Ele colocou o tablet de lado, abriu a gaveta e olhou para o acordo de divórcio. Quando a porta foi batida, ele fechou a gaveta, e João entrou.- Mestre Rodrigo, Theo quer te ver.Rodrigo hesitou por um momento, baixou os olhos e disse calmamente:- Deixe ele entrar.João saiu para chamar o visitante, e então Theo entrou no escritório. Ele se sentou no sofá como se nada tivesse acontecido, enquanto Rodrigo se levantou e caminhou até lá. João, então, serviu o chá e saiu, fechando a porta.- Sr. Theo, veio falar comigo sobre algo?Theo olhou para ele e disse, com um tom nem frio nem caloroso:- Sim, há algo. - Depois que Rodrigo se sentou, o rapaz começou a falar de maneira fria e severa. - Eu sei tudo o que aconteceu entre você e Camila no país S. As coisas que Camila veio me dizer naquele dia, agora eu entendo.Rodrigo franziu ligeiramente a testa.- O que Camila disse a você?Theo olhou diretamente para ele, com uma expressão sombria.- Você deveria agradecer pelo sentimento que minha
- Naquela época, as pessoas da família Cruz ainda eram amigáveis comigo, e me deram um medicamento dizendo que era uma vacina capaz de resistir à infecção viral. Por confiar neles, e também preocupado com minha filha, paguei um alto preço por aquele medicamento e o usei nela. - Theo apertou o punho, rangendo os dentes. - Mas, inesperadamente, minha filha ainda foi infectada pelo vírus. Não é de se admirar que ela tenha deixado a família Eduardo um ano depois para ir com Ângelo para o País M. Eles me enganaram por décadas! E aquele medicamento não era uma vacina, mas sim o próprio vírus. Eles me enganaram para usar minha filha em um experimento!Após um momento tenso de silêncio, Rodrigo se serviu de um chá, falando calmamente:- O vírus era um experimento deles?No País S, Revere já havia mencionado a ele que a infecção era apenas o primeiro passo. O desespero de Theo era saber a verdade sobre sua filha Cecília, que mesmo vacinada, foi infectada.Theo não escondeu mais:- Sobre o caso
Rodrigo apertou as mãos cruzadas à sua frente e, com os lábios firmemente fechados, abriu eles levemente para falar:- Eles ainda estão fazendo experimentos.Theo, surpreso, perguntou logo em seguida:- Como você sabe?- Porque eu estou infectado. - Seu olhar pousou levemente sobre a xícara de chá. - Desta vez não há período de incubação, é um novo vírus.- Camila sabe?- Ela não sabe.Theo, perplexo, ficou em silêncio por um longo tempo.Rodrigo olhou para ele e disse:- A mãe de Camila foi infectada pelo vírus, provavelmente usou algum soro, então Camila não mostra sinais de infecção, seu sangue é muito especial.Theo respirou fundo. Ele pegou a xícara de chá mas demorou para beber, enquanto Rodrigo falava calmamente:- Eu vou me divorciar de Camila.Theo olhou para Rodrigo por um bom tempo. Dali, ele percebeu que o rapaz realmente se importava com sua neta. Ele colocou a xícara de chá de volta na mesa.- Eu entendo.- Por favor, mantenha isso em segredo por mim.- Você não quer vive
À noite, Camila foi buscar Sofia. ela estava com um vestido de alcinha, cabelos presos, exalando uma beleza fresca e vibrante. A amiga entrou no carro e colocou o cinto de segurança.- Por que de repente quis me convidar para beber? - Perguntou Sofia.Camila, já dirigindo, respondeu com um riso abafado:- Estou de mau humor.- Você e Mestre Rodrigo brigaram ou algo assim? - Sofia percebeu seu estado emocional. - Vocês não estavam bem antes de irem para o país S?Camila franziu os cílios, mas não conseguiu dizer a frase "Vamos nos divorciar". Ela não queria falar, talvez ainda desejasse manter a aparência do casamento, mesmo que fosse só para enganar a si mesma por um momento.Chegaram a um pequeno bar, onde ambas pediram coquetéis. Sofia mexia a bebida com um canudo, olhando para Camila.- Camila, você está com algum problema?Ela hesitou, mas mudou de assunto:- Você pretende adiar seu casamento com o Sr. Herberto?Sofia a olhou e murmurou:- Eu não quero me casar, mas meu pai, a mãe
