— Irmão! É melhor você me contar honestamente — foi você quem ensinou esse truque ao Théo? Você planejou tudo desde o começo, só esperando o momento certo? Nossa! Já que tudo foi arquitetado com antecedência, podia ter me avisado! Eu estava morrendo de medo antes! — disse Pietro, enxugando o suor da testa, aliviado.Pitter olhou calmamente para o irmão, que ainda parecia assustado, e explicou:— O seu rosto teria entregado tudo. Se o pai percebesse que Théo foi instruído, isso só teria piorado a opinião que ele já tem sobre Amara.— Uhh... meu rosto é tão expressivo assim? — Pietro perguntou, surpreso.O irmão tinha razão, ele não tinha nenhum argumento de defesa...No entanto, assim que o clima tenso passou, Pietro rapidamente retomou sua energia habitual e riu animado:— Mano, você viu a cara dos nossos pais mais cedo? Foi hilário! O velho estava radiante, mas tentou parecer indiferente. E a mãe? Puxou Amara direto para dentro de casa. A cara dela estava impagável!Ele se lembrou da
O que aconteceu poderia parecer corriqueiro, mas o fato de Théo ter passado o dia inteiro fora, acompanhando Amara de maneira tão obediente, era algo extraordinário. Nenhuma outra pessoa havia conseguido isso, nem mesmo o doutor da família, nem o psicólogo de Théo há anos.Durante muito tempo, todos acreditaram que Théo havia atingido seu limite, sendo capaz apenas de se comunicar com palavras simples. Mas os dois beijos espontâneos que ele deu hoje foram uma revelação surpreendente.Havia esperança para sua recuperação. Talvez um dia ele voltasse a ser uma criança comum, risonha, capaz de criar laços afetivos profundos com sua família. Talvez um dia ele falasse novamente...A chave para tudo isso parecia ser justamente aquela mulher que, no início, todos temiam que pudesse machucá-lo: Amara.Desde o início, tanto Madalena Kléo quanto o ancião mestre, os pais de Pitter, foram fortemente contra essa aproximação. Isso contribuiu para a delicada situação atual.O velho Riddel observava o
Quando Amara estava prestes a sair, Madalena Kléo percebeu que o velho ancião permanecia em silêncio, com uma expressão fria no rosto.Pitter se levantou e caminhou até Théo, pegando-o no colo e levando-o até Amara:— Vá acompanhar a tia Amara até a saída.Théo assentiu com a cabeça e segurou a mão de Amara.Ela lançou um olhar de gratidão a Pitter e, com seu coque levemente desfeito, saiu em direção ao pátio.O velho ancião fez menção de se levantar, mas Madalena Kléo o impediu com um gesto delicado. Ela balançou a cabeça e murmurou:— Deixe-os... Ele só está se despedindo dela.A expressão dele ainda era infeliz, mas ele cedeu, mesmo contrariado.Amara e Théo seguiram juntos por um curto caminho de seixos verdes, que levava cerca de dez minutos até o portão do pátio. Durante o trajeto, Amara buscava palavras que pudessem confortar o pequeno garoto, mas nada lhe parecia suficiente.Théo caminhava com o rosto abaixado, recusando-se a erguer os olhos.Após algum tempo, ele pegou seu qu
Ao mesmo tempo, na mansão da família Riddel, no Diamantina Palace.Amara estava parada à porta, conversando com a empregada Bela, suplicando com um sorriso desconcertado nos lábios.— Minha querida e doce bela, por favor, deixe-me entrar! Eu juro que vou embora assim que pegar minha bagagem! — implorou Amara, juntando as palmas das mãos, num gesto de súplica.Mais cedo, ao sair da antiga residência, ela pensou em aproveitar a folga de meio dia que conseguira com a equipe do teatro para buscar os pertences que havia deixado no residencial do CEO Pitter.Três meses não pareciam muito, mas, sem perceber, ela acabara levando quase tudo para aquele lugar. Durante esse tempo, sempre que precisava de algo com urgência, mas não podia vir buscá-lo, a frustração era grande.Claro, havia um motivo ainda mais importante: ela sabia que o grande gênio, Pitter, estaria na antiga residência — e não na segunda casa, o residencial. Então, aproveitou a chance para vir discretamente até ali.O que não es
