El círculo da matilha está reunido no centro de controle dos sentinelas. A determinação nos olhos de cada um desses lobos é palpável enquanto buscam o plano perfeito para enfrentar a crescente ameaça representada por Hansen e seu grupo maldito.— Bem, o que propõem? — pergunta Zven, seu olhar fixo em Lían enquanto todos se sentam ao redor da mesa do círculo.Allan toma a palavra, sua voz firme e decidida. — Recuperar a Anne, matar o Hansen, extinguir os malditos e tentar voltar vivos.A declaração é recebida com um silêncio tenso, mas não há dúvidas nos olhos dos lobos reunidos. Eles sabem que o perigo que enfrentam é real e que o tempo para a indecisão é um luxo do qual não desfrutam.Ao ouvir seu irmão mencionar como primeiro ponto recuperar aquela que todos dizem ser sua Lua, Lían sente um forte nó no peito. Desde que leu a profecia e lhe disseram que tem uma Lua que esqueceu por causa de um selo, ele sente que respirar é doloroso.Sem dar muito tempo para sua confusão, Lían adicio
Lían sentiu como o sangue começou a congelar em suas veias diante da aparição daqueles enormes lobos. A única luz vinha da lua cheia, que se filtrava através das folhas das árvores. Quando criança, ele ouvira rumores sobre a existência daquelas criaturas. Para muitos, eram monstros, até mesmo acima dos amaldiçoados. Para outros, eram os guardiões supremos da floresta. Mas, seja qual for o título que lhes dessem, todos concordavam em uma coisa: não passavam de um mito contado aos filhotes nas noites de preparação.Os lobos eram enormes, muito maiores do que qualquer outro que ele já tinha visto. Seus olhos brilhavam na escuridão, e suas pelagens eram de um branco deslumbrante, quase prateado. Lían sabia que precisava manter a calma, embora seu coração batesse forte e o medo o invadisse pela primeira vez em muito tempo. Ele recuou lentamente, sem desviar o olhar dos lobos, lembrando-se das histórias que ouvira sobre a ferocidade daqueles lobos.À medida que os lobos se aproximavam dele,
— Certifiquem-se de que ninguém fique para trás. — São as palavras de Allan enquanto ajuda a carregar comida na carroça destinada ao seu transporte.Lían dá as últimas instruções enquanto observa como todos os membros da alcateia que não podem lidar com um ataque ou enfrentar-se em combate começam a ser evacuados. — Devem cobrir o rastro de vocês, não podem deixar nada ao acaso. — Diz enquanto entrega a Aidan um selo de comando temporário.— Estarão seguros, eu prometo. — São as palavras do sentinela ao pegar o selo. — Estaremos esperando por você, Alfa.A resposta que obtiveram a essas palavras foi um leve sorriso por parte de Lían; ele sabe que Aidan fará o necessário para manter essa promessa.— Está tudo pronto.Ambos os lobos se viram ao ouvir as palavras de Allan, ficando um momento em silêncio. Os três se observam fixamente. Desde que eram crianças e juntos com Alice, todos tinham sido muito próximos, e quando Aidan e Alice se apresentaram como "almas gêmeas", a sua união cresc
Solo quando a presença daquele lobo às suas costas desaparece, Anne tem a confiança de parar seus passos. Apoiando-se no tronco de um carvalho-branco, ela solta seus suspiros baixos, "essência sem alma" - essas palavras ecoam dentro dela, e embora não saiba de onde vieram, a força com que se repetem dentro dela a faz sentir um vazio forte e profundo.Desista já! — diz a voz do lobo. — Seu destino nunca foi existir.Ao ouvir essas palavras, sua dor e perturbação aumentam. Baixando o olhar para suas mãos, Anne percebe como elas se tornam de certa forma turvas, quase como se estivesse começando a desaparecer, e embora uma parte dela diga que isso é o correto, que é assim que as coisas devem ser, outra parte diz para não desistir, que ela deve sair dali e voltar para Lían.O sussurro do vento entre as folhas das árvores e o estalo dos galhos sob seus pés são os únicos sons que preenchem o silêncio tempestuoso da noite. Desviando o olhar de suas mãos, ela tenta acreditar que é apenas sua i
