Depois de passar quase a noite inteira pensando, em claro, Cristine tinha tomado uma importante decisão. Estava realmente agindo como uma babaca, esperando coisas que nunca lhe tinham sido prometidas. Estavam ali para se divertirem, não para firmarem um relacionamento. Então, era isso que faria. Teria um dia maravilhoso, voltaria para São Valentim, para o casamento de sua melhor amiga, onde, novamente, faria de tudo para se divertir. Depois pensaria no que fazer a respeito de Enzo. Talvez repensasse a ideia de voltarem para Angra, pois não sabia se era uma boa ideia. Em seu lar, longe daquele clima de romance, poderia pensar com mais clareza.
Tudo bem que ainda se sentisse em dívida com ele por sua ajuda, mas precisava pensar em si mesma, em seu coração.
Tentou mostrar o m&
Não demoraram muito para chegar à boate. Enzo não a conhecia, mas era nova e lhe fora indicada por um amigo. Ele parou o carro no estacionamento privativo para clientes e seguiu com Cristine, pagando as entradas e pegando a comanda, onde poderiam anotar suas bebidas e toda a consumação. O local estava cheio, a música estava alta e a luz era baixa. Praticamente toda a iluminação vinha das luzes de LED coloridas, que piscavam sem parar, provocando uma sensação vertiginosa. Os cheiros também se misturavam. Era álcool, vários tipos de perfumes e maconha. Enzo imediatamente se arrependeu de sua escolha. Tinha lhe parecido uma excelente ideia para que se divertissem um pouco, mas talvez estivesse ficando velho demais para aquele tipo de coisa. E, al&eacu
Cristine, exatamente como Enzo pediu, voltou para a mesa, que, por acaso, ainda estava vaga. Sentou-se e tentou se recompor, começando finalmente a refletir o que tinha acontecido. Jamais tinha perdido a cabeça daquela forma, principalmente ao ponto de se trancar em um banheiro com um homem para fazer sexo em cima de uma pia. Era insano, irresponsável, mas completamente excitante. Aliás, precisava admitir que tudo com Enzo era muito excitante. Tudo era inexplicável, louco e impulsivo. Nunca sentira tanto desejo por alguém nem tanto prazer. Era incontroláel. Era um vício. Tinha prometido a si mesma que iria se deixar levar, que não iria pensar no amanhã, que faria daquela viagem um momento único, realizando seus desejos e aproveitando cada segundo. E est
Novamente o caminho até a casa foi silencioso, e assim que chegaram, Cristine se jogou no sofá, literalmente. Ao menos ela não tinha decidido se trancar no quarto, como Enzo achou que aconteceria. E, para sua surpresa, assim que se sentou ao seu lado, percebeu que estava rindo. — Acho que vou ter que te perguntar novamente por que está rindo... — Ficamos pouco tempo naquela boate, mas com certeza causamos. Demos um show na pista de dança, transamos no banheiro e ainda arrumamos confusão. Ou melhor, fizemos parte de uma, porque, na verdade, não a começamos. Era bom saber que a raiva e o mal estar tinham passado. Exatamente como tinha dito, Cristine era boa em superar seus problemas, o que fazia com
— O que houve? — Enzo nem teve tempo de refletir com cautela, porque Cristine logo apareceu no topo da escada, parecendo intrigada e preocupada. Estava descabelada, parecendo sonolenta, e vestia uma camisa dele. Linda e desejável, como sempre. Ele precisava contar para ela. Sabia que estava tarde, que eles precisavam descansar, mas seria melhor que resolvessem logo aquele problema, porque ele sabia que a conversa — ou melhor, a discussão — seria longa. — Eu estava falando com Marcela. Foi ela que te ligou todas aquelas vezes. — Ah, meu Deus! — Cristine exclamou preocupada. Então, desceu as escadas, indo de encontro a ele. — Qual é o problema? 
Dizer que Cristine tinha acordado cedo era errado, porque, afinal, ela não tinha sequer pregado o olho. Sentia-se envergonhada, humilhada e vendida, como se tivesse entregado seu corpo em troca de todo o dinheiro que Enzo gastou nos últimos dias. Ela sabia que ele devia ter muito, mas não deveria esbanjar tanto, principalmente com uma garota que nem era dona do seu coração. E era exatamente por isso que precisava se afastar. O quanto antes, para aquela dívida não ficar ainda maior. Bem cedo, quase ao raiar do dia, ela acessou a internet usando o celular e encontrou alguns telefones de pessoas que realizavam transporte em barcos a motor. Ela teria que gastar uma boa grana, dinheiro que não tinha, para poder chegar a Angra, mas seria por uma boa causa. De Angra, teria que pegar um &oc
Fora feito de bobo. E o pior... caíra como um patinho na teia de sedução de Cristine. Era vulnerável a ela. Na verdade, nunca deixara de ser. E ela se aproveitou disso para escapar. Ainda teve coragem de trancá-lo em sua própria casa. Como pudera ser tão idiota a ponto de não lembrar imediatamente da chave extra? Levara mais de trinta minutos tentando arrombar a porta pesada, procurando algo para abrir a fechadura... até que abriu a gaveta do criado mudo e lá estava ela: a porra da chave reserva. Correu o mais rápido que pôde, mas era tarde demais. Ela já estava longe no mar. Insano como estava naquele momento, chegou a pensar em pular na água e nadar até ela par
Fazia um bom tempo que Enzo não comparecia a uma cerimônia de casamento. Entrar em uma igreja, então... nem pensar. Mal podia contar nos dedos há quanto tempo não visitava a casa de Deus. Talvez aquela fosse uma boa hora para colocar a conversa com Ele em dia. Sua mãe estava sentada ao seu lado, virada para trás e conversando animadamente com alguém que ele não conhecia. Na verdade, a igreja estava uma enorme confusão de vozes, e Enzo sentia que não conseguia relaxar. Precisava ver Cristine, saber que estava bem e tentar conversar com ela. A boa notícia era que tinha Marcela do seu lado. Ela provavelmente iria dar um jeito de fazer os dois conversarem. Minutos pareceram horas, mas finalmente a marcha nupcial começou a tocar, e ele se levantou, acomp
Cristine estava com os dois punhos amarrados a uma cama. Já tinha tentado se soltar várias vezes, mas não conseguira. Vestia apenas um sutiã e calcinha, e sentia-se mais exposta do que nunca. Patrão tinha saído do quarto, mas ela sabia que era apenas uma questão de tempo até ele voltar. Para estuprá-la. Tudo que passava por sua cabeça era o quanto fora estúpida por não ouvir os conselhos de Enzo e Marcela. Bem, na verdade, ela os tinha ouvido. Sabia do risco que estava correndo ao voltar para a cidade, mas simplesmente não acreditara que a situação pudesse estar tão séria. Não achava que a obsessão daquele homem pudesse mesmo estar tão latente. Estava pagando o preço por sua teimosia, por sua incredulidade.&nbs