Catorze mil quilômetros de Zanzibar e apenas dois mil quilômetros do Texas, bastaria ir para casa e esperar, mas assim que estavam no avião, Olie quase implorou para voltar a África.— Não quero chegar sozinha.— Vamos chegar juntas e está levando a sua filha!— As pessoas vão começar a perguntar coisas que eu não quero responder. Por favor, eu quero ver o Nick!Killer nem tentou argumentar, imaginou que se fosse... se fosse alguém que ela amasse, também enlouqueceria com a ideia de esperar.Pediu autorização ao capô, Endi concordou, Jocelyn achava que uma viagem longa sem terem todos os exames e observarem o cotidiano de Nick, não seria a decisão mais acertada.Foram mais de 20 horas de viagem, e Olívia não dormiu nenhum minuto. O coração parecia que estava prestes a explodir, às vezes estava sorrindo e brincando como a adolescente que ainda era e outras vezes estava chorando.Assim que chegaram a Zanzibar ela travou, sentiu como se Deus tivesse recomeçado, lembrou de Zuri e do velho
Quando Sara soube da chegada de Olívia, teve exatamente o mesmo receio que Endi, achou que uma adolescente jamais teria a força que seria necessária para enfrentar uma situação como aquela, Nick não conseguia nem mesmo mover os dedos.Insistiu com o capo, queria estar com o filho, jurou não interferir, só queria estar por perto para que Nick se sentisse mais seguro. E como sempre Endi cedeu.— Já sei de quem a Miminho herdou o dom de conseguir me manipular.Endi falou brincando, nem Mel era manipuladora, muito menos a sogra, ele dizia sim porque queria, gostava de poder fazer tanto uma quanto a outra felizes.Sara foi com o capo até o hospital, mas antes ele questionou a sogra.— Sabe que ganhou uma neta né? É uma garotinha adorável e que precisa de carinho.— Não estou com cabeça para isso, desculpa.Já Mel ficou brincando com a sobrinha, Zuri tinha muitas histórias para contar, exatamente igual a mãe, Olívia também gostava de conversar sobre contos que eram só dela e a esposa do cap
E mesmo que fosse difícil, falar aquelas palavras era como concretizar o fim de uma tortura. Diferente de Sara e Endi, ele não tinha medo de que ela não o quisesse. Achava que isso seria o óbvio.O medo de Nick era que ela se ferisse, que continuasse longe de casa, que aquele inferno se perpetuasse.— Me perdoa, ratinha.Pediu só em pensamento algo que vinha pedindo e repetindo todos os dias desde que Olívia desapareceu, quase como se fosse sua oração.Nick nem imaginava que tipo de pessoa era Helena. Foi criado por uma mulher que mataria qualquer um pelos filhos, nunca desconfiou. Quando estacionou na frente da casa daquela mulher, foi pensando em pedir a mão de Olíe em namoro.Queria mostrar para ela que não era o irresponsável que demonstrou ser quando se conheceram. Tinha agido como um idiota e queria fazer as coisas certas. Ao menos uma vez quis ser o homem que Ivan dizia que ele não era capaz de ser. Havia passado a noite anterior lembrando da frase de Olívia.— Estou aqui porqu
Nick pensou em deixar a namorada bem, que devia a ela ao algum conforto depois de tudo, mas depois de um tempo, Olie dormiu em seus braços, acabou se sentindo a pessoa mais egoísta do mundo.Queria que ela ficasse com ele, que pudessem viver, não queria ser quem era, olhando para ela daquele jeito, sonhou com um mundo em que pudesse apresentar Arjun para ela e eles brincassem de cinco marias.— Mi nha ra tinhaSentiu ela se aconchegar no seu peito e quando Sara entrou com Zuri ele conseguiu virar a cabeça e olhar para a mãe.Cochichou para o filho.— Ela queria conhecer o pai.Nick sorriu para a garotinha, tentou sorrir, mas acabou fazendo quase uma careta, a parte esquerda do rosto não obedeceu.Zuri ficou escondida atrás da perna da avó, gostou de Sara, amou ter uma avó tão bonita, para ela era óbvio, a advogada com certeza era mãe de Olívia, provavelmente por isso a garotinha se sentiu à vontade para falar o que pensou.— Não é ele— É sim! Já viu a sua mãe no colo de alguém desse
