Helena sentia como se estivesse presa entre duas versões de si mesma: a mulher que havia se libertado de um casamento fracassado e a mulher que, de repente, se via cara a cara com seu passado. Desde que Ricardo reapareceu, sua mente não teve um momento de paz.Ela tentou agir como se nada estivesse acontecendo, continuando sua rotina no ateliê, mas cada pincelada era interrompida por pensamentos conflitantes. Será que Ricardo realmente havia mudado? Será que ela deveria ao menos considerar dar-lhe uma chance?Mas, acima de tudo, uma pergunta a atormentava: por que seu coração não reagia da mesma forma quando pensava nele e quando pensava em Miguel?O Encontro com MiguelO destino, no entanto, parecia decidido a testá-la.Naquela tarde, enquanto caminhava pela praça central para clarear a mente, Helena avistou Miguel saindo de uma cafeteria. Ele parecia distraído, mexendo no celular, mas quando levantou o olhar e a viu, seu rosto se fechou.Ela hesitou por um momento, mas depois respir
O frio da noite parecia se intensificar à medida que Helena caminhava pelas ruas da pequena cidade. Seu coração estava inquieto, como se carregasse um peso invisível. O jantar com Ricardo havia despertado sentimentos que ela julgava enterrados, mas também a fez perceber que sua vida não poderia girar em torno do passado. A conversa com Miguel também não saía de sua cabeça. O jeito como ele a olhou, a expressão ferida e ao mesmo tempo cheia de expectativa... Ela sentia que estava prestes a perder algo importante, mas ainda não sabia o que fazer para impedir isso. Ela precisava de tempo. Uma Manhã de Reflexões Na manhã seguinte, Helena acordou decidida. Se quisesse tomar a melhor decisão, precisaria se afastar de tudo e todos, ao menos por um tempo. Levantou-se, tomou um banho demorado e preparou um café forte. Sentou-se à mesa da cozinha, olhando para o celular. Sua mente estava tomada por pensamentos contraditórios. Ricardo representava segurança, um amor que ela já conhecia, ma
O tempo tem uma maneira cruel de nos lembrar do que perdemos. Para Helena, cada dia sem notícias de Miguel parecia mais longo, mais pesado, mais sufocante. Desde aquela última conversa, o silêncio entre eles se tornou um abismo, e ela temia que fosse impossível atravessá-lo.Ela havia pedido tempo, mas agora se perguntava se não havia esperado demais.---O Peso do SilêncioNaquela manhã, Helena tentou se ocupar com os afazeres do ateliê. O cheiro da tinta fresca se misturava ao aroma do café que ela havia feito, mas nada parecia trazer conforto.Ela organizava alguns pincéis quando ouviu a porta abrir. Seu coração acelerou por um instante, mas quando se virou, viu que era apenas Dona Estela.— Bom dia, querida — disse a senhora, entrando com seu sorriso caloroso.— Bom dia, Dona Estela — respondeu Helena, tentando parecer animada.Mas a mulher mais velha a conhecia bem demais.— Você está com essa expressão há dias. Posso saber o que está acontecendo?Helena hesitou. Contar ou não co
O sol da manhã entrava pelas cortinas finas do ateliê, iluminando as telas espalhadas pela sala. Mas para Helena, a luz parecia mais fria do que calorosa. Ela tentava se concentrar nas cores que precisava misturar, mas seu olhar se desviava constantemente para a janela. O vazio que sentia dentro de si só se aprofundava a cada pensamento que passava por sua mente. Miguel... seu nome parecia ecoar em sua mente, e tudo o que ela conseguia lembrar eram os momentos felizes que passaram juntos.Helena sabia que precisava seguir em frente. A dor que ela sentia pela distância de Miguel já começava a se transformar em algo quase insuportável. E, ao mesmo tempo, ela ainda se perguntava se estava fazendo a coisa certa, se sua decisão de pedir tempo havia sido correta. Cada momento sem ele parecia mais longo, mais pesado, e ela não sabia mais se conseguiria lidar com esse silêncio.O ateliê estava silencioso, exceto pelo som suave de um pincel tocando a tela. Helena olhou para a pintura inacabada
