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A Minha Inspiração

Porque você não sai mais da minha cabeça, 

E só dá você 

Nela só dá você. 

Ninguém é capaz de fazer com que eu me esqueça, 

Só quero te querer. 

Você é a flor mais linda do jardim,

Seu perfume é mais puro que o jasmim,

Você é a dona do meu coração, 

É a minha inspiração. 

No seu sorriso encontrei a minha paz,

No seu olhar encontrei o amor meu, 

Ninguém igual você assim me satisfaz,

Por isso eu vou pra sempre amar você. 

Você é a flor mais linda do jardim, 

Seu perfume é mais puro que o jasmim, 

Você é a minha inspiração, 

Que faz batendo forte ficar o meu coração. 

O churrasco estava a todo o vapor. Estávamos todos reunidos, comendo e bebendo. Eu, minha irmã e Emelyn estávamos só no suquinho, enquanto a galera bebia cerveja, ice e outras bebidas.

— Você também não come carne de porco? — Me perguntou Emelyn, segurando o copo de limonada cheio pela metade.

— Não. Lá em casa todos temos uma alimentação diferenciada. Não comemos carne de porco, frutos do mar, nem peixes sem escama.

— Sério? Igual à alimentação kodosh, então. 

Eu não entendia nada de alimentação kodosh. Mas acho que ela.se referia ao regime alimentar judeu. Se foi isso, então era mesmo igual.

Entramos para o quarto de Brenda, onde íamos ensaiar nossa primeira música. Passei a mão na guitarra e segurei na mão de Emelyn. Sei que a sua presença ali me apoiando contaria muito para o ensaio. 

— Atenção a todos! — disse Brenda ao microfone, tentando estabelecer o silêncio da galera que conversava alto e dava risada. Estavam eufóricos com as primeiras doses de álcool. Diferente do que eu pensava, apenas alguns deles fariam parte da banda. — vamos ensaiar uma música. Mas eu gostaria da colaboração de todos. Temos em nosso meio um bom compositor e queremos ouvir uma de suas composições. Quem sabe não a usamos para este ensaio.

Eu já podia imaginar de quem Brenda estava falando. Ela estava falando de mim! Quase enterrei minha cabeça no chão de vergonha. Depois de todo o repertório legal que foi tocado durante o churrasco (Guns N'roses, U2, Queen, Scorpions, System of a Down e outros), não seria nada animador ouvir uma música romântica de um desconhecido.

— Luke, o microfone é com você. — Brenda olhou pra minha direção, abrindo um sorriso de satisfação como de alguém que confia no trabalho do outro. Eu logo corei e desejei esconder-me dentro de um buraco.

— Boa noite, galera! Tudo bem com vocês? Bem. Eu tenho uma música pra apresentar a todos nesta noite e espero que seja do agrado de todos. Não reparem muito, pois ainda estou aprendendo.

Comecei a cantar a música que mais falava ao meu coração no momento. Era pra Emmy que eu cantava. Essa composição eu dedicava totalmente a ela. Timidamente comecei a primeira estrofe, sem olhar fixamente pra algo ou alguém. 

Quando cheguei no refrão foi inevitável olhar pra Emelyn. Ela estava tão linda apreensiva, admirando cada palavra e frase que eu cantava. Seu olhar fixamente no meu fez-me sentir algo tão bom, uma sensação muito boa. Ela não comentou nada depois, mas acredito que ela soube que eu cantava pra ela. 

De fato, ela não saía da minha cabeça, só dava ela. E ninguém, nem mesmo Sarah com seus beijos quentes na areia do Leblon, poderia me fazer esquecer o quanto eu queria Emelyn!

Terminei a música esperando a plateia um pouco mais tímida. Ao contrário, todos vibravam. Assobios e palmas ecoaram pelo quarto.

— Uhu! Mandou bem! — Disse Brenda ao me abraçar. — E aí, gente, ele serve ou não serve pra ser o nosso vocalista?

Todos uníssonos concordaram que eu deveria ser o novo vocalista da banda. Eu não poderia estar diferente do que sentir-me feliz. Era o ponta a pé inicial para a minha carreira como músico. 

Depois da minha apresentação, ensaiamos muitas músicas conhecidas. Eu dominava todas elas na guitarra. Brenda tinha uma voz incrível. Quando nossas vozes se encontravam, faziam um belo dueto afinadíssimo. Eu estava amando essa parceria.

Fim do ensaio e enxuguei um pouco o meu rosto que escorria um pouco de suor. O verão carioca sempre apresenta noites quentes. 

— E aí, o que acharam? — perguntei olhando para Paola e Emelyn.

— Uau! Você mandou bem. — Disse Emelyn abrindo um sorriso.

Já estava tarde e precisávamos ir. Antes de sair, agradeci bastante a Brenda. Aquela oportunidade era incrível. Ela estava me ajudando bastante na realização do meu sonho. 

Viemos embora e despedi-me de Emelyn, quando chegamos em frente a sua casa.

— Espero que podemos ter mais momentos como esse de hoje. — Falei num tom de voz tão suave como o de alguém que está completamente relaxado.

Eu me sentia muito bem com a presença dela. Até a minha voz mudava. Eu não sabia ainda dizer o que sentia por ela, mas estava gostando bastante.

Entramos em casa e Paola foi direto para o seu quarto. Eu fui para o banheiro tomar uma ducha e dormir.

Esse dia foi incrível! Eu simplesmente estava satisfeito com a minha performance no ensaio. Também estava muito feliz por ter cantado uma música pra Emelyn. Tenho certeza que ela gostou bastante e que sentiu que foi pra ela.

