Na quinta-feira de manhã, encontrei Henrique me esperando outra vez na recepção do consultório da doutora Regina. Faríamos a ecografia que deveria revelar o sexo do bebê. Sinceramente, eu não estava muito preocupada com o que viria, contanto que tivesse muita saúde. Já seria difícil ter um filho sem experiência ou jeito pra coisa, imagina se ainda tivesse que ficar levando em hospitais, exames e tratamentos. Que Deus me livrasse de uma coisa dessas!
Ao menos até então nada havia dado errado, o que era uma preocupação a menos.
Nem havia pensado em nomes ainda. Embora tivesse ganhado mil opções desde que revelara a gravidez. Quer dizer, sempre havia alguém para dar palpite dizendo quais nomes estavam na moda, ou quais achavam bonito, ou até para ficar apostando se seria menino ou menina. Sim, porque Igor e Carolina fizeram mesmo uma aposta, cada um acreditando no próprio sexo.
No entanto, o meu bebê não estava muito interessado em mostrar suas partes íntimas a
Eu prefiro o Henrique fofo. E vocês?
Era comum sair de madrugada para atender algum cliente. Afinal, que hora melhor do que a noite, com ruas vazias, escuras e sem policiamento, para assaltos e outros tipos de crime? Por isso normalmente deixava o celular embaixo do travesseiro, para o caso de ele começar a tocar.Normalmente o deixava com som, para escutar melhor, até porque não havia ninguém para se incomodar por ter sido acordado no meio da noite. Na época em que estava com Bernardo, também não havia problema, pois ele sempre ia comigo até a delegacia.No entanto, agora havia Henrique no quarto uma vez ou outra, então eu precisava deixar no silencioso antes de ir dormir, apenas na vibração para sentir quando tocasse. Não queria incomodá-lo. Nunca havia acontecido nada enquanto estava com ele, mas nunca se sabe.Até aquele dia.Eu estava com sono leve, pois não dormia mais tão be
Embora não houvesse contado nem a minha melhor amiga sobre minhas frequentes conversas com a mulher de Cassiano, meu cliente, eu trocava mensagens com ela semanalmente. Quase havíamos nos tornado confidentes.Provavelmente porque Mariane era a única pessoa que sabia o que eu sentia pelo pai de meu filho. Achei que contar a uma desconhecida era muito mais fácil do que a alguém como Carolina, que teria uma reação muito exagerada. Ou Luana, que ficaria colocando lenha naquela fogueira, me fazendo acreditar em coisas que não eram reais.Mariane me enviava mensagens quase todo dia, com tudo quanto era informação sobre gestação, como se eu mesma não pudesse buscar tudo na internet. Pensava que provavelmente ela não gostava muito de meu comportamento pouco materno em relação a Arthur, talvez porque, como mãe de tantos filhos, achasse que gravidez era a maior
Tivemos uma noite maravilhosa. Henrique cozinhou outra vez, depois olhamos um pouco de televisão agarradinhos embaixo das cobertas.Nesses momentos, quando tudo parecia perfeito, eu bem que tentava ficar na minha, calma e serena, curtindo aquele tempo juntos na esperança de que ele tomasse coragem de dizer que realmente queria ficar comigo e que aquilo não era só falta de algo melhor para fazer. Mas então acabava encostando-me em seu ombro, buscando mais calor do que o cobertor me dava e mais conforto do que o sofá me oferecia. Henrique afastava meus cabelos, me beijando no pescoço. Ele sempre beijava meu pescoço no mesmo lugar, na curva entre o pescoço e a cabeça, logo abaixo da orelha, o que fazia meu corpo inteiro estremecer.Eu fechava meus olhos, pois sabia o que viria a seguir: ele subiria até a orelha, me fazendo gemer, eu viraria o rosto, procurando sua boca, e aí já era.
