Quase não nos falamos mais. Parece que eu e Emelyn quebramos nossa última promessa. As mensagens já não são mais constantes e quando nos falamos são coisas muito vagas que não conectam mais o nosso amor.
Peguei um café no refeitório do campus. Hoje o dia amanheceu nublado e frio no Rio. Estou usando uma blusa de moletom na cor cinza com as mangas verde musgo. Só faltou o nome Engenharia Ambiental no meio. Acho que combinaria bem.
Sentei-me e saquei o meu tablet. Resolvi ler um pouco sobre o assunto da aula anterior de ciências do ambiente. Notei que alguém puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado. Uma voz doce quebrou o silêncio.
– Ei, bom dia!
– Oi. Bom dia! – Respondi surpreso. Era uma menina da minha sala, mas nunca nos falamos antes.
– Tudo bem? Me chamo Anne e você?
– Luke. Prazer.
Conversamos um pouco durante os quinze minutos que precederam o sinal para a primeira aula. Anne é uma morena, magra, cabelos cacheados castan
Os personagens são baseados em pessoas reais e em momentos vividos pelo autor com essas pessoas. Anne é baseada em uma pessoa real que namorou com o autor desta história.
Eu e Anne estamos nos dando muito bem. Agora estamos namorando oficialmente e não vejo a hora de traze-la em minha casa. Raramente Emelyn me manda alguma mensagem, mas de uns meses pra cá nosso papo tornou-se tão frio que não passamos de conhecidos. Evitei contar a ela sobre minha atualização de status. Ela não precisa ficar sabendo e acho também que não é interessante pra ela. Todo esse tempo se passou e não voltamos mais a trocar mensagens como antes. Agora não me faz falta. Peguei um pouco de café todo animado. Ultimamente tenho tomado bastante café por conta da faculdade. A minha maior motivação para estudar é estar ao lado de Anne na sala de aula. Ela é o meu combustível nos dias ruins quando quero me m****r daquele lugar. Não tenho muito pra onde correr. Chego em casa e as atividades tomam o meu tempo. Quase não estou tendo mais tempo para tocar a minha guitarra. A ideia de ter uma banda já fugiu da minha mente e, talvez, dos meus planos. Mas engana-se
As aulas estavam um tédio na faculdade. Eu e Anne temos nos esforçado bastante para alinhar todo o conhecimento adquirido individualmente para fazer um estudo dirigido em dupla. Não tem sido fácil. Perco horas de sono, vejo meu rosto refletido no espelho do banheiro. Caramba, quantas olheiras! Devo ter envelhecido uns dez anos em poucas semanas. Anne estava linda, vestindo uma blusina vermelha e calça jeans. Me esperava na porta da sala. Seu cabelo solto, cacheado, tocava os ombros. Eu estava de calça jeans preta e camisa branca. – Bom dia, meu anjo! – Disse isso e dei um beijo em sua testa. Ela amava quando a chamava assim. – Você dormiu? – Me encarou com a mesma cara de sempre quando se preocupa comigo. Acho um pouco chato da parte dela, mas bonito. Bom que ela se preocupa. – Olha esses olhos vermelhos. Você precisa dormir. – Eu sei. Entramos pra sala. Aula de geometria analítica. A matéria em si é tranquila, mas o professo
Eu estava mal. Havia dormido pouco nos últimos dias e a pressa do dia a dia não permite que eu tenha certos cuidados. A minha namorada é muito exigente. Um tanto chata. Se preocupa demais comigo, isso é bom. Mas, às vezes, se preocupa com coisas bobas, inúteis.Deixei a companhia da minha guitarra. Nem ela distrai a minha mente. Os meus preferidos livros de romance já não são os mesmos. Foi a nossa primeira briguinha e estou detestando. Eu e Anne temos tudo pra dar certo, mas tem coisinhas bobas que de tão insignificantes não poderiam ser o motivo da nossa briga.Saí de casa meia hora depois do habitual. Havia revisado todo o conteúdo da prova de ciências naturais na noite anterior. Por ter levantado mais tarde da cama, que foi uma grande luta, saí sem o meu café-da-manhã.Deixa pra lá. Compro qualquer coisa no intervalo. Estava sem fome,
