EmilyAcordei com o estômago revirado, um calor sufocante me envolvendo como se o quarto tivesse se transformado em uma sauna. Abri os olhos devagar, piscando contra a luz suave que entrava pelas cortinas. Era estranho — geralmente acordava renovada depois de uma noite tranquila, mas hoje parecia que não havia dormido nada.Sentei-me na cama, tentando controlar a náusea que subia. Respirei fundo algumas vezes, mas não foi suficiente. Corri para o banheiro, sentindo o mundo girar ao meu redor. Cheguei ao vaso sanitário no último segundo, sentindo meu corpo ser tomado por espasmos enquanto vomitava.Quando tudo parou, apoiei-me na pia, o rosto molhado pelo suor. Olhei para o espelho, vendo meu reflexo pálido e os olhos ligeiramente fundos. Algo estava definitivamente errado.— Deve ser o estresse. — Murmurei para mim mesma, tentando convencer minha mente enquanto jogava água fria no rosto.Voltando para o quarto, peguei o telefone e vi uma mensagem de Oliver."Bom dia, amor. Pensei em t
OliverOs últimos dias foram uma confusão de emoções, mas nada poderia ter me preparado para o momento em que encontrei Emily desmaiada no chão da sala. O jantar que havíamos planejado ainda estava intacto sobre a mesa, e o copo de água que ela segurava estava derrubado ao lado dela. Por um segundo, senti o mundo parar, minha mente incapaz de processar o que estava acontecendo.— Emily! — Minha voz saiu mais alta do que pretendia enquanto eu me ajoelhava ao lado dela.Seu rosto estava pálido, e sua respiração era irregular. Meu coração batia acelerado enquanto tentava acordá-la.— Emily, por favor, fale comigo. — Disse, segurando seu rosto gentilmente.Ela abriu os olhos por um momento, piscando confusa, antes de fechar novamente.Não perdi mais tempo. Levantei-a nos braços e, sem me importar com nada além dela, corri para o carro. A direção até o hospital foi um borrão. Cada segundo parecia uma eternidade, e meu único pensamento era mantê-la segura.Assim que chegamos, os médicos ass
OliverEmily estava em repouso desde que voltamos do hospital. Embora ela parecesse mais tranquila, eu sabia que ainda estava processando tudo. Entre os enjoos constantes e a revelação de que estávamos esperando um filho, ela parecia mais vulnerável do que nunca. E, ao mesmo tempo, mais forte. Ver como lidava com cada onda de emoção me enchia de admiração.Eu sabia que precisava fazer algo. Algo grande. Algo que mostrasse a Emily não apenas que eu estava ao lado dela, mas que estava totalmente comprometido com ela e com o futuro que agora compartilhávamos. Foi por isso que comecei a planejar a noite mais importante de nossas vidas.Passei o dia inteiro coordenando os detalhes com Alice. Era raro confiar em alguém, mas Alice sabia a importância do que eu estava prestes a fazer. Pedi que ela reorganizasse minha agenda para a noite e, discretamente, enviasse um vestido novo para Emily.Quando cheguei em casa, Emily estava na sala, envolta em uma manta e folheando uma revista. Seus olhos
EmilyPor mais que já estivesse começando a me acostumar com a rotina de festas, jantares e bailes de Oliver, ainda assim ficava ansiosa, ainda mais por ser justamente da família de Sofia. Eu sabia que a festa daquela noite não seria apenas um evento social; seria uma oportunidade para Oliver e eu mostrarmos ao mundo — e, mais importante, a Sofia — que estávamos juntos e inabaláveis.Enquanto ajustava o vestido escolhido na loja dias antes, olhei para minha silhueta no espelho. Minha barriga ainda não estava evidente, mas eu sabia que o pequeno ser dentro de mim já estava começando a moldar minha vida de maneiras que eu jamais imaginei.— Você está pronta para isso? — Perguntei a mim mesma em voz alta.O reflexo no espelho parecia confiante, mas por dentro, minha mente era um turbilhão de dúvidas. Não era apenas a festa. Era o olhar julgador de Sofia, a pressão de ser vista como “a mulher de Oliver Blake” e, acima de tudo, a responsabilidade de proteger o bebê que agora carregava.No
