Dei entrada no hospital respirando fundo por conta da dor. Meus passos devagar e sem tirar as mãos das costas. Eu sabia que iria doer, mas não sabia que seria tanto. Daniel segura minha mão enquanto Manu corre para a recepção.— Tem uma mulher grávida de sete meses e parece que ela entrou em trabalho de parto! — diz rapidamente e a enfermeira me olha e logo desvia.— Ela estava fazendo o acompanhamento aqui? — pergunta calmamente.— Estava, desde do início...— Nome da Dra.? — nesse momento Manuela me olha.— Com a Dra. Kaline — digo por fim — Estou grávida de gêmeos e ela me avisou que isso poderia acontecer, então pediu para que eu ligasse pra ela, deve estar chegando.— Hum... Só um momento — diz virando as costas, me seno na cadeira e logo percebo algumas pessoas me olhando, mas ignorei. Daniel fica em pé do meu lado e logo percebo a falta de paciência que Manuela está ao ver a enfermeira parada com a mão nas costas conversando com outra mulher. Sinto outra contração e tento engol
Sejam bem - vindos ao mundo meus bebês Dois enfermeiros me colocaram em uma cadeira de rodas e me levaram para a sala, Daniel não poderia ficar lá dentro, mas poderia assistir tudo por um vidro que ficaria atrás de mim. Eu o queria ao meu lado, mas agora meu foco deve ser meus filhos que irão nascer logo, logo. eu os verei hoje e isso não tem preço. Entro na sala e logo vejo o pessoal se preparando para fazer o parto, pelo canto dos olhos noto uma enfermeira, que está com uma agulha longa e só de pensar que ali está meu remédio para toda a dor que estou sentindo me deixa muito feliz. Vejo ela se aproximando.— Mãe, você não pode mexer, certo? — diz e concordo. Sinto um dos enfermeiros colocando o peso dele nas minhas costas para me impedir de mexer, isso faz com que minha dor aumente, mas nem sinto quando a agulha entra. Eles me colocam na cama e em segundos não sinto mais nenhuma dor. Um pano é erguido em minha frente e ouço os profissionais conversando entre sim. Sinto uma pressão
DanielJá faz quase duas semanas que vi meus filhos pela primeira vez e posso dizer que foi a melhor experiência que eu poderia ter em minha vida, talvez é algo que eu queira repetir novamente, mas não posso deixar Analu saber disso, caso contrário ela vai mandar eu pari meus filhos pelo cu novamente. Em menos de duas semanas tudo isso me fez tão feliz que eu pensei que iria infartar. Ver ela amamentando os bebês, ouvir os choros agudos e finos e vê-los se mexendo, é a melhor sensação, mesmo que eles durmam mais do que fiquem acordados. Posso contar também que a experiência de trocar fraldas foi incrível e que Arthur Levi é o único cara que pode mijar no meu rosto, isso me faz pensar em outra coisa, como dois seres tão pequenos podem cagar tanto?Fico chocado a cada dia que passa. Já dei banho neles também, e Analu não saiu do meu lado, segunda ela do jeito que eu tenho a mão pesada poderia afoga-los eles facilmente.— Acho que eles se parecem comigo — digo olhando para Liz e Arthur,
Pazzo"Chego em 10 minutos"Daniel responde e a cena me faz rir. Bloqueei meu celular e joguei em cima da mesa. Ora, ora o medo falou mais alto Daniel? Sorri com esse pensamento e virei meu copo com vodca.— Chefe, o contrabando acabou de chegar — diz Pica-pau, o cara que eu confio. Me levanto sem dizer uma palavra e caminho para fora. Posso ver uma mulher com um vestido longo e a barriga grande, meus homens levantam o vestido até a barriga e posso ver que aquilo não é uma criança, e sim minhas drogas. Me aproximo dela e toco seu rosto.— De qual cidade está vindo? — pergunto e ela encara, posso ver o desejo gritando alto dentro de si.— Paraná — responde — Fiz como o senhor me pediu. — Boa menina... — aliso seu cabelo e me aproximo dela — Já pagaram ela? — pergunto aos companheiros.— Magrelo tá separando a grana — responde um deles. Me afasto da moça e espero que eles retirem todas as drogas. Marcela é a minha burra de carga mais fiel, ela vai para onde eu mandi e quase nunca me de
