Após deixar Hector, caminho de volta para dentro do teatro. Agora o lugar está bem mais cheio que antes. Feller já deve ter chegado. Observando pela porta do teatro, vou fazendo uma busca por alguma coisa loira demais. Meus olhos vão passando até chegarem no monitor descendo as escadas.
— Ei! Por que demorou tanto? — ele salta dois degraus e consegue facilitar para chegar a mim.
— Eu acabei tendo um imprevisto no caminho — minto.
— Tudo bem, venha logo que a apresentação já vai começar.
— Mas eu ainda não me despedi dos meus amigos.
— Você faz isso no caminho, agora venha logo — não questiono-o e começo a acompanhá-lo.
O espaço na escada é minúsculo, só podendo passar uma pessoa de cada vez. Seguro o corrimão e ultrapasso as fileiras de assentos, tentando ava
Eu sei que o gato está com fome, mas eu preciso terminar de limpar atrás da geladeira de qualquer jeito ou não consigo ficar sossegado.Molho a escova mais uma vez e passo no restante da sujeira atrás da geladeira. O gato mia mais três vezes e eu me ergo do chão vencido pela insistência dele.Will vira a cabeça de lado e salta do balcão ao chão da cozinha e caminha rebolando até o pote de ração.— É, eu sei que é isso que você quer — falo com o gato que apenas solta um miado e se afasta do pote para eu pegar.O sábado de hoje está frio e silencioso, não tem carros passando na rua e ninguém caminhando pela calçada. Há uma suave neblina no meu quintal, mas não há nenhum sinal de neve. Falta poucas semanas para o inverno chegar. Este com certeza foi o verão
Gotas de chuva deslizam pela janela da sala de aula. Está escuro, a tempestade havia acabado com o gerador do internato, restando apenas as lanternas de emergência para iluminar.Enquanto espero a chuva passar, escrevo as próximas atividades que devo aplicar. Estou aliviado que as atividades sobre a mitologia tenham acabado. Já estava ficando difícil os sonhos com Akhlut e meus remédios para dormir passaram a acabar igual água.Uma pílula só não estava adiantando para eu conseguir dormir.No início, pensava que os sonhos com Akhlut eram mais leves que os do homem de mãos grandes, mas logo eles passaram a ser tão horríveis e grotescos quanto o do homem de mãos grandes.Os problemas para dormir pioraram gradativamente e cheguei a ter olheiras por ficar acordado na madrugada.Pelo menos havia Will para eu brincar enquanto tentava esquecer os pesadelos.Se trouxesse Angus para morar comigo, possivelmente ele me faria companhia nesses momen
A porta do térreo dá sinal de cansaço quando nossos ombros colidem pela sexta vez contra ela.— Falta pouco agora — diz Romy com a lanterna na mão enquanto eu e o outro professor se prepara para outra sequência de batidas de ombros.— De novo? — pergunto.— De novo — ele concorda.Suspiro. Estou odiando a água que circula pelas minhas canelas, só está me atrapalhando a conseguir arrombar essa porta para ver Angus.Voltamos a golpear a porta com os ombros. O ferro é martelado, junto dele acompanham-se nossas queixas de dor e os gritos de incentivo de Romy.A porta finalmente cede, o lado de fora é revelado a nós. E o tronco de árvore que estava emperrando a porta escorre pelo corredor sendo levado pela correnteza.— O térreo virou um rio — comenta o professor, ao meu lado, olhando a correnteza que domina o corredor.— Meu carro deve ter sido levado — diz Romy.— Será que conseguimos chegar do outro lado? — o profe
Retornamos para o subsolo completamente úmidos e fedendo a grama e barro.Uester apressa-se a ajudar as crianças a tirar as coisas dos dormitórios para levarmos elas aos andares superiores.Manco lentamente até onde Romy está com um garoto. Quando tinha chegado ao subsolo com Uester, a havia visto se abraçando com esse garoto. Aos olhos de algum monitor poderia com certeza não ser visto muito bem, mas estamos mais preocupados com outras coisas.— Romy — pronuncio me aproximando. Ela vira-se e o garoto afasta-se. Olho o garoto primeiro, relembrando dele sentado ao lado de Angus no teatro. Eltery. Agora sem o sangue na cara e sem uma parte ralada do rosto.— Sr. Bake, vi que voltou com o Sr. Jorryr. Falei que ele iria ficar bem.Graças a mim ele ficou bem, ou estaria ainda com a mão presa embaixo de um tronco esperando outra onda vim do rio.Ela real