Nick comeu os chocolates e gargalhou quando Zuri segurou com o dedinho a parte do rosto que não obedecia quando aos seus comandos.— Deixa que eu te ajudo.Colocou mais um pedaço de chocolate na boca do pai exatamente quando Jocellyn entrou com Kwami, nenhum dos dois estava onde deveria, porque estavam onde queriam, mas a médica se desesperou.Sabia que se algo acontecesse a Nick ela teria problemas, não pensou muito, apenas correu.— NÃO!Gritou e puxou a menina do colo do pai, na verdade tentou, porque assim que segurou o braço de Zuri, sentiu o pulso queimar de dor.Olhou para baixo confusa, pensou que tinha batido em alguma coisa e arregalou os olhos quando se deu conta de que Nick estava apertando o seu braço.Levantou o rosto e fixou em Nick, a menininha tinha se encolhido abraçada ao pai.— Não grita e não encosta nela!A frase saiu perfeita, baixa, rouca, mas perfeita e o olhar parecia carregar mais raiva do que Jocelyn se lembrava de já ter visto em naquele rapaz.Gaguejou, n
Kwami engoliu a saliva, franziu a sobrancelha, não entendeu o motivo, mas doeu ouvir aquela frase dela, apesar disso, sorriu antes de responder.— A resposta é não para as duas perguntas e ainda assim eu ficaria envergonhado de agir da forma que está agindo. Jantar cancelado, vou estar ocupado tentando descobrir o que é uma célula.Deixou a médica sozinha e entrou no quarto antes dela, tinha um trabalho, Sara queria que ele cuidasse de Nick e ao menos duas daquelas pessoas eram extremamente gentis.Mel e Sara pareciam ter saído de algum conto de fadas e Endi apesar da personalidade estranha, pagava bem e o respeitava.Era bem mais do que estava recebendo de Jocelyn.Ela tentou chamar, se arrependeu assim que viu a decepção no rosto de Kwami, mas quando viu Nick em pé, o desejo de ser a primeira cientista a descobrir a cura da Glut-1 a cegou novamente.— Nick, preciso que se deite. Eu preciso fazer um exame, se eu estiver certa, vamos salvar muitas pessoas ao redor do mundo!Olívia est
Jocelyn colocou um líquido alaranjado em uma gaze e aplicou na região lombar de Nick, o rapaz continuava tranquilo, tinha duas das pessoas mais importantes do mundo com ele, fechou os olhos porque só faltava um garotinho indiano de olhos espelhados e que tinha pedido de presente algo que já tinha ganhado e nenhum dos dois havia se dado conta. Zuri se mantinha firme na missão de não soltar a mão do pai. Foi a primeira vez que se sentiu tão importante, pensou que era normal, todo super-herói precisava de algo para ficar forte, as vezes uma capa, ou um objeto especial, ficou feliz por ser ela quem dava força a Nick. — Agora vem a parte mais chata. A médica falou, mas não foi respondida pelo rapaz. Tentou segurar o instrumento com firmeza, mas continuou tremendo. ...É importante demais, não estraga tudo! Pensou tentando encontrar força para o que estava fazendo, já tinha realizado cirurgias muito mais delicadas e complexas do que aquele exame simples, mas nunca sob a pressão de que
Kwami ficou olhando para Jocelyn, ela era realmente linda! Lamentou pelo peixe que não comeriam juntos, pelas histórias que imaginou que ela gostaria de ouvir, pela fogueira que preparou pensando em estar com ela quando uma espécie de flores que conhecia como Dama da Noite liberasse o seu perfume.Lamentou porque não viveriam muitas coisas que ele achou que seriam perfeitas, pelos beijos que quis provar, pelos carinhos que quis oferecer, pelo sentimento que teimava em brotar em seu peito e teria que ser sufocado antes de crescer.- Kwami.Nick chamou e o tirou daquele devaneio. A voz do amigo parecia forte outra vez, apesar disso, ele se apressou a atender, sabia que o rapaz tinha problemas bem mais sérios do que se apaixonar por uma médica turista. - Você está ótimo, rapaz! Essa ratinha faz mesmo milagre. E ainda não me apresentou sua menina.Zuri olhou para o pai e perguntou.- Conhecemos ele?Ela sabia que não era apenas com os turistas que devia se preocupar, aliás os turistas s