Jamien estava com a filha no colo enquanto viam descer o corpo sem vida de sua esposa dentro de um caixão.
Ao contrário do que tinha acreditado durante toda a vida, ele não estava preparado para aquilo, estava preparado para aproveitar a vida ao máximo, mas nunca para deixá-la, de certa forma ele achava aquilo injusto, apesar da taxa de mortalidade ser alta devido a parto, a ideia é que as estatísticas negativas sempre alcance no máximo o vizinho, nunca ele, o problema era que ele era o vizinho desta vez.
— Vai ficar tudo bem, Gleide, querida – disse ele à filha enquanto a via dormir despreocupadamente em seu colo – você será maior do que a vida, você brilha, minha querida, sua mãe deu a vida para que você nascesse e vencesse tudo e todos.
NAQUELA SEMANA, Jamien vendeu tudo o que tinha e partiu para Paris, sua vida de fazen
Genara entrou no quarto do hospital e ficou todos aqueles dias ao lado da neta, revezando entre orar a Deus e fazer promessas a si mesma, principalmente depois do erro grotesco que cometeu em mandar matar o marido, o infeliz do assassino saiu correndo de sua casa, e após perder muito sangue, desmaiou ao tentar abrir a porteira, onde a vaca saiu correndo, atravessou a pista e o carro de sua família o acertou em cheio, por um milagre a menina sobreviveu caindo justamente em cima da vaca, amortecendo a sua queda.Deixe que os mortos enterrem seus mortos...Foi isso o que aquela velha cigana desgraçada disse daquela vez no circo quando decidiu levar a filha ver aquele espetáculo há tantos anos.Maldita a hora que fui ver aquelas cartas...GENARA ESTAVA COM A FILHA de cinco anos de idade quando o circo chegou na cidade, e tudo aquilo era extraordinariamente mágico, principa
Gleide estava crescendo e já era uma menina que chamava a atenção pela beleza exuberante que irradiava, seu apelido era Esmeralda, devido seu livro favorito, O corcunda de Notredame, de Victor Hugo, era magra, com seios Espanhóis sobressalentes e protuberantes, seus olhos verdes cristalinos e um cabelo encaracolado que saltava os olhos.Não nega a sua descendência cigana...Seu pai já não sabia mais o que fazer para conter os inúmeros pedidos de casamento, ele sabia que mais dia ou menos dia teria que tomar uma decisão, ela gostando ou não, o dinheiro que tinha levado para Paris estava quase no fim, daria para eles manterem seus pequenos luxos por apenas três meses, depois disso estariam à mercê de seus próprios destino, assim como todo bom cigano gostava de viver.— Vou facilitar para você, meu anjo.— Não quero saber de
Os médicos já haviam desenganado Genara quanto ao destino da pobre garota, tudo o que a medicina poderia fazer por ela já tinham feito, o que esperavam agora era por um milagre ou o mais perto disso, e foi exatamente o que aconteceu.Certo dia, logo pela manhã, Tânia simplesmente acordou bem, como se absolutamente nada tivesse acontecido com ela.— Realmente não sei o que dizer, Genara... eu...Genara segurou a mão do doutor com suas duas mão balançando de alegria.— Ela é um milagre, doutor, sempre foi...— Não tenho como discordar disso.— Nem Deus discordaria, doutor... nem Deus...Genara ainda se lembra de tudo como se tivesse sido ontem quando a sua filha lhe trouxe a notícia.***— ESTOU GRÁVIDA, mamãe.Genara abraçou a filha.— Deus seja louvado, minha querida...
