Chego rapidamente à empresa, sem me preocupar para me identificar. Ignoro as tentativas inúteis da recepcionista de me impedir de entrar no elevador. Enquanto subo, pressiono o botão de gravação, consciente de que isso pode ser a minha única prova, e respiro profundamente, buscando a calma que me escapa neste momento. — Sr. Ewing! — A secretária do meu sogro exclama ao me avistar. Forço um sorriso gélido e sigo em frente. — Sr. Ewing, o senhor não pode entrar sem ser anunciado! — Ela grita, enquanto me segue. Chego rapidamente à porta dele e a abro. O desgraçado está sentado em sua mesa, mexendo no computador. Ele arregala os olhos, como se visse um fantasma, e quase cai da cadeira. — O que diabos você está fazendo aqui? — Ele pergunta, levantando-se. — Por que invadiu o meu escritório desse jeito? — Sr. Hampton, eu disse a ele que… — Eu já estou aqui dentro, senhorita. Agora saia! — exclamo, fazendo-a me olhar assustada. Ele acena com a cabeça, permitindo minha presença, e ela se
"Por Ava" Durante as duas semanas seguintes à ameaça de aborto, segui à risca as orientações da Dra. Elina: mantive-me em repouso absoluto na cama, evitei qualquer esforço físico ou emocional, e tomei os medicamentos conforme prescritos. Em meio a tudo isso, minhas preces pelo bem-estar do meu bebê nunca cessaram. Graças a Deus, não houve mais nenhum sinal de sangramento, apenas um discreto corrimento marrom que a médica assegurou ser normal. Embora suporte as cólicas, elas adicionam uma camada extra de insegurança. A verdadeira tranquilidade só virá quando tiver a certeza de que tudo está bem, e o meu bebê está crescendo forte e saudável dentro de mim. Por isso, cada minuto até hoje foi uma contagem regressiva ansiosa. Agora, com a reunião sobre a destituição de Amber marcada para o final da tarde, Noah fez questão de estar ao meu lado durante a consulta com a Dra. Elina. Ele organizou para que a consulta fosse realizada em nossa própria casa, para que eu não precisasse sair da ca
“Por Noah” Após deixar Ava em casa, adormecida, com a responsabilidade da reunião sobre a destituição de Amber, finalmente pude liberar a tristeza que me consumia, mesmo que por breves minutos. Ao estacionar na garagem da empresa, um nó se formou em minha garganta, acompanhado por uma crescente onda de raiva. Enquanto lutava para vestir novamente a armadura do homem inabalável, prometi a mim mesmo que descontaria meu ódio contra aqueles que tiveram parte nisso. Cansei de ser o bonzinho. — E então? — Taylor pergunta, apreensivo, quando aparece na minha sala. — Tudo certo? — Não. — Respondo, passando a mão nos cabelos. Suspiro profundamente, contendo o choro, e o encaro novamente. — Perdemos o bebê. — Eu… Eu sinto muito, Noah. Ava deve estar arrasada. — Está péssima, Taylor. — Digo ao me levantar. Caminho até a janela e encaro a paisagem, tentando esconder meus olhos marejados. — Chorou por horas, se alimentou quase forçada e, por fim, tive que dar um calmante a ela. — Noah, eu…
"Por Ava" Sabe quando você dorme e reza para que, ao acordar, tudo tenha sido apenas um sonho? Fiz isso com toda a minha força, desejando fervorosamente que fosse apenas um pesadelo. Torci intensamente para, ao abrir os olhos, ser transportada de volta para as Maldivas. Certamente, faria tudo de maneira diferente. Tomaria precauções e lutaria para que tudo se desenrolasse de outra forma. Tudo para garantir que meu bebê estivesse aqui, são e salvo. No entanto, infelizmente, ao despertar, tudo permanecia exatamente igual. Levanto-me, buscando algum resquício de ânimo para continuar, e sigo em direção ao banheiro para um banho. Lágrimas escorrem involuntariamente enquanto minhas mãos deslizam sobre minha barriga, misturando-se às gotas de água que percorrem meu corpo. Após longos minutos, quando as lágrimas finalmente me dão uma trégua, termino o banho e me envolvo na toalha. Mesmo consciente de que devo prosseguir com a vida, sinto-me completamente perdida sobre como fazer isso. Dia