— Anne, você quer ouvir uma história? Quando o mundo era jovem e as alcateias ainda estavam em seu estado mais primitivo, um lobo solitário cantava apaixonadamente para a Deusa Lua. O lobo, cuja pelagem resplandecia sob a luz prateada da lua, cantava com paixão e devoção que ecoavam nos recantos mais profundos da noite. Seus uivos eram uma ode à beleza e ao mistério da noite, uma expressão de amor e admiração pela Deusa que iluminava o firmamento noturno. Noite após noite, o lobo solitário erguia sua voz para o céu estrelado, e seu canto se tornava mais comovente a cada lua cheia que passava. A Deusa Lua, que observava o mundo do alto do firmamento, sentiu-se profundamente comovida pela devoção deste lobo. Ela se perguntava por que aquele lobo, uma criatura solitária da noite, lhe dedicava tantos elogios e admiração. Um dia, a Deusa Lua decidiu descer à terra para se encontrar com o lobo solitário. Ela desceu na forma de uma bela mulher, com cabelos prateados que brilhavam como a pr
O som da chuva é alto e claro em seus ouvidos, mas, mesmo assim, todo o seu corpo se sente quente e confortável; um forte contraste com o frio e a dureza da noite anterior. Ela tentou abrir os olhos, mas uma forte pontada na cabeça e no peito se fez presente no momento em que a luz tocou a leve abertura de seus olhos, então ela os fechou novamente.— Descanse um pouco mais — diz suavemente uma voz profunda —, o médico disse que você esteve perto da morte.Aquela voz não era a de seu pai nem a de alguém que ela conhecesse. O médico disse? Então, ela tinha conseguido escapar daquele lobo, a encontraram, e agora ela estava em um hospital, certo?— Você não tem ideia do quanto eu fiquei assustado, minha lua."Lua"? Essa era a palavra que ressoara em sua cabeça durante a noite enquanto o lobo a rondava, e aquela voz era a mesma que as havia pronunciado. Seu corpo implorava para poder dormir um pouco mais, mas seu instinto, bem, ele estava dividido ao meio. Uma parte dizia que ela deveria s
— É muito bonita, não é, mamãe? — diz uma voz pequena e doce. — É tão bonita quanto ver a lua cheia.O toque suave daquela mão pequena em sua bochecha a tira da sonolência, abrindo os olhos suavemente. A forte luz no quarto é a primeira coisa que percebe, e depois de um momento, consegue focar sua visão, vendo uma pequena menina sorridente.— Oi! — ela cumprimenta animada. — Mamãe, venha rápido, ela acordou! — chama enquanto mantém a mesma emoção. — Eu sou Ellen, e mamãe diz que você é minha nova tia.— Ellen! — ouve uma segunda voz chamando. — Venha aqui, deixe-a descansar tranquilamente.Sentando-se na cama, Anne observa o espaço, e a pequena esperança de que todas as suas memórias recentes fossem apenas um pesadelo enquanto está sob os cuidados de um médico desaparece quando ela reconhece aquele espaço como a cabana onde acordou da última vez. Em um rápido escaneamento do ambiente com seu olhar, percebe que, desta vez, as únicas pessoas presentes são a pequena menina e uma mulher.
Quando Lían se deparou com a imagem da pequena Ellen chorando no pórtico da casa, a primeira coisa que pensou foi que sua irmã o repreendera por sua efusividade e isso causara o choro da pequena menina. No entanto, ao ver Alice emergir da espessura ao lado da casa com sua pele de lobo, a agitação e a preocupação que emanam dela fazem-no entender que a situação é outra. — Há quanto tempo? — pergunta enquanto se aproxima dela. — Duas horas. — é a resposta que ela dá ao mudar para sua aparência humana. Mas isso é tudo o que consegue dizer. Em um movimento ágil, Lían adentra a floresta ao mesmo tempo em que deixa seu lobo sair; se ele se apressar, pode encontrar o rastro de sua parceira. Sua parte humana não pode evitar praguejar baixinho; esse não é o melhor momento para brincar de caçador e presa com sua Lua. Na verdade, Lían esperava chegar em casa e poder conversar calmamente com ela, explicar o que está acontecendo e as mudanças que sua vida sofrerá a partir desse momento, mas ago