FELIPE . . Voltar pra casa depois do meu divórcio com a Marina, foi estranho, na maioria das vezes ela não estava lá, por conta dos inúmeros eventos que ela ia, mas a sensação de saber que eu morava sozinho em uma casa tão grande, me deu um certo tipo de solidão, e ela levou nossa cozinheira, o que fazia de mim um homem solitário e sem comida. Eu precisava respeitar o tempo da Nicole, ela não queria casar antes de terminar a faculdade, queria que as coisas corressem devagar, e apesar disso doar meio adolescente, eu não poderia insistir, não até ela realmente se sentir preparada pra dar esse passo, sem contar que eu havia acabado de me divorciar. Mas embora não casando, eu precisava ter a Nicole ao alcance de minhas mãos, e não dava pra ter isso morando em outro estado. — Eu preciso dar um jeito nisso. Falei, enquanto me livrava da gravata e deitava no imenso sofá. Havia muitas coisas que precisavam encaixar novamente na minha vida, e um homem como eu, tornava tudo mais
NICOLE . . No final do dia, depois de ter assistido todas as aulas finalmente em paz, fui abordada pela Clara. — Escuta Nicole, você não ficou chateada porque falei pro seu namorado quem eram as pessoas que estavam te atacando não, né? — No começo eu senti vontade sim de te matar, eu realmente acreditei que iria fazer papel de ridícula na frente das pessoas, ao verem o meu namorado me defender como se eu fosse a filha dele, mas depois eu fiquei orgulhosa e você se livrou de uma bronca. — Você tem sorte Nicole, é difícil uma mulher ter esse privilégio de ser defendida da forma como o Felipe te defendeu. — Você está certa, eu sou uma mulher de muita sorte. — Que tal a gente sair hoje? Nós estamos com saudades dos nossos encontros, e os meninos vão adorar te reencontrar. — Sem julgamentos? — Alguém julgou você no grupo? — Mas pessoalmente é diferente, Clara. — Somos seus melhores amigos, pelo menos é o que achamos, nós não iremos julgar você. Vamos, por favor?
Depois de desligar na minha cara, eu fiquei olhando pra tela, tentando assimilar o que havia acabado de acontecer, toda a perfeição daquele namoro, havia sido colocado em dúvidas em questões de segundos. — Desligou na minha cara? Sem eu ter feito nada de errado? Sério mesmo? — Está tudo bem? A voz do André, um dos meus amigos, ecoou atrás de mim, e eu tentei disfarçar as lágrimas que estavam se formando nos meus olhos. — Nada demais, é só saudades do Felipe. Ele ficou alguns segundos me encarando e eu conhecia bem aquele olhar, era daquela forma que ele me olhava quando não acreditava em mim. — Vocês brigaram, não foi? Eu soltei o ar dos pulmões, me sentindo derrotada. — O Felipe não lida muito bem com o fato de eu ter uma vida além dele. — Então isso é um problema. Você sabe né? — Sei, e eu preciso resolver isso. Mas não agora, hoje eu vou curtir os meus amigos e esquecer que o meu namorado é um babaca. O André deu um beijo na minha testa, e depois voltamos pra m
FELIPE . . Eu fui vencido pelo cansaço, eu dormi sem saber o paradeiro da Nicole, nem o motivo dela ter desligado o maldito celular. Quando eu acordei, meu primeiro pensamento foi ela, e rapidamente eu fiz uma tentativa fracassada de ligar pra ela. — Ainda desligado, que porra! Meu celular sempre esteve cheio de mensagens, tanto de parceiros de negócios, quanto dos meus funcionários, então eu não prestei atenção nas mensagens e simplesmente joguei o celular na cama e fui tomar um banho e me preparar para as reuniões importantes que eu teria no dia. Depois de arrumado, peguei o celular e fui até a cozinha preparar o café, e então o celular tocou. Quando olhei pra tela, vi que era o Fred, e rapidamente atendi. — Bom dia Fred, algum problema na empresa? — Bom dia, pelo visto você ainda não está sabendo? — O que houve? — Você já olhou as redes sociais, Felipe? — Eu sou um homem ocupado, Fred. — Felipe, olha suas redes sociais e depois me liga se precisar de alg