Eu procuro ser bastante romântico. Sou bem carinhoso em minhas composições. Procuro sempre compor imaginando que vou cantar pra pessoa amada. Mesmo sem ter uma namorada ou viver um romance tento parecer o cara mais apaixonado que existe em minhas canções. 

Encostei a cabeça sobre o travesseiro e lentamente fechei os olhos. Emmy apareceu na minha mente. Seu abraço, seu beijo, seu cheiro apareceram em meus pensamentos. Ela não sai mais da minha cabeça. 

Estou gostando muito de deseja-la comigo. Acho que nesta noite eu vou sonhar com ela. Em pouco tempo, pego no sono e acabo me encontrando com Emelyn nos meus sonhos.

Nos vemos, abraçamos, beijamos. Ela sempre linda me olha com um olhar apaixonado. Eu a tenho em meus braços com muito carinho. Lhe entrego uma flor e digo:

— Você é a flor mais linda do jardim, o seu perfume é mais puro que o jasmim.

Nossas bocas se encontram novamente num longo e caloroso beijo. Não tem hora pra acabar nosso encontro. Não há limites pra demonstrar tudo o que sinto por ela. Pra ser sincero, eu ainda não sei se a amo, se estou apaixonado por ela. Mas o que sinto por Emelyn é algomuito bom.

O domingo amanhece ensolarado. Nenhuma nuvem aparenta trazer chuva. Hoje seria mais um dia perfeito para ir à praia.

Eu e minha família iríamos à praia. Mas não seria no Leblon. Iríamos a Copacabana. 

Meu pai assumiu o volante e ao seu lado estava a nossa guia de todos os passeios, minha mãe. 

Chegamos à praia e armamos o nosso ponto de descanso. Minha irmã me insistiu para jogar bola com ela na areia. Brincamos de jogar a bola um pro outro sem deixar cair no chão. 

— Uhuuuu! Ganhei de novo! — Paola vibrou saltando na areia.

— Você sabe que sou ruim jogando.

— É, eu sei. Seu fraco. — Ela esnobou, fazendo uma careta com a língua de fora. 

Paramos para o lanche. Minha mãe preparou sanduíches de frango com salada e molho rosé. Tinha suco natural de manga e laranja. Algumas frutas também estavam incluídas no nosso cardápio. 

Esperei um tempo pra comida ser digerida para então poder entrar na água de novo. Paola disputava comigo quem nadava mais distante. Meus pais — principalmente minha mãe — foram bem cautelosos, pedindo para que não nadássemos muito longe. 

Ganhei da minha irmã nessa competição. Ela ainda não sabia nadar tão bem quanto a mim. Nossos pais também não deixavam que fossemos muito longe.

Ao final do nosso passeio, fomos almoçar em um restaurante vegano de um colega do trabalho do meu pai.

— Fala família linda!

— Oi, Ricardo! — Meu pai cumprimentou seu amigo dono do restaurante. 

O restaurante era muito bom. Tinha muita opção de salada. Um cardápio muito variado. Eu me perdia em tanta opção de comida. Era impossível provar de tudo. 

Enchi o meu prato e nunca havia comido tanta folha como nesse dia. Nunca imaginei que me encheria tanto me alimentando como uma lagarta.

A opção de molhos também era muito grande. Havia sobre um balcão de vidro, que fica acima das saladas, muitos frascos de molhos para salada. Todos estavam ali, inclusive os meus favoritos: molho rosé e molho de mostarda e mel.

Eu gosto de comidas agridoces, principalmente molhos de salada. As comidas orientais têm algumas opções de molho agridoce. Eu estou familiarizado com elas. 

Chegamos em casa e todos nós tiramos a tarde para um cochilo. Peguei o celular e mandei mensagem pra Emelyn, perguntando como ela estava. Ela disse que estava bem e que já estava morrendo de saudades. Será que ela estava se apaixonando por mim?

Passamos o final da tarde nos falando por mensagem. Minha irmã notou que agora eu estava mais tempo com o celular na mão e não lhe dava tanta atenção como antes.

O meu domingo estava terminando bem. En família. Era final da tarde quando recebo uma ligação de Sarah.

— Oi. Você está bem? Queria saber se podemos sair hoje.

Poxa vida! Eu havia me esquecido desse encontro com Sarah na pizzaria. Na verdade, não acertamos nada, mas estava manifesto o desejo dela de me ver na noite deste domingo. 

Eu disse a ela que não teria problema de a gente se ver desde que ela esperasse uns trinta minutos. Ela concordou. Então, entrei no banho e fui me arrumar.

Vesti-me um pouco mais casual. Afinal era noite de domingo numa pizzaria. Usei uma camisa social slim fit na cor vinho, calça jeans, sapatênis nos pés e um perfume amadeirado no pescoço e pulsos. 

Esperei por uns instantes, após tocar a campainha de sua casa. Lá estava ela toda deslumbrante num elegante vestido azul. Seu salto prateado lhe conferia uns cinco centímetros a mais, suficientes para deixa-la à minha altura. 

Entramos na pizzaria de mãos dadas e na hora conectei Emelyn nos meus pensamentos. Senti-me um pouco frio, desprendendo nossas mãos. 

Seria difícil ser carinhoso com uma pessoa, gostando de outra. A pizza estava agradável, assim como o sorriso de Sarah, toda contente com seus planos para estudar fora do país.

Eu achei aquela ideia brilhante, mas não poderia acompanha-la. Seria um motivo para nos separar e deixar o caminho do meu coração aberto a Emelyn. 

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