Pleúzio Bullack havia recebido a informação de que uma grande festa de negócios com bebidas aconteceria naquela noite, e que Pitter estaria presente.Para garantir uma oportunidade, ele chegou cedo e fez preparativos especiais. No entanto, como já esperava, Pitter rejeitou todas as suas propostas sem pestanejar.Nem mesmo o inestimável pergaminho de caligrafia antiga, que Pleúzio adquirira por meios nada fáceis, foi capaz de atrair seu interesse. Como último recurso, ele trouxe uma jovem deslumbrante, fresca e inocente, insinuando que poderia oferecê-la a ele. Mas a expressão de Pitter permaneceu inalterada, como se estivesse olhando para um simples prato de vegetais.Quando Pleúzio já começava a perder a paciência, finalmente recebeu a ligação que tanto aguardava.— Olá, por que demoraram tanto? Já conseguiram?— Sim, já fizemos. Estamos a caminho!— Rápido! Tragam-na em dez minutos! O quarto é o 808, não se confundam!— Fique tranquilo! Nós a entregaremos na hora exata! Essa garota
No instante seguinte, Pitter estendeu a mão e abriu a porta com rapidez. Assim que seus olhos pousaram na cena à sua frente, ele parou, imóvel, sem expressão.O ar se encheu de uma frieza sufocante. Seu olhar cortante como lâminas se voltou para Pietro, que estava ao lado, observando-o nervoso.— Você olhou? — a voz de Pitter soou gélida e ameaçadora.Pietro, acuado, se encostou na porta e levantou as mãos em um gesto de rendição.— Se eu não tivesse olhado, como saberia que era a Amara? — murmurou, com a voz quase falhando. — Você não vai ficar com ciúmes por causa disso também, vai? Nem consegui ver nada direito com essas pétalas e o tecido cobrindo-a! Além disso, se não fosse pela minha curiosidade, quem sabe o que teria acontecido com ela esta noite? Olhando bem, meus méritos superam meus erros! Além do pequeno Théo, onde você vai encontrar um assistente tão eficiente quanto eu?A resposta de Pitter foi curta e cortante:— Saia.— Sim, senhor. Obrigado por sua magnanimidade! — Pie
— O que foi? — Pitter perguntou, seu tom atento.— Aquele pedaço de tecido que cobria meus olhos… — Amara murmurou, hesitante. — Você poderia me ajudar a colocá-lo de volta?Um breve espanto cruzou o rosto de Pitter.— Por quê?Amara suspirou, resignada.— Longe da vista, longe do coração.Embora as palavras dela fossem enigmáticas, Pitter compreendeu imediatamente. Ele tossiu levemente antes de pegar a tira de renda caída no chão. Com delicadeza, cobriu os olhos dela novamente e a amarrou em torno de sua cabeça.No instante em que Pitter se aproximou, um calor perigoso se espalhou pelo corpo de Amara. Um alerta vermelho soou em sua mente, e ela, desesperada, repetiu para si mesma:"O vazio é forma, a forma é vazio."Somente quando ele recuou e sua visão foi coberta, a inquietação dentro de si começou a diminuir.Se tivesse sido alguém repugnante e vulgar como Pleúzio Bullack, ela não teria se importado tanto. Mas não… Precisava ser Pitter. Ele era o catalisador perfeito para intensif
Depois de colocar o remédio sobre a mesa, Pitter estava prestes a bater na porta para perguntar se Amara havia terminado quando, de repente, a porta do banheiro foi aberta com força.Enrolada em uma toalha de banho enorme, Amara saiu apressada, parecendo um pequeno animal assustado.— Cuidado! — Pitter avançou rápido para segurá-la, temendo que ela tropeçasse e caísse.Amara suspirou profundamente, encarando-o com seriedade.— Quem precisa tomar cuidado aqui não sou eu, e sim você, Pitter! — disse, dramática.— O que quer dizer com isso? — Ele franziu a testa, confuso.— Você precisa se manter longe de mim! Depois de ficar de molho por um tempo, recuperei quase todas as minhas forças, mas ainda sinto um vulcão prestes a entrar em erupção dentro de mim! — Amara gesticulava exageradamente, como se tentasse convencê-lo de um perigo real. — Se eu sucumbir aos meus instintos bestiais, as consequências serão sérias! Eu te aviso: quando perco o controle, até eu fico com medo de mim mesma…Pi