Os olhos de Amara encontraram os olhos escuros e intensos do homem diante dela. Ela parou, hesitante, o medo e a incerteza travando seus passos, como se algo invisível a impedisse de se aproximar.Pitter acendeu um cigarro com movimentos calculados e se recostou à porta, relaxando o corpo aos poucos. O gesto, ainda que contido, fez com que o clima ali suavizasse um pouco. Só então Amara sentiu coragem suficiente para avançar alguns passos.Mas o que ela fez foi o oposto. Passou por Pitter com uma velocidade impressionante — “swoosh” — deixando para trás apenas sua sombra, como se fosse uma mestra de artes marciais num drama de ação.No centro do quarto, Amara permaneceu parada por um instante, atônita.Nada ali havia mudado.Revistas de moda estavam espalhadas sobre a cama de maneira caótica, o tapete de ioga ainda enrolado, largado de lado, o lápis de sobrancelha que ela deixara cair dias atrás permanecia no mesmo lugar, com a ponta quebrada posicionada exatamente como antes…A cena
Amara ficou atordoada, olhando para a outra metade da algema presa no pulso de Pitter.Ao observar as algemas cor-de-rosa, ela explodiu em fúria:— Pitter, você passou dos limites! Como ousa usar uma coisa tão nojenta?Ele ergueu as sobrancelhas, levemente provocador:— Tem certeza de que isso é meu?— E seria de quem, se não seu? — rebateu, ainda mais irritada. — Não poderia ser meu, poderia?Mas, naquele instante, ela sentiu algo estranho.Havia uma familiaridade incômoda naquelas algemas...— Ugh... Por que isso parece com... com aquelas algemas que comprei por nove dólares e noventa na loja de brinquedos sexuais da vila? Aquelas que comprei para assustar o Lenno Bráz?!Ela franziu a testa, tentando lembrar onde tinha deixado aquilo. Nem havia pensado nelas antes de sair de casa mais cedo. Agora, estava completamente encurralada — não havia para onde fugir. Algemada com ele, não tinha escolha.Ao ver que se algemara intencionalmente à garota e notando a expressão impaciente dela, P
— Tudo bem... Entendido. — disse Amara, encerrando a ligação com um leve sorriso amargo nos lábios.Ela sabia que não deveria ter ligado para ninguém ligado à família Riddel. Ótimo. Agora seria praticamente impossível ir embora.Assim como o doutor havia previsto, Pitter caiu em sono profundo e permaneceu inconsciente do amanhecer até o anoitecer...Durante esse tempo, Pietro apareceu algumas vezes, em silêncio, apenas para espiar. Pelo menos tinha um pouco de consciência — trouxe refeições para Amara em várias ocasiões, evitando que ela desfalecesse de fome enquanto velava o "belo adormecido".Na manhã seguinte, Pitter finalmente acordou.Amara, que estava mergulhada em seus próprios pensamentos, sentiu um leve movimento atrás de si. Ela se virou, suave:— Você acordou...Ainda meio atordoado, com os olhos pesados pelo sono, Pitter a olhou fixamente antes de perguntar com estranheza:— Por que você ainda está aqui?Se ela realmente quisesse ir embora, ele sabia que as algemas não ser
— Hah... é o Pitter, não é? — a voz do homem soou como uma provocação.Amara ficou rígida ao ouvir o nome de Pitter.— Se você ousar fazer qualquer coisa com ele... eu juro que não vou deixar você sair impune!— E não te preocupa que ele possa me machucar? — ele rebateu, com um sorriso que não escondia a ameaça velada.— Ele não vai. — Ela respondeu firme.Pelo menos, ainda confiava em Pitter. Mas não podia dizer o mesmo daquele sujeito de mente distorcida. Além disso, Pitter nem sequer sabia quem ele realmente era.— Tsc... você é mesmo sem coração... — ele comentou, embora a postura relaxada não enganasse Amara. Por trás daquele tom casual, havia raiva contida.Amara respirou fundo, tentando manter a calma.— Em primeiro lugar, não tenho nada com você. Em segundo, também não tenho nada com Pitter. Já disse e vou repetir: eu não vou ficar com ninguém.— Querida... a questão é que você está apaixonada por ele.— EU...Maldito. Como ele podia saber tanto, mesmo a centenas de quilômetro