EmilyO vento frio do terraço ainda parecia acariciar meu rosto enquanto eu descia as escadas em direção ao meu escritório. Meu coração batia acelerado, minhas pernas estavam trêmulas, e minha mente girava como se estivesse presa em um redemoinho. O que havia acontecido entre mim e Oliver minutos atrás era algo que eu nunca teria previsto. A intensidade daquele beijo, o calor de suas mãos em meu rosto, a urgência em seu toque... e então, tão rápido quanto começou, ele se afastou, me deixando sozinha e perdida.Não sei se ainda estamos juntos, ou se aquilo foi um término Era difícil conseguir compreendê-lo. Não sei como as coisas são no mundo dele, mas era obvio que eu jamais me acostumaria aquela montanha-russa, e sempre acabaria saindo ferida.Desci até meu andar, sentindo o olhar curioso de alguns colegas enquanto eu passava apressadamente. Tudo que eu queria era me esconder em minha sala, onde ninguém pudesse me ver. Quando finalmente fechei a porta atrás de mim, deixei escapar um
OliverVoltar para o escritório no dia seguinte foi como entrar em uma zona de guerra emocional. Minha cabeça estava uma bagunça depois da noite passada na boate, onde encontrei Emily com Dan. A raiva e o ciúme ainda fervilhavam dentro de mim, misturados com uma culpa que eu não queria admitir.Emily havia deixado claro que estava cansada do vai-e-vem entre nós, e eu não podia culpá-la. Eu estava fazendo exatamente o que eu jurava nunca fazer: arrastando-a para o caos que era a minha vida. Mas cada vez que tentava mantê-la à distância, acabava voltando para ela, como se fosse um vício do qual eu simplesmente não conseguia me libertar.Enquanto caminhava pelos corredores da empresa, colegas me cumprimentavam com acenos de cabeça e sorrisos, mas tudo parecia distante, como se eu estivesse em um transe. A única coisa que ocupava minha mente era encontrar uma maneira de consertar as coisas com Emily — uma maneira de fazê-la entender que eu realmente me importava, mesmo que não soubesse co
EmilyEu estava dirigindo de volta para casa depois do jantar com Oliver, tentando processar tudo o que havia acontecido. O ar dentro do carro parecia denso, sufocante. Eu não conseguia afastar a imagem dele me encarando com aqueles olhos intensos, quase desesperados, enquanto tentava justificar por que deveríamos manter nosso relacionamento em segredo.Parte de mim queria gritar com ele, dizer que não aceitaria ser sua “opção discreta”, que eu merecia mais do que isso. Mas, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que entendia o medo de Oliver, o terror de expor sua vida para as fofocas e o julgamento alheio. Ele estava me pedindo para confiar nele, para acreditar que ele queria mais, mas ainda assim... ele não conseguia se comprometer totalmente.Cheguei em casa, ainda sentindo o gosto amargo de nossa conversa. Deixei a bolsa no sofá, tirei os sapatos e fui direto para o banho, esperando que a água quente lavasse a confusão que tomava conta de mim. Mas, mesmo depois de me enxugar e ve
EmilyA manhã após a noite com Oliver trouxe uma quantidade exorbitante de emoções. Acordei sozinha na cama dele, o lençol amassado ao meu redor ainda cheirava ao perfume dele. O quarto estava silencioso, exceto pelo leve som do trânsito vindo das ruas lá fora. Oliver havia saído cedo, deixando uma breve nota em seu travesseiro:“Precisei sair para uma reunião. Nos falamos depois. - O.”Li aquelas palavras algumas vezes, tentando decifrar o tom. Era frio e distante, mas também um lembrete de que ele havia voltado para a sua vida, enquanto eu estava aqui, na periferia dela. Parte de mim sentiu um nó de frustração no peito. Depois de tudo o que compartilhamos na noite passada, eu esperava... algo mais.Eu me levantei, vesti minhas roupas e tentei me recompor antes de deixar o apartamento. Enquanto caminhava pelo corredor silencioso, me senti estranhamente exposta, como se estivesse fazendo algo errado. Será que isso era o que significava estar com Oliver? Sempre escondida, sempre à marg