Aperto Angus mais junto a mim. Seguro seu rosto ao tempo que sua língua desliza para a minha boca.Algum rumor faz com que minha atenção saia do beijo. Olho para o corredor e o barulho fica cada vez mais alto.Paro de beijar Angus e me afasto com o olhar focado no corredor.— Que foi? — ele questiona.— Um barulho — digo.Angus vira-se e se movimenta um pouco pelo corredor tentando procurar qual barulho.Outro estrondo, e outro, até virem gritos de algum lugar muito fundo no corredor.— Acho melhor irmos, Hector.— Não vai dar para irmos por esse lado, não sabemos como está lá.— Mas Tônia e os outros podem estar lá.— Não, Angus, eu vi como lá estava. A água do térreo ou do segundo subsolo pode ter entrado nesse... — minha perna volta a doer agoniantemente, aperto os dentes. — Nesse andar — concluo e continuo: — Vamos pelo lado oposto.— Não dá, a porta que leva para cima está tran
Tive apenas um cochilo, acordei com dor no joelho — como sempre — e preferi ficar calado observando Angus dormir.As luzes de emergência já estão descarregando. A iluminação está bem mais fraca do que quando chegamos. Podia ver a porta do banheiro completa antes, agora tenho que forçar a visão para conseguir ver ao menos uma parte do formato dela.Angus se mexe um pouco, aperto um pouco mais ele com o braço e deixo um beijo em seu rosto.É ligeiramente difícil imaginar quem poderia tirar a virgindade de Angus. Nada me vem à cabeça. Poderia ser um professor? Não, há realmente poucas opções, só havia eu e Jorryr, e Jorryr parece gostar mais de buceta e é quase impossível, Jorryr acabou de chegar ao internato.Poderia ser um aluno? Mas qual? Tanner? Angus havia dito que só se beijaram, Tanner parece também nunca ter fodido algo, imaturo demais para Angus.Difícil. Sei as pessoas que Angus anda de cor. Talvez pudesse ser
Hector sempre me acorda com o ronco. Não é fácil dormir com ele.— Hector — chamo. Ele geme. — Vira para o lado.Ele faz o que peço e para de dormir de barriga para cima.Passo o braço pela a cintura dele, ficando mais junto ao seu corpo. Coloco um selinho no pescoço dele e volto a dormir.Retorno a minha vida em Kelowna, quando tinha só 7 anos e minha mãe morava com meu pai e meu meio irmão.Morávamos em uma casa de dois andares próximo ao lago. Tínhamos muitos vizinhos e uma vida por fora perfeita, aparentemente. Minha mãe apanhava sempre que meu pai bebia. Às vezes não precisa ele beber também.Amster me trancava no quarto quando começava. Gritos de socorro e tapas. Claramente os vizinhos ouviam, mas não se metiam.Já tinha ouvido na creche, de uma professora, “que minha mãe devia começar a seguir o que o marido dizia para não apanhar. Ninguém gostava dos gritos dela.”Lembro de ter contado para ela.“Vadia, espero que s
Fui liberado do castigo um dia depois de ter voltado para os andares superiores. Até porque não dava para cumprir um castigo de dentro da água.Mas uma parte do castigo ainda continua, tinha que limpar os banheiros junto com a Heather e Eltery.— Estão dando frango com salada agora — Heather comenta analisando seu prato.— Pelo menos desistiram de dar lentilha com carne — digo me sentando no banco do refeitório.— Eles nunca deram lentilha com carne, Angus.Olho em dúvida para ela.— Ah… passei muito tempo no subsolo.— Percebi, a comida de lá devia ser deliciosa — zomba.— Para mim, que passei dias sem nada para comer, não era tão ruim.Ela ignora o que digo e parte para começar a comer.Olho ao redor do refeitório por um momento. Jack está bem afastado da nossa mesa com os amigos dele. Alice está de cadeira de rodas e com um dos braços gessados, sozinha em uma mesa perto da parede, ela briga com o garfo para tentar pegar