Analu Um mês já se passou e com isso veio o cansaço, noites mal dormidas, choros frequentes, peitos feridos, dores no corpo todo e entre outras coisas que a maternidade traz, mas também veio uma tonelada de amor. Mesmo com o cansaço, com sono e com dores, eu olho para meus filhos e consigo sentir apenas um amor sem tamanho.A dor no bico dos meus seios no final vale a pena, porque eu estou passando pela a melhor experiencia da minha vida. Quer dizer, qualquer dor que venha vai valer a pena porque tudo que inclui eles eu quero sentir e passar.Um mês se passou e posso saber a diferença dos dois. Liz é mais tranquila, isso quando está com a barriga cheia. Arthur gosta muito de ficar atento a tudo, toma mais leite e chora mais. Liz parece gostar da hora do banho, já que fica quieta e muitas vezes chega a dormir, mas para Arthur isso parece um pesadelo enorme, ele chora até ficar vermelho. Provavelmente puxou isso do pai, só pode. Falando em Daniel, ultimamente ele parece um pouco dista
AnaluAcordo sentindo algo em minha bochecha, ao abrir os olhos vejo que a luz está acesa e Daniel está bem próximo a mim. — Bom dia! — diz ele animado — Preciso ir, mas volto cedo, ok? — Hum — concordo, ele me beija e sorri.— Já troquei a fraldas deles, acho que vão dormir por mais uma hora, aproveita e descansa. —diz já saindo. — Ok, tenha cuidado vida. — Ele pisca o olho para mim e sai, apaga a luz deixando o quarto um pouco escuro, então volto a fechar meus olhos.Faz alguns dias que tivemos aquela discussão e posso dizer que depois daquilo eu e Daniel estamos tão bem que as vezes fico olhando para ele e pensando como eu posso me apaixonar cada dia mais. Ele ainda sai cedo e volta tarde, mas faz questão de vir para almoçar, passa umas duas horas comigo e os gêmeos, só então vai para a casinha. Ele está mais presente e me ajuda demais com os bebês, não sinto que é apenas minha responsabilidade, ele faz de tudo para dividir as tarefas comigo.Ontem eu acordei com um barulho e qua
AnaluAnaluEstou correndo dentro de casa feito uma louca tentando procurar algo para usar como defesa. Os tiros já duram em média dez minutos. Meu celular toca feito doido.— ONDE VOCÊ ESTÁ? — Daniel está falando alto e os tiros são mais altos ainda atrás dele — SAIA DE CASA AGORA, INVADIRAM! ESTOU TENTANDO CHEGAR AI, MAS VOCÊ PRECISA SAIR! PEGUE NOSSOS FILHOS E ENTRE NO CARRO E SÓ VOLTE QUANDO EU MANDAR, OUVIU, ANA LUÍZA? — Não se preocupe, eu irei fazer isso!— CHEFE ELES ESTÃO ENTRANDO PELO LESTE. TODOS OS CANTOS TÃO SENDO INVADIDOS! — reconheço a voz de Luan. — Vida, você promete que vai me encontrar depois disso? Que vai vim ver a mim e nossos filhos? — digo e sinto minha garganta queimar.— Claro, antes do amanhecer eu estarei com vocês! Eu prometo! — ouço mais tiros e fecho meus olhos, como se eu estivesse perto daquilo, me lembro do dia do baile, quando invadiram e eu corri em direção a Daniel — Eu te amo! — Eu te amo! Sinto um grande aperto no peito, o ar parece não chega
AnaluMe afastei da parede assim que escutei um barulho de rádio, sabia que era o mesmo rádio que Daniel usava com os meninos para se comunicar. Olhei para todos os lados e por fim percebo que o barulho vem da calça do cara que está deitado morto no chão.Ao me aproximar eu reconheço ele, Menor, era assim que chamavam ele. Nunca nos falamos mas já vi ele por aqui. Sinto uma ânsia de vômito ao ver o buraco de tiro na testa e logo desvio meu olhar e começo a procurar o rádio já ouvindo vozes...— Todos vão para a trás da casinha... isso é uma ordem do chefe - diz um menino—Porque? temos que defender aqui porra — Ouço a voz de Luan – O chefe se entregou.... ele quer todos atrás da casinha — percebo que o tom de voz do cara é triste e sinto meu corpo gelar. Como assim Daniel se entregou? Porque merda ele faria isso? — Vocês tem 5 minutos! — Nesse momento já joguei o rádio longe e corri ainda segurando a arma em minha mão. Não pode ser verdade, eu não quero acreditar nisso! O Daniel que