OliverVoltar ao escritório depois do que Emily me disse na praia foi como mergulhar em uma tempestade. As palavras dela ainda ecoavam nos meus pensamentos, misturadas com minha própria frustração.Eu sabia que precisava confiar nela, que precisava parar de deixar meus demônios do passado controlarem cada decisão que eu tomava. Mas era difícil quando tudo dentro de mim gritava que eu estava prestes perder todo o controle que tanto lutei para ter sobre a minha vida.Minha relação com Emily era como caminhar em uma corda bamba — cada movimento era cuidadosamente calculado, mas ainda assim eu sentia que a qualquer momento poderia cair. Eu queria acreditar nela, queria acreditar que ela estava sendo sincera, mas ver Fernando saindo do apartamento dela havia reacendido um fogo de ciúmes que eu mal conseguia controlar.***Os dias após a praia passaram como um borrão de reuniões intermináveis e relatórios atrasados. Eu me joguei no trabalho, tentando entorpecer a parte de mim que ainda esta
EmilyO vento frio do terraço ainda parecia acariciar meu rosto enquanto eu descia as escadas em direção ao meu escritório. Meu coração batia acelerado, minhas pernas estavam trêmulas, e minha mente girava como se estivesse presa em um redemoinho. O que havia acontecido entre mim e Oliver minutos atrás era algo que eu nunca teria previsto. A intensidade daquele beijo, o calor de suas mãos em meu rosto, a urgência em seu toque... e então, tão rápido quanto começou, ele se afastou, me deixando sozinha e perdida.Não sei se ainda estamos juntos, ou se aquilo foi um término Era difícil conseguir compreendê-lo. Não sei como as coisas são no mundo dele, mas era obvio que eu jamais me acostumaria aquela montanha-russa, e sempre acabaria saindo ferida.Desci até meu andar, sentindo o olhar curioso de alguns colegas enquanto eu passava apressadamente. Tudo que eu queria era me esconder em minha sala, onde ninguém pudesse me ver. Quando finalmente fechei a porta atrás de mim, deixei escapar um
OliverVoltar para o escritório no dia seguinte foi como entrar em uma zona de guerra emocional. Minha cabeça estava uma bagunça depois da noite passada na boate, onde encontrei Emily com Dan. A raiva e o ciúme ainda fervilhavam dentro de mim, misturados com uma culpa que eu não queria admitir.Emily havia deixado claro que estava cansada do vai-e-vem entre nós, e eu não podia culpá-la. Eu estava fazendo exatamente o que eu jurava nunca fazer: arrastando-a para o caos que era a minha vida. Mas cada vez que tentava mantê-la à distância, acabava voltando para ela, como se fosse um vício do qual eu simplesmente não conseguia me libertar.Enquanto caminhava pelos corredores da empresa, colegas me cumprimentavam com acenos de cabeça e sorrisos, mas tudo parecia distante, como se eu estivesse em um transe. A única coisa que ocupava minha mente era encontrar uma maneira de consertar as coisas com Emily — uma maneira de fazê-la entender que eu realmente me importava, mesmo que não soubesse co
EmilyEu estava dirigindo de volta para casa depois do jantar com Oliver, tentando processar tudo o que havia acontecido. O ar dentro do carro parecia denso, sufocante. Eu não conseguia afastar a imagem dele me encarando com aqueles olhos intensos, quase desesperados, enquanto tentava justificar por que deveríamos manter nosso relacionamento em segredo.Parte de mim queria gritar com ele, dizer que não aceitaria ser sua “opção discreta”, que eu merecia mais do que isso. Mas, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que entendia o medo de Oliver, o terror de expor sua vida para as fofocas e o julgamento alheio. Ele estava me pedindo para confiar nele, para acreditar que ele queria mais, mas ainda assim... ele não conseguia se comprometer totalmente.Cheguei em casa, ainda sentindo o gosto amargo de nossa conversa. Deixei a bolsa no sofá, tirei os sapatos e fui direto para o banho, esperando que a água quente lavasse a confusão que tomava conta de mim. Mas, mesmo depois de me enxugar e ve
Oliver O silêncio. Ele sempre foi meu aliado mais confiável. Aqui, no meu escritório no 42º andar, o som abafado da cidade nunca chega a penetrar. Apenas o som suave das teclas do meu computador, enquanto reviso o relatório financeiro mais recente da Blake Industries, me acompanha. É assim que prefiro. Sem distrações.A Blake Industries, minha criação, meu império. Líder em tecnologia de inteligência artificial, fornecendo soluções para as maiores empresas globais. Milhares de funcionários, bilhões em contratos. E no centro de tudo isso, eu. Aqui, nada escapa ao meu controle.Meus olhos percorrem os números na tela, em busca de qualquer desvio. Encontrar um erro aqui é inaceitável. Tudo deve estar exato. Sem margens para falhas. Um deslize e a confiança de investidores e clientes pode evaporar como fumaça. Isso é algo que jamais permitirei.Um número incorreto aparece no relatório. Um pequeno erro, quase imperceptível para qualquer outra pessoa, mas não para mim. Aperto o interfone.
