FELIPE . . A primeira coisa que fiz quando saí do helicóptero, foi ligar pro Fred, eu queria ter certeza que ele havia conseguido manter a Nicole no apartamento. — E aí? Ela está aí? — Sim — Estou a caminho. Assim que cheguei no condomínio, um carro estava na minha frente esperando pra entrar, quando ele entrou, eu segui logo atrás, mas estranhamente, ele entrou na segunda vaga livre da Nicole. — Que porra é essa? Eu não podia estacionar o meu carro, pois o carro do Fred estava na outra vaga. Eu desci do carro exatamente quando o dono do outro carro desceu, e eu o reconheci, era o mesmo cara da foto, que estava beijando a testa da Nicole. Eu havia acabado de dar o benefício da dúvida pra Nicole, no entanto, a presença daquele cara, que claramente estava indo ver ela, no apartamento dela, trouxe de volta todo o ódio que senti anteriormente. Ele olhou pra mim, e sem dizer nenhuma palavra, eu avancei nele, deixando o meu carro no meio da passagem. Eu segurei fu
NICOLE . . Eu e o Fred tivemos uma longa conversa sobre as atitudes extremistas do Felipe, e definitivamente aquele relacionamento iria terminar de qualquer forma se continuasse do jeito que estava. Eu sempre fui uma mulher livre e convicta daquilo que eu queria, e nada disso mudou quando embarquei em um relacionamento. Eu sabia que deveria respeitá-lo, mas esse respeito não incluía eu abrir mão da minha autonomia. — Eu vou ficar na sala, eu preciso resolver algumas coisas da empresa e terei que fazer algumas ligações Nicole, mas me chama se precisar de alguma coisa. — Você sabe que eu vou matar você quando eu sair daqui, não sabe Fred? — Eu fujo antes disso acontecer. — Seu covarde. Ele se retirou, e eu fiquei presa no meu mundo por um tempo. Eu tirei o celular do bolso e pensei em mandar mensagem pra portaria, mas eu não queria que a minha vida fosse exposta mais do que hav
FELIPE . . Quando o Fred desceu e me viu, percebeu que eu realmente estava mal, era algo difícil de explicar até mesmo pro meu próprio irmão. — Vamos pra empresa? Lá conversamos melhor. Eu concordei e ambos entramos nos nossos respectivos carros. Assim que saímos do prédio, eu vi quando reportes bateram fotos dos nossos carros, eu não havia percebido aquilo quando entrei, talvez eles não quisessem chamar atenção, mas acabaram chamando a minha e eu me lembrei que precisava resolver aquela situação. Tudo estava ainda pior na entrada da minha empresa, pareciam um monte de urubus, atrás de evidenciar uma notícia capaz de destruir a minha vida e o meu relacionamento, e pelo visto, o processo contra a Renata não a impediu de continuar me prejudicando. As páginas de fofocas poderiam até pertencer a outras pessoas, mas todas tinham acordos com a Renata, o nome da Renata estava na
NICOLE . . Depois que o André e o Gabriel foram embora, eu percebi o quanto aquele silêncio era necessário, havia muito barulho dentro de mim, e eu precisava me reconectar comigo mesma e me escutar de forma clara e absoluta. Eu desfiz a mala que eu havia montado, preparei um banho, e perdi a noção do tempo, mas o tempo que passei relaxando e pensando em mim, foi mais do que suficiente pra eu chegar em uma conclusão. Definitivamente o Felipe havia caído na minha vida de paraquedas, ele não era alguém que eu estava buscando, como geralmente acontecia nos aplicativos de encontro. Ele era alguém com uma bagagem de vida tão pesada quanto a minha, com histórias, traumas e relacionamentos fracassados, mas pra minha falta de sorte, um desses relacionamentos fracassados estava atravessando a minha vida, como se eu tivesse tido alguma culpa, e eu estava cansada de
No dia seguinte, logo pela manhã, o celular tocou e vi o nome da Kátia na tela. Naquela altura, eu já estava preparada para qualquer resposta, pronta para o que viesse. — Oi, Kátia. Atendi, tentando soar casual, mas a expectativa fervilhava em mim. — Nicole, você não vai acreditar. Consegui as informações que você pediu. Vai ter um evento nesse final de semana, e a Renata está confirmada. Eu consegui três entradas, como você pediu. Senti uma adrenalina percorrer meu corpo. O sorriso veio automaticamente, como se finalmente algo estivesse se encaixando no lugar certo. — Você é incrível, Kátia! Eu sabia que podia contar com você. — Só quero te lembrar, Nicole, que a partir de agora, tudo o que acontecer é responsabilidade sua. Eu não estou envolvida com nada. Não quero que meu nome apareça em lugar nenhum, entendeu? — Claro, você tem a minha palavra. O que eu fizer vai ser por minha conta e risco. Você não tem nada a ver com isso. Kátia suspirou do outro lado da linha, mas sabia
FELIPE . . A cada segundo do meu dia, era o nome da Nicole que vinha na minha mente, era algo que eu não conseguia controlar. Eu tinha medo do tempo que eu estava dando pra ela, eu pensava na possibilidade dela chegar a conclusão que poderia viver sem mim. Não era que eu duvidasse da capacidade dela de seguir a vida sem a minha presença na vida dela, eu sabia que ela tinha força e determinação o suficiente pra nunca mais olhar na minha cara, se percebesse que eu traria mais malefícios do que benefícios pra vida dela. A grande questão era que eu havia me tornado um homem completamente apaixonado por aquela mulher, eu estava disposto a dar o mundo pra ela, e pra mim, seria o fim do meu mundo se ela não quisesse fazer parte dele. Eu pensei que após a publicação da Kátia, a Nicole iria entrar em contato comigo, que ela iria ver o meu gesto como um pedido de desculpas, embora
NICOLE . . Os dias passaram se arrastando pra mim, a saudade do Felipe estava me matando dia após dia, mas eu não queria ligar pra ele pra falar sobre nós dois, sem estar realmente bem pra isso. Ir pra faculdade depois de tudo o que aconteceu, me causou repulsa pelos olhares das pessoas, parecia que eu havia muito o que explicar, e que a defesa do Felipe na publicação da Kátia não havia servido de nada. A verdade era que as pessoas talvez nunca olhariam pra mim como se eu fosse realmente digna de confiança. — Não liga pra esse povo, Nicole. A Clara falou ao se aproximar e envolver o braço no meu braço. — A vontade que eu tenho às vezes é de mudar de país, Clara. Quando entramos na sala, o olhar daquelas vagabundas que o Felipe ameaçou, foi de puro deboche, quase que eu arrancava os olhos de cada uma, mas a Clara apertou tanto o meu braço,
FELIPE . . Eu entrei no evento antes mesmo de receber uma resposta da jornalista, eu poderia simplesmente ter continuado o meu caminho sem fazer aquela pergunta idiota, que infelizmente iria alimentar ainda mais a dúvida sobre eu ainda estar com a Nicole ou não. Assim que cheguei na parte interna, algumas pessoas se aproximaram pra me cumprimentar, mas enquanto eu os cumprimentava, eu olhei ao redor, buscando um único vestígio da Nicole. "Eu poderia ter entendido errado? Não poderia? Não, aquela jornalista parecia bem certa do que estava falando". Meus pensamentos intrusivos não estavam permitindo que eu desse atenção pras pessoas. — Felipe? Ainda bem que você já chegou, nossos funcionários já chegaram com as jóias, e elas já estão com as modelos, logo o evento começa e você precisa estar presente. O Fred falou assim que me viu. — Cadê ela,