Capítulo 2

Bela

Já faz seis meses desde o dia em que vi os meus pais pela última vez. Apesar deles terem acabado com todo o patrimônio da família e ainda terem me deixado com agiotas perigosos me ameaçando o tempo todo, não consigo sentir raiva deles, apenas saudades, pois apesar de tudo, eles eram pais maravilhosos e sempre me encheram de amor.

Eu não sei se eu fiquei fragilizada por causa da data, mas acabei me humilhando e ligando para o Robert.

Quando ele terminou comigo, veio com a história de que ainda seríamos amigos e que ele estaria por perto para me apoiar, afinal, eu perdi tudo, mas não foi isso o que aconteceu, já que ele me evita e quase nunca me atende. Porém, hoje, para terminar de aniquilar com o meu emocional, uma mulher atendeu o telefone, quase susurrando e disse para eu ficar na linha e escutar.

Parece que ela atendeu a ligação escondida do Robert e colocou para eu ouvir. Aqueles nojentos estavam tendo uma relação íntima e por mais que eu tentasse desligar, fiquei paralisada ouvindo o homem que eu amava gritando de prazer nos braços de outra mulher. Para piorar a minha dor, enquanto satisfazia o homem que eu achava que era meu, a mulher começou a perguntar sobre mim e ele respondia que eu era a aposentadoria dele, mas que agora eu não servia mais para nada.

Depois disso, acho que o Robert descobriu que eu estava ouvindo tudo e depois de xingar algumas palavras, desligou o telefone.

Eu confesso que chorei mais do que aquele miserável merecia que eu chorasse, o pior é que já era de madrugada, quase manhã, e eu não tinha dormido nada e tinha que trabalhar no outro dia.

Eu preciso muito desse emprego e não posso sonhar em ser demitida, já que além de pagar aluguel e minhas despesas, ainda preciso pagar aqueles malditos agiotas e o meu salário não é ruim, comparado com os outros lugares que conheci. O único problema era que o meu chefe, que eu ainda não conhecia, tinha a fama de ser cruel e arrogante, além de ser perfeccionista. Por sorte, ela não havia voltado de viagem e apesar de muito trabalho, eu estaria em paz ao longo do dia.

Eu resolvi tomar um banho caprichado, me arrumei e como já era manhã, passei em uma cafeteria e comprei um café expresso duplo e fui para a empresa.

Eu tinha acabado de chegar e fui na sala do meu chefe pegar a agenda dele, confesso que estava mais distraída do que o habitual, e quando abri a porta para sair, trombei com um homem que tentava entrar e derrubei todo o meu café nele.

ㅡ Droga! Sua imbecil! Você não olha por onde anda? ㅡ disse o homem, com o olhar tomado por chamas de ódio e eu logo entendi que estava diante do meu chefe.

ㅡ Desculpe-me, não percebi que tinha alguém entrando. Se quiser, posso levar a sua camisa para a lavanderia e daqui a pouco estará seca. Por favor, não me demita, não foi por mal.

ㅡ Não vou te demitir, pare de choramingar. Agora venha, pegue minhas roupas e leve para a lavanderia. Não posso trabalhar assim.

Eu ainda estava atônita com tudo isso que estava acontecendo. O meu coração batia descompassado, eu me senti com medo, mas não recuei e fui atrás do meu chefe para tentar arrumar a bagunça que eu fiz. O problema era que eu não esperava que ele fosse fazer o que fez.

ㅡ Senhor Lima, por que está tirando a roupa? ㅡ disse cobrindo os olhos com as mãos.

ㅡ Qual é o seu problema, garota? Como pensa que as minhas roupas vão ser lavadas? Por acaso devo me enfiar em uma máquina de lavar?

ㅡ Desculpe, mas me assustei e não raciocinei direito.

ㅡ Parece que raciocinar não é o seu forte. Agora, pare de me pedir desculpas ou então esqueço a promessa que fiz a mim mesmo e te demito.

Eu destampei os meus olhos e tentando olhar o mínimo para o meu chefe, peguei as suas roupas e levei para a lavanderia que ficava do outro lado da rua.

Quando finalmente entreguei as roupas na lavanderia e depois de suplicar bastante, consegui que dessem um jeito na roupa do meu chefe. Eu ainda estava trêmula quando entrei no elevador para voltar para o trabalho e, perdida em meus pensamentos, ouvi o som de notificação do meu celular. Eu olhei sem pensar, pois provavelmente era alguma coisa séria e quem sabe até mesmo o RH mandando eu ir assinar a minha demissão. Antes fosse! Era o Robert, dizendo que aquilo tudo que eu ouvi não passou de uma armação e que queria falar comigo pessoalmente hoje a noite. Eu não respondi nada e deixei esse problema para depois, já que tinha um mais sério para resolver.

Apesar de assustada, bati à porta do meu chefe e depois de ter a autorização para entrar, já com um discurso pronto na mente, me silenciei com a cena que eu estava vendo: o meu chefe sentado no sofá da sala dele com um laptop apoiado na perna, enquanto falava ao telefone. Tudo isso seria muito normal, se não fosse o fato dele estar vestido apenas com uma boxer preta e com o seu peitoral exposto. O cara de boca fechada parece um modelo de tão lindo.

De repente, ele faz uma pausa na sua ligação, me encara com aquele olhar penetrante e diz:

ㅡ O que foi? Nunca viu um homem na vida? Vai ficar parada aí até que horas?

ㅡ Eu peço desculpas, aliás, vou me policiar para parar de me desculpar tanto. Tome, sua roupa está limpa novamente.

ㅡ Tudo bem. Enquanto eu me visto, pegue a minha agenda para ver os compromissos do dia.

Droga! Como eu ia dizer a ele que os compromissos do dia foram todos adiados?

Com certeza agora ele me mata.

ㅡ O que foi, garota? Está querendo que eu te dê um trato? Estou tentando me vestir.

Nossa! Como ele é prepotente!

ㅡ Não preciso de trato algum. Só estava tentando arrumar uma forma de avisar que, por ordem do seu pai, os compromissos do dia foram adiados.

ㅡ Merda! Saia daqui e me deixe sozinho.

Eu saí da sala dele e fiquei aliviada por ser apenas a secretária dele e não a assistente, já que ela trabalha na mesma sala dele e anda atrás dele o tempo todo. Falando nisso, o assistente dele está demorando para chegar. Espero que não tenha acontecido nada, pois não aguentaria mais um surto do meu chefe bonitão.

Parece que eu ia ter um pouco de paz, pois desde quando me mandou sair da sala, não voltou mais e nem me pediu nada. Quando deu o meu horário de almoço, saí como o orientado e pela primeira vez naquele dia, respirei com um pouco de alívio.

Eu ainda estava um pouco isolada e por

Isso almocei sozinha, o que de certa forma foi bom, pois precisava colocar a minha mente no lugar e também descansar, já que não dormi nada na noite anterior.

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