo com as tentativas de seguir em frente, a dor ainda se fazia presente. Ela ainda se sentia culpada, como se de alguma
Helena acordou cedo no dia seguinte, o coração acelerado. O compromisso com Miguel parecia ser o único ponto de calma em meio ao turbilhão de pensamentos e emoções que a consumiam. Ela ainda não sabia o que esperar desse encontro, mas algo em sua intuição dizia que, de alguma forma, as coisas estariam diferentes. Afinal, ela estava prestes a ir contra os próprios medos e inseguranças.Ela se preparou com cuidado, escolhendo uma blusa simples, mas elegante, que a fizesse se sentir confortável, mas também confiante. Quando se olhou no espelho, percebeu que, apesar de ainda carregar vestígios da dor, havia algo mais em seus olhos, uma chama sutil de esperança. Era como se o convite de Miguel para o almoço tivesse acendido uma pequena luz em seu interior, uma luz que ela acreditava ter se apagado com o fim de seu casamento.No restaurante, Miguel a esperava com um sorriso caloroso. Ele estava mais casual do que o normal, com uma camisa azul claro e jeans, mas a maneira como o olhar dele a
Helena fechou a porta do ateliê com mais força do que pretendia. Seu coração ainda pulsava acelerado, e seus lábios pareciam queimar com a lembrança do beijo de Miguel. Ela levou as mãos ao rosto, tentando organizar os próprios sentimentos, mas tudo parecia uma tempestade descontrolada dentro dela.Ela não podia ter permitido aquele beijo. Não depois de tudo que viveu, não depois de tudo que passou com Ricardo. Ainda sentia as cicatrizes invisíveis deixadas pelo casamento fracassado, e, por mais que tentasse negar, uma parte dela ainda tinha medo de se envolver novamente."Foi só um impulso, nada mais." Ela tentou se convencer enquanto caminhava para a pequena cozinha no fundo do ateliê e enchia um copo d’água. Mas a verdade era que não havia sido apenas um impulso. Havia desejo, havia uma conexão. Algo nela reagia a Miguel de um jeito que a assustava.Ela sentou-se em uma cadeira, encarando a parede à sua frente. O ateliê, que antes era seu refúgio, agora parecia pequeno demais para
Os dias se passaram em um ritmo monótono, mas dentro de Helena tudo estava um verdadeiro caos. Desde que decidiu se afastar de Miguel, tentava se convencer de que era o melhor a fazer. Ainda assim, cada vez que o via pela cidade ou escutava alguém mencioná-lo, seu coração reagia como se estivesse sendo puxado em sua direção.Ela se obrigava a manter o foco no ateliê, em sua nova vida, em tudo o que construiu desde que deixou o passado para trás. Mas, ironicamente, o passado sempre encontrava um jeito de voltar.E naquela tarde, ele voltou.Um Fantasma do PassadoHelena estava organizando algumas telas quando ouviu a sineta da porta tocar. Ela se virou com um sorriso automático, pronta para atender um possível cliente, mas seu corpo congelou ao reconhecer a figura parada ali.Ricardo.Seu ex-marido estava ali, na sua frente, como se o tempo tivesse voltado. O choque foi imediato. Ele parecia quase o mesmo – alto, elegante, usando um terno impecável que combinava com sua postura confian
Helena sentia como se estivesse presa entre duas versões de si mesma: a mulher que havia se libertado de um casamento fracassado e a mulher que, de repente, se via cara a cara com seu passado. Desde que Ricardo reapareceu, sua mente não teve um momento de paz.Ela tentou agir como se nada estivesse acontecendo, continuando sua rotina no ateliê, mas cada pincelada era interrompida por pensamentos conflitantes. Será que Ricardo realmente havia mudado? Será que ela deveria ao menos considerar dar-lhe uma chance?Mas, acima de tudo, uma pergunta a atormentava: por que seu coração não reagia da mesma forma quando pensava nele e quando pensava em Miguel?O Encontro com MiguelO destino, no entanto, parecia decidido a testá-la.Naquela tarde, enquanto caminhava pela praça central para clarear a mente, Helena avistou Miguel saindo de uma cafeteria. Ele parecia distraído, mexendo no celular, mas quando levantou o olhar e a viu, seu rosto se fechou.Ela hesitou por um momento, mas depois respir
O frio da noite parecia se intensificar à medida que Helena caminhava pelas ruas da pequena cidade. Seu coração estava inquieto, como se carregasse um peso invisível. O jantar com Ricardo havia despertado sentimentos que ela julgava enterrados, mas também a fez perceber que sua vida não poderia girar em torno do passado. A conversa com Miguel também não saía de sua cabeça. O jeito como ele a olhou, a expressão ferida e ao mesmo tempo cheia de expectativa... Ela sentia que estava prestes a perder algo importante, mas ainda não sabia o que fazer para impedir isso. Ela precisava de tempo. Uma Manhã de Reflexões Na manhã seguinte, Helena acordou decidida. Se quisesse tomar a melhor decisão, precisaria se afastar de tudo e todos, ao menos por um tempo. Levantou-se, tomou um banho demorado e preparou um café forte. Sentou-se à mesa da cozinha, olhando para o celular. Sua mente estava tomada por pensamentos contraditórios. Ricardo representava segurança, um amor que ela já conhecia, ma
O tempo tem uma maneira cruel de nos lembrar do que perdemos. Para Helena, cada dia sem notícias de Miguel parecia mais longo, mais pesado, mais sufocante. Desde aquela última conversa, o silêncio entre eles se tornou um abismo, e ela temia que fosse impossível atravessá-lo.Ela havia pedido tempo, mas agora se perguntava se não havia esperado demais.---O Peso do SilêncioNaquela manhã, Helena tentou se ocupar com os afazeres do ateliê. O cheiro da tinta fresca se misturava ao aroma do café que ela havia feito, mas nada parecia trazer conforto.Ela organizava alguns pincéis quando ouviu a porta abrir. Seu coração acelerou por um instante, mas quando se virou, viu que era apenas Dona Estela.— Bom dia, querida — disse a senhora, entrando com seu sorriso caloroso.— Bom dia, Dona Estela — respondeu Helena, tentando parecer animada.Mas a mulher mais velha a conhecia bem demais.— Você está com essa expressão há dias. Posso saber o que está acontecendo?Helena hesitou. Contar ou não co