OliverA manhã após nosso jantar e a noite que passamos juntos foi um verdadeiro teste de paciência. Eu não conseguia me concentrar em nada. A lembrança de Emily em meus braços, de como ela se entregou a mim... tudo isso fazia minha mente girar. No entanto, como sempre, eu havia deixado o medo tomar o controle. Ao invés de tê-la segurado em meus braços pela manhã, eu havia saído cedo para o escritório, deixando uma nota fria para trás.A verdade era que eu estava fugindo. Fugindo de mim mesmo, fugindo dos sentimentos que não conseguia mais conter. Parte de mim queria apenas mergulhar de cabeça no que quer que fosse que tínhamos. Mas outra parte — a parte que sempre mantive bem guardada, trancada a sete chaves — sabia que ceder significaria abrir mão de uma proteção que eu havia erguido ao meu redor por anos.Enquanto eu estava no meu escritório, olhando para o horizonte, Alice entrou com sua eficiência habitual. Eu me virei, tentando parecer mais focado do que realmente estava.— Oliv
OliverMeu escritório estava mais silencioso do que o habitual naquela manhã. Apesar das mensagens frequentes que recebia de Alice, relatórios a revisar e uma pilha de contratos para assinar, minha mente estava longe de qualquer tarefa rotineira. Tudo o que conseguia pensar era em Emily. Na noite que passamos juntos, no jeito como ela se afastou de mim na manhã seguinte, magoada e decepcionada.As palavras dela ecoavam na minha mente: "Você precisa decidir se quer realmente me ter em sua vida ou não." E, claro, eu sabia a resposta. Eu queria Emily. Queria mais do que deveria, mais do que era prudente. Mas o que me paralisava era a certeza de que o mundo em que vivia iria esmagá-la se não tomasse cuidado.Eu me levantei da cadeira e caminhei até a janela, observando a cidade movimentada abaixo. O trânsito parecia tão caótico quanto meus pensamentos. Precisava fazer algo para consertar o que havia quebrado entre nós. Algo mais concreto do que promessas vazias. E então, a ideia surgiu.A
Oliver O silêncio. Ele sempre foi meu aliado mais confiável. Aqui, no meu escritório no 42º andar, o som abafado da cidade nunca chega a penetrar. Apenas o som suave das teclas do meu computador, enquanto reviso o relatório financeiro mais recente da Blake Industries, me acompanha. É assim que prefiro. Sem distrações.A Blake Industries, minha criação, meu império. Líder em tecnologia de inteligência artificial, fornecendo soluções para as maiores empresas globais. Milhares de funcionários, bilhões em contratos. E no centro de tudo isso, eu. Aqui, nada escapa ao meu controle.Meus olhos percorrem os números na tela, em busca de qualquer desvio. Encontrar um erro aqui é inaceitável. Tudo deve estar exato. Sem margens para falhas. Um deslize e a confiança de investidores e clientes pode evaporar como fumaça. Isso é algo que jamais permitirei.Um número incorreto aparece no relatório. Um pequeno erro, quase imperceptível para qualquer outra pessoa, mas não para mim. Aperto o interfone.
EmilyEu estava concentrada no design de uma nova campanha publicitária quando vi o buquê de flores sobre a minha mesa. O aroma doce preencheu o pequeno cubículo, e minha mente quase imediatamente voltou a flutuar, distraída pela mesma pergunta que vinha me atormentando nas últimas semanas: Quem está por trás disso?Já fazia três meses que comecei a trabalhar na Blake Industries, e desde então, tenho recebido flores regularmente. Primeiro, foi um buquê simples de lírios brancos. Depois vieram rosas amarelas, orquídeas, e agora, uma combinação de tulipas e gérberas. Sempre com um pequeno bilhete, curto e impessoal: "Para alegrar seu dia" ou "Um pequeno gesto". Nada que desse qualquer pista concreta sobre quem poderia ser o remetente.No começo, pensei que fosse um erro. Talvez algum outro funcionário estivesse recebendo presentes e eles estavam vindo parar na minha mesa por engano. Mas quando as flores começaram a chegar de maneira consistente, ficou claro que não era coincidência. Eu