A manhã estava cinza, com uma leve garoa que transformava o mundo ao redor de Helena em algo suave, quase etéreo. Ela se encontrava no mesmo ateliê, cercada pelas suas pinturas inacabadas, mas, desta vez, o clima estava diferente. O vazio que ela carregava consigo parecia, de alguma forma, ter diminuído um pouco. Algo novo estava surgindo dentro dela, uma sensação de que o futuro, que antes parecia nebuloso e cheio de dúvidas, agora era uma tela em branco, pronta para ser preenchida com novas cores.O celular vibrava em sua mesa de trabalho. Um som simples, mas que parecia fazer seu coração acelerar. Ela hesitou por um instante, mas logo pegou o aparelho com as mãos trêmulas, como se fosse a coisa mais importante que ela faria naquele momento.A mensagem era de Miguel.Miguel: “Helena, recebi sua mensagem. Eu também tenho muito o que dizer. Talvez não seja a melhor hora, mas sinto que não posso deixar mais tempo passar. Vamos nos encontrar e conversar?”O simples fato de ele ter respo
O sol da manhã brilhou forte, iluminando o apartamento de Helena com uma luz dourada. No entanto, dentro dela, a luz ainda parecia distante, como uma estrela apagada no céu. Ela havia tido noites turbulentas após o encontro com Miguel. A conversa fora importante, mas ao mesmo tempo, cheia de dúvidas. A promessa de recomeço pairava sobre ela como uma nuvem, e agora Helena estava diante de um grande dilema: seguir em frente com Miguel ou continuar a sua vida, completamente sozinha, se distanciando ainda mais de tudo o que conhecia?Helena sentou-se à sua mesa de trabalho, observando suas pinturas e o silêncio ao redor. Ela sempre se refugiou na arte, usando suas telas para processar o que acontecia dentro dela, para traduzir suas emoções em formas e cores. Mas agora, sentia que nem mesmo a arte poderia lhe dar as respostas que tanto procurava.O telefone vibrou mais uma vez. Era uma mensagem de Miguel, algo que ela temia e desejava ao mesmo tempo.Miguel: "Helena, tenho pensado muito so
O som do vento suave contra as janelas do apartamento de Helena era a única coisa que quebrava o silêncio daquela manhã. Ela se encontrava em um lugar de paz, mas sabia que, em seu interior, ainda havia uma tempestade que estava se acalmando aos poucos. As últimas semanas haviam sido um turbilhão de emoções. Depois do encontro com Miguel, depois de tanto refletir e reavaliar sua vida, Helena sentia que estava em um ponto de virada. Não apenas em relação ao relacionamento com Miguel, mas também em relação a quem ela era e ao que realmente queria.Ela se olhou no espelho. A mulher refletida era diferente daquela que olhava com insegurança para o futuro meses atrás. Agora, ela via alguém mais forte, mais consciente de suas escolhas e pronta para seguir em frente, independentemente dos obstáculos.O telefone vibrou em sua mesa. Era uma mensagem de Miguel, a mais recente de uma série de mensagens carinhosas que ele sempre enviava para lembrá-la de que estava ali. Ela sorriu ao ler as palav
A brisa da manhã entrou pela janela aberta do apartamento de Helena, balançando suavemente as cortinas. O aroma fresco de café recém-preparado invadia o ar. Era um novo dia, e apesar de toda a paz que ela sentia por dentro, havia algo pesando em seu coração. Helena sabia que estava diante de uma das escolhas mais difíceis de sua vida.A relação com Miguel estava florescendo, mas ao mesmo tempo, ela sentia que ainda precisava de espaço para crescer sozinha. A decisão estava diante dela: como equilibrar o amor por Miguel com o autoconhecimento que ela vinha buscando? Ela sabia que Miguel era uma parte importante de sua vida, mas também sabia que sua jornada de autodescoberta não poderia ser interrompida.O dilema a consumia. Por mais que amasse Miguel e sentisse sua presença reconfortante, ela sabia que ainda precisava cuidar de si mesma. Queria seguir em frente, desenvolver sua arte, expandir suas possibilidades. A pergunta que ecoava em sua mente era simples, mas cheia de complexidade