Tínhamos ido cedo na farmácia comprar o PlanB para mim, mas como eu imaginei que iria beber, resolvi tomar somente no fim da noite.— Ainda não, mas tomo assim que eu chegar em casa. — Ele apenas assentiu.— Quer saber... — Ele passou os dedos pela minha barriga e sorriu. — No fim, ter um filho com você não parece mais tão assustador. — Sua risada saiu baixa.— Quero ver você dizendo isso ao se deparar com um positivo de verdade... — Acabei rindo ao imaginar a cena de desespero dele. — Mas isso não vai acontecer. — Beijei delicadamente seus lábios.— As duas vão ficar de cochicho aí, ou vão assistir o filme? — Dane passou por nós, bagunçando o cabelo do Ethan antes de sair aos risos. Dom e Alice estavam mais aos beijos do que prestando atenção no filme. Ethan dormia serenamente, com o rosto enterrado em meus cabelos e os braços ao redor de mim. Senti-lo tão calmo ao meu lado era muito melhor do que qualquer filme.Estávamos deitados no colchão no tapete, enquanto Dom e Alice estavam
Estava tudo tão perfeito que não parecia real. Nosso dia foi simplesmente fantástico e pela primeira vez em muitos anos, eu estava feliz. Sem todo aquele peso nas costas. Minha armadura estava enfim, abaixada e tudo isso por ela. Ela conseguiu fazer o velho Ethan aparecer das cinzas, quase como uma fênix. O meu eu de antigamente, aquele eu romântico e que ainda acreditava no amor, — antes de ter seu coração quebrado em pedaços — esse Ethan, voltou... Por ela. Ela e mais ninguém. E nesse momento, nesse pequeno momento em que eu a tenho comigo, com a cabeça deitada em meu ombro enquanto o vento ameno de Nova York bate em seus cabelos, é nessa hora que eu tenho a plena certeza que ela é a mulher perfeita para mim. Sou capaz de mover o mundo por essa mulher e não nego em nenhum momento isso. Abro mão de tudo por ela, só para vê-la feliz do jeito que está agora. Desde o primeiro momento em que a vi eu sabia que ela seria minha perdição e minha salvação, na mesma intensidade. —
Cheguei no bar faltando 15 minutos para o horário marcado com o Oliver, as 20 horas. Assim que entrei pela porta o barman me cumprimentou com um aceno de cabeça, fui até o balcão e me sentei na banqueta, pedindo uma cerveja somente. Oliver se sentou ao meu lado no mesmo momento em que a caneca de vidro vazia bateu no balcão. — Ethan! — Ele me abraçou brevemente e apertou minha mão em seguida. — Faz tempo que não vejo o meu melhor cliente por aqui. Oliver acenou para o barman, pedindo mais duas cervejas. — Muito trabalho... — Ergui os ombros, tentando deixar a resposta a mais vaga possível e ele percebeu. — Ok. — Oliver tomou um grande gole de sua bebida, colocando a caneca quase na metade já de volta ao balcão e passando a mão na boca, parando em sua barba mediana, enquanto avaliava algo. Oliver era o dono do New York Pub a bastante tempo, era um senhor baixinho e gordinho, que beirava os 60 anos, cabelos brancos e compridos, preso num rabo de cavalo ralo, barba mediana que pega
— Fala Ethan! — A voz mal humorada dela me causou risos. — Estou começando a achar que virei palhaça não remunerada para você! — Mesmo o tom de voz estando ríspido, a risada baixa dela a entregou. — Diana e sua ótima educação. — Me sentei no chão e apoiei as costas na parede da varanda, colocando a garrafa de vidro do meu lado no chão. — Desembucha Ethan! Contei a ela a novidade sobre o bar e o quanto eu estava entusiasmado com isso. O tom mal humorado dela deu lugar para uma voz mais alegre. — Cuidado para não espantar a clientela de lá. — Ela riu e eu soltei um palavrão baixo para ela. — Muito engraçadinha você! — Revirei os olhos. — Parabéns para você, sério! — Sua voz estava calma e transmitia felicidade. — Obrigado, vou precisar desse emprego. — Soltei uma respiração pesada. — Muito mais do que imaginei. — Como assim? — A preocupação ficou explicita em sua voz. — Acabei me descuidando e a Heather pode está gravida... — Puta que pariu! Ethan! — A bronca veio ai. — Você
