Assim que Olíe sentiu que a filha tinha corrido para longe ela soltou a mãe de Jordan, não queria um conflito, não podia lidar com um, travou o maxilar com nojo e desceu a mão do marido até seus seios.— Quer um show para os seus amigos?O boxeador olhou para baixo, ela o olhava daquela forma, a mesma que o fez escolher Jane para a festa em que ela o abraçou chorando e implorando por perdão.Lembrou dessa menina e não da garota de programa que o encantou no palco da casa 64.— Eu não sou o seu Thor, Jane.Olívia não aguentou, o sorriso sedutor se desfez lentamente, mesmo que ela tentasse, ainda que lutasse para controlar o nó que se formou em sua garganta, não conseguiu.Foi chorando que ela respondeu ao marido.— Por que está fazendo isso comigo? O que eu te fiz?— Desculpa, Jane.Olhou para os convidados e gritou que a festa tinha acabado, levou a esposa para o próprio quarto, queria conversar, mas longe de Zuri. Detestava a garotinha, a achava mimada, intrometida e extremamente des
Olhou meio sem entender que tipo de presente era aquele. - Um carro? Ela perguntou incrédula, Jordan parecia ser inteligente e aquele presente não combinava com isso. - Não é um carro! Jane suspirou aliviada, quase se achou ridícula por pensar em uma besteira tão grande. Ele conhecia a história dela, a única vez que foi ao cinema sem precisar pagar com sexo foi quando assistiu um filme romântico com Nick. Nunca aprendeu a dirigir, não tinha habilitação, aliás até o nome que agora estava em sua identidade era falso. - Desculpa, eu - É simplesmente o SUV mais luxuoso e caro do mundo! Vai ser conhecida por todos como a senhora King! Olivia ergueu apenas uma das sobrancelhas, nem sabia o que significava um SUV e não precisava de nada caro, sorriu. - Nossa! Obrigada eu amei. Sabia que não era um carro era um tal de SUV muito caro, então achou que o presente fosse a própria chave. - Não quer ver? - Que ro. Claro! Respondeu ainda confusa, mas entendendo que não tinha
A respiração de Olívia ficou presa na garganta enquanto as palavras de Jordan ecoavam como golpes de um sino pesado. O ar parecia pesado, como se precisasse fazer força para respirar, precisou se apoiar na parede para não cair. A raiva queimava como um incêndio em seu peito, consumindo qualquer resquício de gratidão que ainda restasse. Sentiu os olhos inundarem com a dor.Se pudesse escolher, se houvesse qualquer chance disso, ela jamais teria passado por aquele corredor. Preferia não saber, mas agora que sabia, não podia simplesmente fingir.A voz de Jordan se repetia em seus ouvidos como um tambor de guerra que soava degradante e desesperador.— Como eu sou burra!Sussurrou em meio as lágrimas e assim que Jordan desligou o telefone ela se afastou depressa, mas ainda na ponta dos pés. Invisível como sempre foi e cheia de ódio como nunca tinha sido.A casa foi preparada para receber uma prisioneira, ela sabia disso, o único telefone que funcionava estava no escritório do boxeador, os
Fé... a força mais potente do universo, superior ao sol, a maré e a qualquer outra coisa de que se tem conhecimento. E apesar disso, pode ser facilmente manejada com algumas palavras.Aos poucos, Jordan envenenava a si mesmo, a esposa jamais serviu a ele nenhuma daquelas cápsulas, mas no primeiro dia que o boxeador não se levantou para tomar o dejejum com a família, ela fez questão de levar um comprimido verdadeiro, com o suplemento vitamínico com o marido sempre tomou.Fez um suco de abacaxi com hortelã, partiu o queijo branco e passou na chapa como ele gostava, preparou uma bisnaga italiana com manteiga quente e sorriu quando partiu uma maça, tirou todas as sementes e enfeitou a bandeja dourada.— Está mesmo bancando a boazinha, né? Ele não gosta disso. Só precisa se manter bonita, ele é gay! Nós existimos para que ele mantenha a fama de comedor, não para sermos as mamãezinhas dele.Olívia olhou para Deby enxergando mais dor naquela fala do que a esposa do boxeador gostaria de ter d