EmilyEu estava concentrada no design de uma nova campanha publicitária quando vi o buquê de flores sobre a minha mesa. O aroma doce preencheu o pequeno cubículo, e minha mente quase imediatamente voltou a flutuar, distraída pela mesma pergunta que vinha me atormentando nas últimas semanas: Quem está por trás disso?Já fazia três meses que comecei a trabalhar na Blake Industries, e desde então, tenho recebido flores regularmente. Primeiro, foi um buquê simples de lírios brancos. Depois vieram rosas amarelas, orquídeas, e agora, uma combinação de tulipas e gérberas. Sempre com um pequeno bilhete, curto e impessoal: "Para alegrar seu dia" ou "Um pequeno gesto". Nada que desse qualquer pista concreta sobre quem poderia ser o remetente.No começo, pensei que fosse um erro. Talvez algum outro funcionário estivesse recebendo presentes e eles estavam vindo parar na minha mesa por engano. Mas quando as flores começaram a chegar de maneira consistente, ficou claro que não era coincidência. Eu
OliverA sala de reuniões ainda tinha o cheiro familiar de café e papel novo, misturado ao ar-condicionado incessante, quando me levantei para sair. A apresentação da campanha de marketing terminou sem grandes complicações, como deveria ser. Emily Carter se movia com desenvoltura, embora discretamente, no canto da sala. Ela manteve o silêncio enquanto seu colega de equipe, Daniel, liderava a apresentação, mas eu a observava de perto. Sempre.É impressionante como ela parece alheia à atenção que atrai. Três meses na Blake Industries e eu já conhecia bem o seu trabalho, a sua dedicação. No entanto, ela não fazia ideia do que estava por trás das flores que sempre encontrava em sua mesa. E é exatamente assim que deve ser.A verdade é que controle é o que define minha vida, e permitir que qualquer coisa, ou qualquer pessoa, comprometa isso seria um sinal de fraqueza. Eu não posso ser fraco. Não na minha posição. Não com tantas pessoas observando, esperando pelo menor sinal de erro para ata
OliverEu não deveria estar fazendo isso.Enquanto a luz fria da tela iluminava o escuro do meu escritório, observei Emily Carter mais uma vez pelas câmeras de segurança. Ela estava em seu cubículo, a essa hora em que a maioria dos funcionários já havia ido embora. Todos os outros andares estavam vazios, exceto pelo fraco brilho da luz sobre seu local de trabalho. As mãos dela se moviam ágeis, organizando papéis e pastas, e eu estava ali, observando, como um maldito stalker.Senti a familiar onda de frustração tomar conta de mim. O que estou fazendo? Eu, Oliver Blake, CEO da Blake Industries, assistindo uma funcionária pela tela das câmeras de segurança. Isso era insano. Eu sabia que era. Mas, ao mesmo tempo, algo em mim me mantinha grudado à tela, incapaz de desviar o olhar.Tentei justificar isso para mim mesmo inúmeras vezes. Fiquei convencido de que o que me prendia a Emily era sua dedicação, sua capacidade de mergulhar tão profundamente no trabalho que se esquecia de tudo ao redo