Ao anoitecer daquele dia, após todos terem jantado e se retirado, Firmina preparou um chá para Eloise e foi até seu quarto. A jovem estava com um lindo vestido branco, cheio de rendas e bordados. Firmina a encarou e colocou a xícara ao lado da cama:
— A senhorita está muito bonita.
A jovem sorriu:
— Obrigada Firmina. Estou um pouco nervosa.
Firmina sentou ao lado dela:
— Ainda dá tempo de desistir.
— Não. Eu vou continuar. Já enviei a carta para o Arthur, não vai demorar muito para ele receber e a dos meus pais, você coloca embaixo da porta assim que eu adormecer.
Firmina assentiu. Eloise pegou a carta e entregou a ela:
— Será que vou sentir alguma coisa? Dor?
Firmina pegou as mãos da jovem:
— Eu acredito que deve ser como dormir. Eu ficarei aqui com a senhorita.
Eloise assentiu e pegou a x
Farroupilha, 2010Elena estava com alguns amigos numa festa da casa de um deles no interior da cidade. Fazia poucas semanas ela havia retornado de Porto Alegre, onde concluíra sua faculdade de filosofia e agora voltava a sua cidade natal para dar aulas na escola onde um dia estudou. Ela sempre foi uma jovem introvertida e tímida, tinha poucos amigos e nunca havia namorado, pois sempre cultivou uma paixão pelo jovem Eduardo, com quem estudou desde o jardim de infância. Este era totalmente o oposto dela, era namorador, extrovertido e tinha um círculo de amigos muito grande, sempre sendo o popular da escola.Era uma linda noite de verão, a lua cheia brilhava no céu, deixando a noite parcialmente clara. A festa acontecia na casa de Cecília, cujo os pais tinham uma chácara que usavam apenas em finais de semanas ou em eventos. Ela e Elena eram amigas desde a infância, embora tenham se afastado
Elena caminhou em direção a janela e olhou para a linda lua no céu. Ela estava muito nervosa, havia esperado muito por aquele momento. Edu não acendeu a luz, caminhou até ela e abraçou por trás, tirou o cabelo de seu pescoço e deu um beijo:— Queria ter mais tempo com você, mas precisamos nos apressar, o próximo jogador só pode começar quando concluirmos aqui.O corpo de Elena se arrepiou e ela sentiu um frio na barriga. Tentou virar para Edu, mas ele a manteve firme, de costas para ele. Ele a pressionou contra a janela e ela pode sentir sua ereção. Então ele começou a deslizar as mãos pelas coxas dela, levantando seu vestido e puxando sua calcinha. Elena se assustou:— Edu? O que está fazendo?Ele continuou. Abriu o zíper da sua calça e tirou seu membro para fora passando nela.— Eu vou ser r&
Elena entrou em seu carro e dirigiu sem olhar para trás. As lágrimas rolavam pelo seu rosto, lágrimas de tristeza, de decepção. Assim que chegou em casa, correu para seu quarto, pegou um pijama e foi para o banheiro. Escovou seus dentes durante vários minutos, assim como sua língua e toda extensão da boca, depois usou enxaguante bucal, lavou as mãos e foi tomar banho.Ela se sentia suja e por mais que esfregava, parecia que toda aquela sujeira não saia dela. Queria tirar de si qualquer vestígio do Edu. Lavou e esfregou várias vezes os lugares onde ele tocou, mas a imagem dele a olhando nos olhos cheio de prazer e perversidade não saia da cabeça dela. Então sentou-se ao chão, deixando a água cair sobre si e chorou. Chorou tanto que seus olhos ficaram inchados. Alguém bateu na porta:— Elena, querida você está bem?Era su
Os dias que se seguiram não foram nada fáceis para Elena. Seu pai ficou muito chateado, depois irritado. Ele queria saber a qualquer custo com quem Elena fez aquilo e como a foto foi parar na internet. Era difícil para ele assimilar que depois que uma foto estava na rede, dificilmente poderia se remover, pois um vai passando para o outro e se perde a dimensão de onde pode chegar.Os pais de Elena falaram com uma advogada que disse que não teria como eles processarem alguém se a filha não desse nomes dos envolvidos e como a conta era fake, o melhor a fazer era tentar esquecer, que logo aconteceria outra coisa para as pessoas falarem. No entanto para os pais era complicado aceitar isso, ainda mais que a filha estava cada vez mais refugiada no seu mundo, não saia mais de casa, nem do quarto.Elena havia deletado todas suas redes sociais e trocado de número, mas sempre alguém a encontrava e tentava ligar