Chegou a pensar que ela ficaria linda presa de bruços naquela cama enquanto os rottweilers da propriedade brigassem para acasalar com ela. Talvez ela estivesse menstruada, talvez pudesse ser naquela manhã, eram mais de dez cães da raça, imaginou o sangue na menstruação se misturando com as das mordidas, seria lindo!Afastou o pensamento, arrumou a rigidez, se sentou e tomou um gole do suco, murmurou algo que Olívia fingiu não ouvir.— O que está acontecendo com você? Está assim há dias. Você nunca fica doente, será que não é hora de parar, talvez pudéssemos viajar, não me levou para a nossa lua-de-mel.Ele suspirou e passou a mão no rosto suado.— Não sei. Deve ser algo que comi. Ou talvez seja cansaço. Os treinos estão mais pesados.Ele estava suando bem mais pelos pensamentos sujos do que que pela intoxicação, Jane quis servir a ele, se oferecer ainda mais, mas mudou de ideia, o odiava tanto que até mesmo algo que ela sabia fazer como profissional, estava difícil demais.— Desaceler
Na Tanzânia o homem que Olívia acreditava estar morto, chorava sem conseguir nem mesmo falar o nome da namorada, preso em uma cadeira de rodas, se alimentando por uma sonda, tudo o que pensava era no porquê ninguém estava fazendo nada?Queria pedir por ajuda, contar sobre Arjun, dizer que alguém precisava pagar Miryja, temia que ela tivesse deixado o garotinho sozinho, precisava saber de Olívia e tudo o que conseguiu foi piscar algumas vezes enquanto as lágrimas caiam deixando uma sensação estranha na pele.Kwami estava ajudando, no começo por amizade e depois porque começou a receber pelos serviços.Mas se conseguisse admitir para si mesmo, tinha outro motivo que mantinha guardado quase como se tivesse vergonha do que estava sentindo.Ele ajudou a arrumar as almofadas em torno do tronco de Nick, olhou para a mãe do rapaz, Sara estava angustiada com aquela reação do filho, ele parecia querer dizer algo em meio ao silêncio.Kwami se surpreendeu com a chegada de um homem que parecia fri
A menina que estava sentada na parte externa do complexo e olhava para o mar com o semblante perdido, parecia tão frágil e bonita com aquele nariz vermelho e a forma como limpava o próprio rosto que fez com que Kwami quisesse ajudar.— É o meu irmão ele se machucou, só isso.— Você é a irmãzinha do Nick?Mel soltou o ar rindo e chorando ao mesmo tempo de uma forma estranha, mas que aliviou seu peito, era assim que o irmão sempre a chamou.— Ele é meu irmãozinho. Sou mais velhaPara Kwami era bem difícil de acreditar, não apenas pela estranheza de Mel parecer uma menininha quase sem formas femininas e de Nick parecer um fisioculturista, mas principalmente porque a aparência desleixada do rapaz o fazia parecer muito mais velho do que realmente era.— Entendi, mas ele falou de você como irmãzinha e agora entendo o porquê. A mãe de vocês também parece uma boneca.— Nem brinca assim, se meu pai ouve você chamando a minha mãe de boneca, nem um tsunami te salva dele.— Não estou pensando nes
Endi trancou a porta porque não queria ser interrompido, tinha algo a dizer e se estivesse errado seguiria com o plano, mas antes precisava ter certeza.Abaixou em frente a cadeira em que Nick estava sentado, uma cadeira adaptada, com almofadas laterais, cintos de contenção para o tronco e uma estrutura específica para manter o pescoço na posição adequada.Para aqueles que conheciam o rapaz, a cena era triste, não apenas por ser um homem jovem em uma situação terrível, mas porque tudo ali era injusto e gritava o absurdo da fragilidade humana.Antes de decidir os próximos passos, Endi tinha se perguntado se Olívia ficaria ao lado do namorado naquelas condições. Nick havia perdido tudo para chegar até ela e agora, mesmo que fosse complicado admitir, o marido de Mel se cobrava por isso.Poderia ter ajudado, escolheu não fazer, deixar Nick sozinho com a sua crença de que Olíe estava viva foi uma escolha dele, de ninguém mais. Também acreditava que existisse uma enorme chance de que a meni