NICOLE . . Eu nunca me senti tão humilhada, ler cada uma das mensagens do Felipe, era como se eu tivesse sendo apunhalada, era como se cada uma daquelas palavras apagassem todas as vezes em que ele me defendeu ou pareceu respeitar a mulher que eu era. Em uma das mensagens, ele dizia que haviam bucetas mais caras e mais difíceis que a minha, e que eu poderia aumentar o preço do programa depois de ter tido a oportunidade de ser comida por Felipe Gutierrez. Em nenhum momento da minha vida, eu lembrei de ter chorado tanto, quanto eu chorei ao ler isso, foi necessário a Clara e a Luana me abraçarem, na tentativa de me acalmar. — Como ele pode falar uma coisa dessas? Como ele pode me machucar tanto assim? Logo ele que deu todo aquele discurso me defendendo, é o primeiro a acreditar em qualquer merda que vê na mídia. Como ele não consegue confiar em mim? Eu dei o meu coração pra ele. Meus soluços eram intensos, meu choro parecia estar rasgando a minha alma, e apesar de ter minha
FELIPE . . Eu queria ter o poder de me teletransportar naquele momento, eu estava furioso por conta daquela foto, mas pensei na possibilidade de dar pra Nicole o benefício da dúvida. Talvez, ela tivesse falado a verdade, e eu piorei tudo falando tudo o que havia falado no calor do momento. Rapidamente eu liguei pro Fred, ele era o único que podia fazer alguma coisa naquele momento. — Agora você viu? Ele perguntou assim que atendeu. — Eu vi, e estou furioso. — Felipe, isso é armação da Renata, a Nicole ama você, deve haver alguma explicação válida pra essa foto, já tentou dar pra ela a chance de se explicar? — Cara, eu mandei várias mensagens pra ela, uma mais pesada que a outra, ela ligou pra mim, e quando eu atendi, eu praticamente chamei ela de prostituta, falei que não queria mais os serviços dela e... — Você não fez isso, Felipe. Que tipo de idiota é você? — Você está defendendo ela porque já comeu ela. — O que isso tem haver com a história? Esquece essa me
NICOLE . . Eu desabei por mais alguns minutos, eu precisei de um pouco de tempo pra engolir o fato que o meu conto de fadas tinha acabado. — Nicole? Como você está? A Clara falou atrás de mim, enquanto eu enxugava a última gota de lágrima que eu estava disposta a derramar. — Acabou amiga, a partir de hoje, o Felipe está morto pra mim. — Você tem certeza que não tem como consertar esse mal entendido, Nicole? — Não existe mal entendido aqui, Clara, o Felipe tinha duas opções, ou confiava ou não confiava em mim, e infelizmente ele escolheu a segunda opção, e agora eu estou dando a minha ausência como pagamento. — E o que você vai fazer agora? Você vai... Você sabe... — Não, eu não vou voltar a fazer programa, eu vou cuidar da minha vida de outra forma, vou recuperar o meu nome que a sociedade tanto tenta jogar na lama. Agora eu preciso ir, tenho muitas coisas pra resolver hoje. — Você precisa de ajuda com algo? — Só que você ligue pro André, e explique tudo, eu pr
FELIPE . . A primeira coisa que fiz quando saí do helicóptero, foi ligar pro Fred, eu queria ter certeza que ele havia conseguido manter a Nicole no apartamento. — E aí? Ela está aí? — Sim — Estou a caminho. Assim que cheguei no condomínio, um carro estava na minha frente esperando pra entrar, quando ele entrou, eu segui logo atrás, mas estranhamente, ele entrou na segunda vaga livre da Nicole. — Que porra é essa? Eu não podia estacionar o meu carro, pois o carro do Fred estava na outra vaga. Eu desci do carro exatamente quando o dono do outro carro desceu, e eu o reconheci, era o mesmo cara da foto, que estava beijando a testa da Nicole. Eu havia acabado de dar o benefício da dúvida pra Nicole, no entanto, a presença daquele cara, que claramente estava indo ver ela, no apartamento dela, trouxe de volta todo o ódio que senti anteriormente. Ele olhou pra mim, e sem dizer nenhuma palavra, eu avancei nele, deixando o meu carro no meio da passagem. Eu segurei fu