Heather estava com a cabeça deitada em meu ombro, sua respiração estava tão calma e se não fosse o deslizar de seus dedos em minha barriga, eu diria que ela estava dormindo.Estávamos deitados em sua cama, ambos nus e cansados, depois do melhor sexo que tivemos. Na verdade, todas as vezes com ela eram sempre as melhores. Ao fundo tocava I dont care do Ed Sheeran. Realmente nada me importava quando eu estava com ela. — Posso te perguntar uma coisa? — Sua voz me fez voltar a terra. Apenas balancei a cabeça que sim. — Quem ganhou a aposta? Fiquei por alguns segundos sem entender sua perguntar, até que a ficha caiu. — Você ainda leva a sério isso? — Mesmo sem olhar em seus olhos, consegui sentir seu peito subindo e descendo, numa respirada funda. Me sentei na cama e ela fez o mesmo, puxando o travesseiro e o abraçando-o. Isso era vergonha? Ela mantinha os olhos baixos e seus dedos brincavam com a ponta da fronha, já a conhecia muito bem para saber que essa era uma mania dela de q
Respirei fundo ainda tentando conter as lagrimas, pelo menos até chegar no carro. Desci as escadas com tanta pressa que o porteiro quase mal teve tempo de abrir o portão. Entrei no carro dando graças a Deus pela capota está levantada e já passar das 3 horas da manhã. Recostei a cabeça no volante e deixei meu corpo liberar toda a dor que eu estava sufocando a minutos atrás. Pela primeira vez em anos me deixei sentir tudo, meus soluços escapavam a medida que meu corpo tremia, fazendo tudo doer, estava difícil até para respirar. A cada soluço que escapava de meus lábios eram como um grito de dor e angustia. Soquei o volante com força, me amaldiçoando por me deixar sentir tudo isso. — Mas que porra! — Meus ardiam devido ao choro e minha garganta doía. Mas nada disso superava a dor que eu sentia em meu peito. Mais uma vez meu coração foi despedaçado, mutilado em mil pedaços. E mais uma vez eu teria que recolher os pedaços e subir novamente a armadura que me mantinha são. O vibrar
O arrependimento veio junto com o barulho da porta batendo. O silêncio do apartamento era tanto que chegava a ensurdecer.As lagrimas escorreram sem eu notar e meu peito doía que era difícil respirar. Vê-lo saindo por aquela porta, daquela maneira e sabendo que tinha tudo se acabado, me matou por dentro. — Ethan?! — O grito saiu sufocado da garganta e quando dei por mim já estava na porta gritando seu nome, fazendo ecoar pelo corredor vazio. Não mais vazio do que estava meu coração. Fechei a porta atrás de mim e me escorei nela, igual nessas cenas de drama em que a mocinha sofre no pé da porta. Meu choro ecoava por todo o apartamento, se alguém passasse pelo corredor e ouvisse poderia ter plena certeza de que era um choro de luto. E era mesmo... Havia acabado de perder o amor da minha vida, fui burra o suficiente para notar isso quando já era tarde. — Merda! — Esbravejei entre um soluço e outro, enquanto me amaldiçoava por tê-lo feito passar por isso. Não fui justa com ele, nã
Um barulho alto e agudo me fez cair no chão, me forçando a abrir os olhos, sonolenta tentei entender o que estava acontecendo, o barulho permanecia, só então consegui associar que era meu despertador. Contra a minha vontade desliguei e me levantei, minha cabeça latejava de dor e meus olhos ardiam de tanto chorar na noite passada. Recostei o corpo no sofá e peguei o aparelho em mãos, implorando aos céus para ter alguma noticia dele, quase caindo novamente no choro ao notar a negativa disso. Merda!A vontade de levantar e seguir com a vida estava abaixo de 0, meu corpo pesava devido à ausência de descanso e meu coração estava despedaçado em tantos pedaços que era quase impossível de juntar os cacos e recolocar no lugar. Nunca pensei que sentiria um vazio tão grande dentro de mim pela ausência dele. Me arrastei até o banheiro, arrancando as roupas do corpo e entrando de cabeça debaixo da água morna, me ajoelhei no chão, abraçando as pernas com as mãos e deixando as lagrimas se mistura