OliverO salão da mansão da família Harrington brilhava com um esplendor que parecia saído de um conto de fadas. Lustres reluziam sobre um chão de mármore impecavelmente polido, e o ar estava carregado com o som suave de uma orquestra ao fundo. Apesar da opulência, havia algo de artificial naquele ambiente — uma tensão subjacente que só era quebrada pelos sorrisos falsos e cumprimentos exagerados.Chegamos exatamente no horário, como sempre. Eu guiava Emily pelo salão, sua mão delicadamente repousando no meu braço. Ela estava deslumbrante, como sempre, mas havia algo mais naquela noite. Ela parecia confiante, decidida, como se cada passo fosse uma declaração de que pertencia àquele mundo, mesmo que muitos ao redor estivessem prontos para questioná-la.— Todos estão olhando. — Disse Emily, sua voz baixa, mas com um sorriso que desafiava qualquer insegurança.— Que olhem. — Respondi, inclinando-me para ela. — Eles estão apenas vendo o que nunca poderão ter.Ela riu suavemente, mas havia
OliverO som das sirenes ecoava no ar frio da noite enquanto a ambulância corria pelas ruas, cortando o trânsito com uma urgência que fazia meu coração bater mais rápido do que eu podia controlar. Emily estava imóvel ao meu lado, seu rosto pálido, os olhos fechados, e cada segundo que passava parecia uma eternidade. A pressão de sua mão na minha havia desaparecido, e isso me aterrorizava mais do que qualquer coisa.— Aguente firme, meu amor. — Murmurei, mais para mim mesmo do que para ela. — Você vai superar isso.O paramédico do outro lado do veículo verificava seus sinais vitais, mantendo uma expressão calma, mas focada. Não conseguia decifrar se aquilo era um bom ou mau sinal.— Ela vai ficar bem? — Minha voz saiu mais trêmula do que eu gostaria.O paramédico ergueu os olhos por um breve momento antes de responder.— Estamos fazendo o possível, senhor. O estado dela é estável por enquanto, mas precisamos levá-la ao hospital o mais rápido possível.Estável. A palavra deveria me traze
EmilyO silêncio do hospital era interrompido apenas pelo som ritmado do monitor cardíaco ao meu lado. Minha mente estava nebulosa, como se uma névoa tivesse tomado conta de tudo. Eu sabia que estava em um hospital, mas os detalhes eram confusos. Tentei abrir os olhos, mas o esforço parecia enorme.Onde estou? E por que tudo está tão quieto?Sons indistintos chegaram aos meus ouvidos. Vozes. Familiar, mas ao mesmo tempo distantes. Tentei me mover, mas uma dor aguda me impediu. Então, lembrei-me.O salão. O tiro. Oliver.Minha respiração ficou mais rápida, e o monitor cardíaco começou a apitar mais alto. Uma mão quente segurou a minha, trazendo-me de volta. Não precisei abrir os olhos para saber quem era.— Emily, estou aqui. Você está segura. — A voz de Oliver era firme, mas carregada de emoção.Eu queria responder, mas meu corpo parecia preso em uma batalha entre a consciência e o desconhecido. Antes que pudesse tentar novamente, senti outra mão tocar minha testa.— Calma, querida. E
OliverEnquanto Emily descansava no hospital, envolta em um silêncio tranquilo, minha mente era um turbilhão. Eu estava sentado ao lado dela, minha mão segurando a dela, mas meus pensamentos estavam a quilômetros de distância. O nome de Fernando ecoava em minha cabeça como um alarme incessante.A porta do quarto abriu silenciosamente, e Alice entrou, carregando um tablet em uma das mãos.— Sr. Blake. — Disse, sua voz baixa para não acordar Emily. — Consegui as informações que você pediu.Levantei-me cuidadosamente, soltando a mão de Emily e seguindo Alice para o corredor. Minha expressão deveria refletir a urgência e o cansaço que eu sentia.— O que temos? — Perguntei, cruzando os braços enquanto Alice me entregava o tablet.Ela hesitou, como se pesasse as palavras antes de falar.— Fernando foi liberado sob fiança. Não há evidências suficientes para mantê-lo preso mais tempo, e, aparentemente, ele já está se movimentando.Meus dentes se apertaram, e eu entreguei o tablet de volta com