- Herberto, você realmente trouxe sua noiva para beber na primeira vez que se encontram. - Brincou Otávio, segurando uma taça de vinho enquanto olhava para Herberto com um sorriso. Ele não respondia, mas Sofia não parecia tão contente ao jogar uma semente de melão em sua direção, indagando:- Que coisa sem sentido você está falando?Otávio se esquivava da pergunta, rindo.- Somos todos do mesmo círculo. Quem não sabe do noivado da família Ribeiro com a família Teixeira?O noivado das famílias Ribeiro e Teixeira era conhecido por todos, de fato. Mesmo que Sofia não o admitisse, ela não podia escapar disso.Hélio, sentado ao lado de Herberto, também começava a brincar com Carlos:- Carlos, você ainda não está pensando no seu casamento?Carlos colocava a taça de vinho para baixo e falava:- Eu não estou com pressa.- Ainda não está com pressa? Você tem quase a mesma idade que o Mestre Rodrigo, e ele já não sai para se reunir há anos, não é?Otávio então olhou para Hélio.- Ele tem uma fa
Ela também não queria ficar sozinha ali, então pegava sua bolsa para sair. Nesse instante, se virava e via o celular de Camila, esquecido no sofá.- Como ela pode ter...Ao pegar o celular e tocar a tela, ele se iluminava e ela via uma mensagem não lida. Claramente chocada com o conteúdo da mensagem, seu rosto expressava surpresa.Herberto a observava.- O celular dela?Sofia não respondia, pegando sua bolsa e correndo para fora.- Herberto, o que eles estão...Hélio perguntava, os outros dois também pareciam confusos. Herberto, então, respirava fundo e se levatava.- Vocês continuem bebendo, eu vou ver o que aconteceu. Sofia havia acabado de sair do bar, quando Herberto a alcançava e a segurava, falando calmamente:- Ligue para Carlos e pergunte onde ele está, eu te levo até lá.Mas Sofia ainda estava atordoada. Herberto imaginava que ela não havia o ouvido, portanto, voltava a falar novamente. Entretanto, antes que pudesse repetir, Sofia levantava a cabeça e olhava para seu noivo.
- Ah, eu invejo ele por ter pais que o amam, e também invejo sua liberdade. - Carlos sorriu levemente.A solidão nos seus olhos fez Camila sentir que as suas palavras eram verdadeiras. Ele então voltou a falar, com uma voz suave:- Uma vez, alguém me disse que, se uma pessoa não tem sonhos, não ousa viver por si mesma, e só sabe seguir regras e rotinas todos os dias, isso é realmente triste. - Ele virou e olhou para ela. - Quem me disse isso foi a mãe de Rodrigo, a Sra. Viviane.Camila abriu a boca, mas não falou nada.E ele continuou, calmamente:- Na minha família, os mais velhos são muito rigorosos. Na minha infância, além de estudar etiqueta e regras, eu tinha que ler vários livros para complementar meu conhecimento. Quando fui para o colégio privado, as coisas que eu tinha que aprender se tornaram ainda mais numerosas. Eu não tinha tempo livre para relaxar, e nem sequer esperava fazer amigos.Camila, então, entendeu que nascer em uma família nobre significa ter um status elevado e
Camila ficou em silêncio.Ela já tinha ouvido de Karina que, se Tiago não tivesse desistido de Viviane por causa da família, talvez não existiria o Rodrigo de hoje, e até mesmo Carlos não seria o Carlos de agora.Tudo já estava predestinado. Se naquela época não tivessem mudado, talvez ela não teria encontrado Rodrigo em sua vida.As loucuras de seis anos atrás, os destinos que se entrelaçam seis anos depois, eles se encontraram.. Isso não foi sua escolha? Se naquela época ela não tivesse escolhido voltar para lutar pela Vinna Joias, mas continuasse no país S desfrutando da fama e da fortuna, talvez ela nunca teria encontrado o pai de seus filhos.Carlos olhou para o relógio.- Já está tarde, eu te levo para casa.Camila, depois de ouvir tudo isso, não se sentia mais tão perturbada. Ela se levantou.- Obrigada.- Não precisa ser formal comigo, já que nos conhecemos, somos amigos. - Carlos disse com um sorriso leve no rosto.Os dois, então, saíram do parque, e viram Rodrigo parado em fr