De maneira involuntária, as lágrimas afloram em meus olhos, e minhas pernas ameaçam ceder, forçando-me a me apoiar na mesa para não desabar por completo. O que meus olhos veem é avassalador, um turbilhão de emoções e revelações que ameaça me consumir.— O relógio? Mas o senhor da loja de penhores me disse que uma senhorita o comprou e... — sussurro, sem desviar o olhar do objeto. Chego até o cofre e seguro-o em minhas mãos. — Ele esteve com você esse tempo todo?— Ava, por favor, eu posso explicar!— Explicar? — pergunto, soltando uma risada amarga. — Noah, por favor, me diga que você conseguiu localizar esse relógio e o comprou de volta depois que já estávamos bem!Desisto de segurar as lágrimas quando ele permanece em silêncio, confirmando o contrário. Sinto uma cólica leve e me sento, fitando meus pés por alguns minutos para tentar me acalmar.— Me desculpe! — Ele diz, num tom baixo. Levanto o olhar e noto as lágrimas escorrendo em suas bochechas. — Eu não queria que você descobriss
"Por Noah""Nada é tão ruim que não possa piorar". Essa frase nunca fez tanto sentido para mim. Fui do céu ao inferno num piscar de olhos. Perdi meu filho e, para piorar ainda mais, estou bem perto de perder a mulher da minha vida. Mas toda escolha tem sua consequência, e agora só resta aceitar a minha. Totalmente contra a minha vontade, deixei Ava sozinha naquele hospital, controlando os meus instintos para não voltar até ela, abraçá-la forte e dizer que tudo ficará bem. Seria bem fácil fazer isso, se o causador de todo esse caos não tivesse sido eu. Mesmo ciente de que agi novamente como um babaca, infelizmente tive que lembrá-la que ainda temos um contrato nos prendendo. Eu não queria usar isso como motivo para mantê-la por perto, mas quando ela cogitou a possibilidade de me deixar, essa foi a minha única alternativa.Dirijo completamente distraído, tentando encontrar uma forma de tentar resolver tudo isso, mas não encontro nenhuma. Em poucos minutos, estaciono na garagem da minha
"Por Ava"Um mês se passou desde que o caos se instalou na minha vida. Aos poucos, fui retomando parte da minha rotina normal. Com exceção da empresa, pois Noah deixou claro que só vou voltar ao trabalho quando eu me sentir à vontade para isso. Ele também respeitou o meu pedido de se distanciar de forma física. Mas as rosas, chocolates e todas as comidas que eu amo, fizeram parte da maioria dos meus dias. E, às vezes, sua saudade parecia se intensificar, me obrigando a ignorar as batidas à porta durante a madrugada.Com o tempo disponível, me dediquei em concluir o meu projeto de graduação, na universidade. Até pensei que pudesse reagir mais rápido, mas acho que levei o tempo que foi necessário para amenizar a minha dor. E acredito que agora esteja preparada para dar o próximo passo.Após um longo banho para tentar relaxar um pouco, encaro o guarda-roupas por alguns longos minutos. Suspiro ao me dar conta de que precisarei comprar novas roupas, visto que perdi alguns quilos durante es
"Por Noah"Enquanto observo Ava se afastar, a excitação continua a pulsar dentro de mim. Esse jantar precisa ser especial, algo que vá além das palavras e toque o coração dela de uma forma única. É então que surge uma ideia: por que não trazer um pouco da magia da culinária italiana para a nossa casa?Passo alguns minutos arquitetando meus planos e quando tudo parece estar perfeito, peço para Taylor vir à minha sala. O fato da minha voz não ter sido carregada de impaciência e ironia talvez tenha despertado a curiosidade dele, pois em poucos minutos ele surge.— Estou aqui, chefe. — ele diz, num tom desconfiado, ao sentar-se à minha frente. — Quais os meus afazeres de hoje? Encontrar uma jovem sem nome?— Vá se foder, Taylor. Talvez eu tenha que contratar uma assistente para me auxiliar. A cada dia você parece prezar menos pelo seu salário.— Foi apenas para despertar um sorriso em você, meu caro. — Taylor afirma, com um sorriso debochado. — Diga de uma vez, Noah! Que animação é essa?—