"Como não conseguiram voltar para a cidade a tempo, minha mãe biológica foi levada para o único hospital de Campina do Sol. Naquela mesma noite, outra mulher grávida também deu entrada..."Pitter ouviu atentamente, já imaginando qual seria o desfecho daquela história. Ainda assim, perguntou:"O que aconteceu depois?"Amara deu de ombros, o tom despreocupado mascarando a gravidade da situação:"Foi um verdadeiro desastre! O hospital era pequeno, mal administrado e contava com poucos funcionários. No meio da confusão, as duas meninas recém-nascidas foram trocadas… e esse erro só foi descoberto 18 anos depois! Você sabia que Melissa tem o mesmo tipo sanguíneo que eu? Isso fez com que o engano passasse despercebido por todo esse tempo.""Como descobriram a troca?"Amara abriu um sorriso irônico e lançou um olhar brincalhão para Pitter:"Ah, isso eu devo ao meu tio desajustado!""Mitter Leds?" Pitter perguntou, recordando-se vagamente do nome. Ele conhecia apenas o essencial sobre aquele h
“O quê?” Amara inclinou a cabeça, confusa.Era porque ele gostava dela que achava tudo o que ela fazia fofo?Pitter não resistiu e acariciou sua cabeça novamente, um gesto leve e quase inconsciente. “Você gosta de diamantes?”“Ah?” Amara não esperava uma pergunta tão aleatória. “Por que pergunta?”“Hoje é seu aniversário”, ele explicou com sua expressão habitual, sempre calma. “Théo preparou um presente para você, e parece que tem algo a ver com diamantes. Fiquei preocupado que você não gostasse, então estou perguntando em nome dele.”“Então é isso…” Amara coçou a cabeça, assimilando a informação. Depois de um momento, disse: “Bom… acho que não existe uma única mulher que não goste de diamantes, certo? Mas é só meu aniversário, não acho certo ele me dar algo tão caro. Ele ainda é uma criança… Eu não poderia aceitar. Seria muito melhor se ele fizesse algo artesanal!”Como se fosse apenas um comentário despretensioso, Pitter acrescentou: “Não é algo muito caro. O diamante que você receb
"Amara, o que devo fazer…?""Eu não sou tão bom quanto você pensa.""Às vezes, fico realmente assustado quando você me olha com tanta confiança.""E se chegar o dia em que você descobrir que eu não sou como imagina... Você vai me deixar então?"***Era por volta das cinco da manhã quando Pitter foi despertado pelo insistente som da campainha.Ainda atordoado pelo sono, ele abriu a porta e encontrou Pietro do lado de fora, visivelmente aflito.— Mano, não me repreenda ainda! — Pietro exclamou, desesperado. — Dessa vez é sério! Se você não for para casa agora, Théo vai destruir tudo!— O quê? — A expressão de Pitter mudou imediatamente.— Tentaram te ligar, tentaram falar com Amara, mas ninguém conseguiu contato. Então, só restou a mim!Antes que Pitter pudesse responder, uma voz feminina soou atrás dele:— O que aconteceu com Théo?Amara, ainda sonolenta, havia acabado de acordar com o alvoroço. No instante seguinte, sua expressão ficou séria.— Eu vou agora mesmo!Sem hesitar, pegou s
Ao ver a garota estender os braços para ele pela primeira vez, um lampejo de emoção cruzou o olhar frio de Pitter.— AHHH! Eles estão vindo! Pitter, depressa! — Amara se jogou sobre ele em um gesto confuso e apressado.Como esperado, assim que se agarrou a Pitter, os robôs recuaram e não ousaram tocá-la.Que mágico!O corpo quente, macio e perfumado de Amara se colou ao dele de repente, e Pitter teve um instante de distração antes de reagir. Com um movimento firme, segurou-a pela cintura e começou a subir as escadas em espiral, passo a passo.Provavelmente, era a primeira vez que Amara estava tão perto dele enquanto estava sóbria e completamente consciente.Ele desejou, por um breve momento, que aquela caminhada nunca terminasse…Se Pietro soubesse no que seu irmão estava pensando agora… Ah…Os robôs os seguiram escada acima, mantendo uma certa distância.Para se equilibrar, Amara envolveu os braços ao redor do pescoço de Pitter. O cheiro frio e levemente amadeirado dele a envolveu. O