Gleide estava contando o dinheiro que furtou do pai e imaginando que tudo aquilo demoraria uma vida para gastá-lo, mas a realidade foi completamente diferente, ela percebeu que dinheiro na mão era vendaval.— Desculpe, senhorita Viermond, mas terá que sair do nosso hotel se não pagar o aluguel atrasado.O dono do hotel era um solteirão de meia-idade de olhos sagazes, mas ela sabia que todos os homens tinham um preço e certo dia o seguiu e viu que ele tinha ido a um prostíbulo.Então o nosso senhor todo certinho tem suas escapadelas também, hein...— Preciso que libere o quarto, senhorita Viermond.— O que gosta de fazer nas horas vagas, Camillo?— Gosto de foder putas com o dinheiro que recebo das pessoas aqui, como você não me paga, não fodo.Gleide ficou sem ação, ela imaginou que ele jamais iria ad
TÂNIA ESTAVA EM FRENTE às lápides de seu avô e seus pais e disse:— Será que algum dia vamos reencontrá-los, vovó?— Espero que demore muito, querida.Tânia, um pouco a contragosto sorriu, ela percebeu que ao lado da sua avó se sentia mais confiante.— Não sei o que faria sem você.Genara abraçou a neta.— Deus iria dar um jeito de cuidar de você na minha ausência, meu anjo, nunca se preocupe além do que é necessário, para cada dia cabe o seu próprio mal.— Espero que demore muito para isso acontecer.Genara riu porque a neta a repetiu.— Eu também, querida, vamos ser muito felizes juntas.Um homem de terno e gravata chegou perto delas.— Senhora Veronese?— Sou eu.— Vim trazer esta carta.Genara a abriu e o
Gleide sentia que a haviam rasgado ao meio, perder a virgindade com um homem que tinha um pênis de mais de trinta centímetros era um preço alto demais.— Vejam só... parece que eu tirei a sorte grande aqui, temos uma garotinha intocada até então.Gleide não sabia se chorava ou se mantinha firme naquela situação.— Fico feliz em ser o primeiro, querida, dizem que as mulheres jamais esquecem o primeiro homem.Realmente jamais me esquecerei de você desgraçado, pois será a primeira pessoa que irei matar na vida...Ela não sabia se conseguiria encontrar a mulher no parque, nem sabia se conseguiria voltar a andar depois daquele dia, mas era se esforçar ao máximo ou o desgraçado faria aquilo novamente com ela.Aos poucos o corpo foi voltando ao normal e a dor foi amenizando.Se a velha disse que esse mundo qu
Elas subiram a rampa do navio, Genara olhou para trás e sorriu por tudo o que tinha vivido ali naquele país, tinha chegado criança, se casou, teve uma filha e ficou rica, mas sabia que era hora de voltar para casa... coincidentemente naquele dia também estava nevando, era como se a vida estivesse lhe dizendo que um ciclo tinha se iniciado da mesma forma que ele tinha se encerrado.Aquele país tinha lhe recebido com neve e estava se despedindo com neve, ela só não imaginaria que aquela seria a última vez que a veria em vida.Elas se acomodaram em uma cabine de luxo.— Acho que nunca te contei sobre o passado longínquo de nossa família, os Copelli.Tânia se lembrava de cada história que a sua avó tinha lhe contado, mas aquela jamais foi sitada.— Um dos sete municípios que anteriormente formavam o município de Alessandria era R
Gleide conheceu pela primeira vez um estúdio de costura, e descobriu que o nome daquele incrível mundo mágico era ateliê, o clima era o que ela havia sonhado a vida toda, só não tinha a mínima ideia de que tudo aquilo tinha um nome.— Não sei nem por onde começar.Marie deu um tapinha na cabeça de Gleide e disse:— Tudo começa ou aqui – disse indicando a cabeça – ou aqui – indicando o coração – se souber usar os dois com harmonia facilitará bastante o trabalho das pessoas.Gleide tocou com delicadeza nos tecidos e andava como quem sonha, ela sempre havia feito as suas roupas, mas de forma muito arcaica, o que sempre gerava comentários das pessoas devido alguns erros aparentes.— O segredo está sempre na forma como você fecha as roupas, o acabamento tem que ser perfeito, &agrav