OliverA manhã após nosso jantar e a noite que passamos juntos foi um verdadeiro teste de paciência. Eu não conseguia me concentrar em nada. A lembrança de Emily em meus braços, de como ela se entregou a mim... tudo isso fazia minha mente girar. No entanto, como sempre, eu havia deixado o medo tomar o controle. Ao invés de tê-la segurado em meus braços pela manhã, eu havia saído cedo para o escritório, deixando uma nota fria para trás.A verdade era que eu estava fugindo. Fugindo de mim mesmo, fugindo dos sentimentos que não conseguia mais conter. Parte de mim queria apenas mergulhar de cabeça no que quer que fosse que tínhamos. Mas outra parte — a parte que sempre mantive bem guardada, trancada a sete chaves — sabia que ceder significaria abrir mão de uma proteção que eu havia erguido ao meu redor por anos.Enquanto eu estava no meu escritório, olhando para o horizonte, Alice entrou com sua eficiência habitual. Eu me virei, tentando parecer mais focado do que realmente estava.— Oliv
OliverMeu escritório estava mais silencioso do que o habitual naquela manhã. Apesar das mensagens frequentes que recebia de Alice, relatórios a revisar e uma pilha de contratos para assinar, minha mente estava longe de qualquer tarefa rotineira. Tudo o que conseguia pensar era em Emily. Na noite que passamos juntos, no jeito como ela se afastou de mim na manhã seguinte, magoada e decepcionada.As palavras dela ecoavam na minha mente: "Você precisa decidir se quer realmente me ter em sua vida ou não." E, claro, eu sabia a resposta. Eu queria Emily. Queria mais do que deveria, mais do que era prudente. Mas o que me paralisava era a certeza de que o mundo em que vivia iria esmagá-la se não tomasse cuidado.Eu me levantei da cadeira e caminhei até a janela, observando a cidade movimentada abaixo. O trânsito parecia tão caótico quanto meus pensamentos. Precisava fazer algo para consertar o que havia quebrado entre nós. Algo mais concreto do que promessas vazias. E então, a ideia surgiu.A
Oliver O silêncio. Ele sempre foi meu aliado mais confiável. Aqui, no meu escritório no 42º andar, o som abafado da cidade nunca chega a penetrar. Apenas o som suave das teclas do meu computador, enquanto reviso o relatório financeiro mais recente da Blake Industries, me acompanha. É assim que prefiro. Sem distrações.A Blake Industries, minha criação, meu império. Líder em tecnologia de inteligência artificial, fornecendo soluções para as maiores empresas globais. Milhares de funcionários, bilhões em contratos. E no centro de tudo isso, eu. Aqui, nada escapa ao meu controle.Meus olhos percorrem os números na tela, em busca de qualquer desvio. Encontrar um erro aqui é inaceitável. Tudo deve estar exato. Sem margens para falhas. Um deslize e a confiança de investidores e clientes pode evaporar como fumaça. Isso é algo que jamais permitirei.Um número incorreto aparece no relatório. Um pequeno erro, quase imperceptível para qualquer outra pessoa, mas não para mim. Aperto o interfone.