Rodrigo estava de folga naquela quinta-feira. Ele trabalha como médico no hospital local e havia saído de um plantão de doze horas. Passou no corpo de bombeiros para pegar uma encomenda com seu primo Bruno e depois ia para casa. No entanto seus planos não saíram como esperado. Rodrigo tinha uma filha de cinco anos e morava no interior da cidade com ela, sua esposa havia falecido de câncer há um ano e estava sendo muito difícil conciliar sua vida profissional e pessoal e muito mais ainda dar conta da falta que ela fazia para eles. No momento sua mãe estava em sua casa cuidando da pequena Lauren, mas ele sabia que teria que resolver aquela situação logo. Seu primo Bruno, tinha uma filha um ano mais velha e sempre que podia trazia roupas, brinquedos da menina para dar ao Rodrigo. Eles conversavam sentados num sofá no batalhão, Bruno disse:— Espero que consiga aproveitar essas roupas
Já fazia uma semana que Elena estava em coma. Seus pais estavam desesperados. No inicio eles até pensaram que ela havia feito aquilo a si mesma, mas a jovem que a ajudou apareceu no hospital algumas vezes e contou a verdade. Mesmo assim, eles estavam preocupados e se sentindo culpados por não terem buscado ajuda antes.Rodrigo foi algumas vezes vê-la e buscou saber como ela estava. Descobriu sobre o que havia acontecido com ela antes do acidente, das fotos na internet e ficou com mais raiva ainda das pessoas. Cecília também foi uma vez visita-la, mais por se sentir culpada pelo que havia acontecido. Mas quem estava lá todos os dias eram seus pais e sua irmã.Naquele dia em especial, a mãe havia trazido um senhor e sua filha para a visita. Eles faziam parte de uma religião chamada umbanda que mistura elementos do culto africano, com santos católicos e tradições indígenas. Pe
Vicente e Rodrigo se olharam sem entender o que estava acontecendo. Vicente pediu licença para examiná-la e colocou aquele objeto do seu pescoço nos ouvidos e então com a outra ponta se aproximou dela e colocou em seu pulmão e coração.— Eu vou solicitar uma ressonância do seu cérebro, uma das enfermeiras virá busca-la em breve, mas acredito que antes queira ver seus pais?Eloise o olhou esperançosa, queria muito ver os seus pais:— Por favor senhor.Vicente a olhou com carinho:— Não precisa me chamar de senhor, pode me chamar pelo meu nome.Ela o olhou surpresa, pois todos sabiam que não era adequado uma jovem chamar um homem pelo primeiro nome ao menos que tivesse intimidade com ele, nesse caso geralmente era o marido, irmãos.— Me sinto melhor o chamando de senhor, se não se incomodar.Ele so
Eloise começou a passar por uma série de exames para determinar se estava tudo bem com ela. Os médicos constataram que ela não tinha nada fisicamente. Seu cérebro estava em ótimo estado. A única alternativa que achavam ser a mais coerente para o que estava havendo com ela era que tinha desenvolvido Transtorno Dissociativo de Personalidade. Então indicaram psiquiatra e terapia com neuropsicólogo e/ou psicólogo.Naquela tarde ela estava em seu quarto fascinada pela televisão quando sua mãe chegou com algumas roupas:— Oi filha, eu trouxe umas roupas, conforme pediu.Eloise já tinha percebido que as pessoas se vestiam diferente pela televisão e também pelas enfermeiras e a senhora Carmem:— Obrigada senhora Carmem.Carmem a olhou com carinho e ao mesmo tempo triste. Ela rezou muito para ter a filha de volta e estava agradecida a Deus, m