No outro dia, Carolina me convidou para jantar em sua casa naquele sábado. Em vez de responder que sim imediatamente, fiz a imbecilidade de perguntar se havia convidado seu primo. Quer dizer, foi sem querer, mas a verdade é que não sabia fazer mais nada sem ele presente. Eu estava virando uma pessoa ridiculamente apegada.Sua ideia inicial não era convidá-lo, obviamente. Afinal, da última vez que nos viram juntos, estávamos discutindo. Não faziam ideia do que aprontávamos quando ninguém estava vendo. No entanto, minha amiga quis saber se eu me importava em chamá-lo também, ao que respondi com um tanto faz (querendo realmente dizer que sim).Na hora nem pensei no que minha resposta poderia implicar. Eu não fazia ideia como me comportaria na frente dele sem transparecer que estávamos tendo um caso. Mas iria fazer um esforço para demonstrar que nada estava aco
Em um sonho daquela noite Henrique aparecia em meu quarto em plena madrugada e deitava ao meu lado, me abraçando por trás. Sentia primeiro seu perfume, e logo seu calor.Ele passava a mão por minha barriga e beijava meu pescoço e eu me sentia a mulher mais feliz do planeta. Depois ele dizia o quanto tinha sentido minha falta, que eu era tudo pra ele e que ele me amava.Mas era só um sonho, que logo acabou e a tristeza e sentimento de solidão veio bater novamente em minha mente e corpo. Eu odiava acordar e saber que ele não estaria ali ao meu lado, mas a quilômetros de distância, fazendo um treinamento do banco. Sem contar com o fato de estar irritado comigo por algum motivo que eu não tinha muito certeza de qual era. Talvez por termos revelado nosso segredo a Igor. Como se eu fosse a única culpada. Ou talvez porque eu não quisera revelar a Carolina. Não conseguia me decidi
Almoçamos e todos se reuniram na sala, conversando sobre assuntos diversos. Gustavo parecia um pouco alterado. Não sabia se era assim mesmo ou se havia bebido muito. Até que ele se aproximou do balcão onde estávamos sentados, eu, Henrique e Isabel, discutindo sobre quando e onde seria o chá de bebê, ainda que faltasse mais de um mês para isso.— Não acredito que você finalmente conseguiu pegar a Andressa, Henrique! — falou.Claramente havia sido ele que bebera a maior parte do vinho.— Não “peguei” a Andressa — reclamou o irmão mais novo. — Não fala como se ela não estivesse bem aqui ao lado.Ele estava com aquela expressão de quem não gostava nada de falar naquele assunto.— Lembra de quando você era criança e dizia que ia casar com ela? — continuou Gustavo, ignorando o irm&
Já eram quatro horas da tarde e nada de Henrique aparecer. Sendo sábado, esperava que fosse estar comigo, mas, que diabos estaria fazendo? Sem nem me avisar!Ele não havia dito que iria realmente a meu apartamento, porém, depois de tantos percalços, parecia que tudo estava ótimo entre nós. Parecia algo esperado, algo óbvio de acontecer. Ao menos na minha cabeça.Resolvi passar por cima de meus princípios de não correr atrás de homens, até porque já estava bem longe de conseguir esconder o que sentia. Duvidava muito que àquela altura Henrique não soubesse que estava completamente apaixonada por ele. Quer dizer, se até minha mãe havia percebido, por que ele não notaria o quanto minhas atitudes haviam mudado? Era carinhosa, falava manso, tentava fazer tudo para agradá-lo e fazia um esforço tremendo para não responder est
Nunca senti tanto medo na vida como senti naquele dia. Fiquei desesperada com a ideia de perder meu filho que ainda nem sequer conhecia. Mais desesperada com a ideia de que perder meu filho também significava perder Henrique de todas as formas possíveis, pois não teríamos mais nenhuma ligação dali adiante.Carolina parecia muito mais calma do que normalmente, o que era uma evolução e tanto para a pessoa mais exagerada que eu conhecia. Achei que ela me deixaria ainda mais nervosa quando saiu gritando e dirigindo feito uma doida pelas avenidas da cidade.Ela me levou até o hospital, sempre falando coisas para me acalmar e pedindo para que eu respirasse enquanto ela contava. Parecia estar falando com um de seus alunos.Entrei na emergência e fui imediatamente atendida, com a possibilidade de um parto prematuro e até pré-eclâmpsia. Minha pressão sanguínea estava al