EmilyEu estava concentrada no design de uma nova campanha publicitária quando vi o buquê de flores sobre a minha mesa. O aroma doce preencheu o pequeno cubículo, e minha mente quase imediatamente voltou a flutuar, distraída pela mesma pergunta que vinha me atormentando nas últimas semanas: Quem está por trás disso?Já fazia três meses que comecei a trabalhar na Blake Industries, e desde então, tenho recebido flores regularmente. Primeiro, foi um buquê simples de lírios brancos. Depois vieram rosas amarelas, orquídeas, e agora, uma combinação de tulipas e gérberas. Sempre com um pequeno bilhete, curto e impessoal: "Para alegrar seu dia" ou "Um pequeno gesto". Nada que desse qualquer pista concreta sobre quem poderia ser o remetente.No começo, pensei que fosse um erro. Talvez algum outro funcionário estivesse recebendo presentes e eles estavam vindo parar na minha mesa por engano. Mas quando as flores começaram a chegar de maneira consistente, ficou claro que não era coincidência. Eu
OliverA sala de reuniões ainda tinha o cheiro familiar de café e papel novo, misturado ao ar-condicionado incessante, quando me levantei para sair. A apresentação da campanha de marketing terminou sem grandes complicações, como deveria ser. Emily Carter se movia com desenvoltura, embora discretamente, no canto da sala. Ela manteve o silêncio enquanto seu colega de equipe, Daniel, liderava a apresentação, mas eu a observava de perto. Sempre.É impressionante como ela parece alheia à atenção que atrai. Três meses na Blake Industries e eu já conhecia bem o seu trabalho, a sua dedicação. No entanto, ela não fazia ideia do que estava por trás das flores que sempre encontrava em sua mesa. E é exatamente assim que deve ser.A verdade é que controle é o que define minha vida, e permitir que qualquer coisa, ou qualquer pessoa, comprometa isso seria um sinal de fraqueza. Eu não posso ser fraco. Não na minha posição. Não com tantas pessoas observando, esperando pelo menor sinal de erro para ata
OliverEu não deveria estar fazendo isso.Enquanto a luz fria da tela iluminava o escuro do meu escritório, observei Emily Carter mais uma vez pelas câmeras de segurança. Ela estava em seu cubículo, a essa hora em que a maioria dos funcionários já havia ido embora. Todos os outros andares estavam vazios, exceto pelo fraco brilho da luz sobre seu local de trabalho. As mãos dela se moviam ágeis, organizando papéis e pastas, e eu estava ali, observando, como um maldito stalker.Senti a familiar onda de frustração tomar conta de mim. O que estou fazendo? Eu, Oliver Blake, CEO da Blake Industries, assistindo uma funcionária pela tela das câmeras de segurança. Isso era insano. Eu sabia que era. Mas, ao mesmo tempo, algo em mim me mantinha grudado à tela, incapaz de desviar o olhar.Tentei justificar isso para mim mesmo inúmeras vezes. Fiquei convencido de que o que me prendia a Emily era sua dedicação, sua capacidade de mergulhar tão profundamente no trabalho que se esquecia de tudo ao redo
EmilyMeus olhos permaneciam fechados, como se, ao mantê-los assim, eu pudesse segurar aquele momento por mais alguns segundos. Minha respiração ainda estava acelerada, o coração martelando no peito, e os lábios formigavam.O beijo. Aquele beijo.Ainda podia sentir a pressão suave, mas ao mesmo tempo intensa, de seus lábios nos meus. A forma como o calor do seu corpo tinha me envolvido, o toque de suas mãos deslizando por minha pele. Era como se eu tivesse sido arrancada da realidade por alguns instantes. O elevador voltou a descer, e eu sentia o mundo ao meu redor girar.E então, as portas se abriram, e o som foi o suficiente para me puxar de volta ao presente.Ele se foi. Sem dizer uma palavra, o homem que me beijou – o homem misterioso que eu sequer consegui ver – desapareceu para fora do elevador. Minhas mãos ainda tremiam, como se meu corpo não tivesse compreendido que o momento havia acabado, que eu estava ali, sozinha.Meus olhos, que ainda estavam se acostumando com a luz, foc
EmilyOs dias seguintes passaram como um borrão. Eu mergulhei no trabalho, tentando a todo custo me afastar das lembranças do elevador. Mas era como tentar escapar da própria sombra; por mais que eu tentasse me focar nos projetos, nas reuniões, nos relatórios, os pensamentos sobre aquele momento me seguiam.Eu ainda não sabia quem ele era, o homem que me beijou e desapareceu sem dizer nada. Mas, de alguma forma, ele continuava presente. Cada vez que o elevador se fechava, cada vez que eu passava pelos corredores vazios da empresa, uma tensão invisível me envolvia, como se ele pudesse aparecer a qualquer instante. Uma sensação que, embora eu tentasse ignorar, era ao mesmo tempo instigante e... inquietante.A lembrança daquele momento assombrou meus sonhos, e eu me vi tentando repassar cada detalhe, cada sensação, como se pudesse descobrir uma resposta escondida. O toque das mãos dele em meu rosto, o perfume amadeirado que parecia entorpecer meus sentidos, a forma como o mundo inteiro d