Entrei no meu quarto, caí na cama, exausto. Poxa, vida. Essas últimas aulas têm me matado. Coloquei uma música pra relaxar. Às vezes música instrumental indiana ajuda. Tenho tido boas experiências com elas. Fico bastante relaxado.Da janela, vejo que o tempo fechou. Fortes nuvens tomavam conta de toda a cidade maravilhosa. Logo, pancadas de chuvas cairiam molhando o chão da cidade. Eu gosto quando chove por causa do cheiro da geosmina que sobe pelo quintal.Olhei pra prateleira e ali estava todo insinuante o livro que deixei no capítulo sete a leitura. Pensei em esticar o braço e pegá-lo, mas recuei. Melhor deixar essa leitura pra noite, não quero ter um desconforto por agora.– Luke – Ouvi a voz da minha irmãzinha me chamando, quebrando o silêncio gostoso. Em meu quarto, só se ouvia a música relaxante. – Vem aqui.Sério qu
Chegou o dia tão esperado da minha menina completar treze anos. Como dois irmãos brincalhões, resolvi dar a paga pela coisa que ela me aprontou no meu último aniversário. Paola me acordou com um balde de água fria e gelo. Eu fiquei muito bravo com ela. Hoje, era a minha vez de aprontar.Era ainda seis da manhã. Desci para a cozinha e acessei a geladeira. Ali contei. Treze. Poxa, vai nos fazer falta, mas vale a pena. Os separei e pus sobre uma tijela. Passei a mão sobre uma embalagem branca e subi.Tive o cuidado para não fazer barulho. Pés descalços tocavam o chão sorrateiramente. Abri a porta do seu quarto – que, assim como o meu, sempre fica encostada – e entrei. Lá estava ela dormindo suavemente em sua cama. De shortinho branco e blusinha branca com azul. Parecia um anjinho.Me aproximei dela e notei que não acordaria tão facilmente. Prep
O tempo foi passando e Anne foi esfriando o nosso relacionamento. Uma única vez em que esteve na minha casa, foi quando tivemos o nosso contato mais íntimo. Fomos pra minha cama e nos amamos ali por toda a tarde, cerca de três horas seguidas. Depois disso, notei que ela me evitou. Será que sua experiência sexual comigo foi tão ruim? Acredito que não. Sua prima Thammy ao saber, ficou boquiaberta. Pra ela, três horas eram muita coisa. Anne estava estranha comigo. Na faculdade nos falávamos pouco. Ela me abraçava sem aquele calor de antes. Seus beijos nem eram tão interessantes como os primeiros. Senti que entre nós faltava vida, faltava amor. As briguinhas e desentendimentos bobos foram constantes. Todas as vezes que a chamava pra sair, três desculpas surgiam. Ou estava doente (sempre uma enxaqueca chata), desanimada ou cansada. Uma dessas três coisas foram, alternadamente, sua resposta para servir de não para os meus encontros. Isso seguiu
Saí com Fernanda. Seu beijo é nada mal. Uma menina linda, carinhosa. Ela cursa pedagogia. Está há dois anos na universidade. Bem na metade do curso. Conversamos bastante coisa no shopping. Ela está querendo apenas ficar sem compromisso. O mesmo que eu. Disse que a minha casa está liberada durante a semana. Ela riu, mas me agradeceu o convite. Não curte ir pra cama com ninguém com quem está sainda há pouco tempo. A entendi.O papo foi muito bom. Nos beijamos bastante. Acho que agora estou me curando do término do meu namoro. Eu só queria curtir a vida. Não quero me envolver num relacionamento tão cedo. Sem beijar na boca não fico. Pode ser até mesmo com a minha irmãziinha. Não fico sozinho.Fui pra casa e meus pais me disseram que sairiam logo cedo. Me pediram pra ter muito cuidado e não abrir a casa pra ninguém – será
Os anos se passaram. Minha irmã cresceu e vi que eu estava certo. A nossa loucura foi momentânea. Ela já estava uma moça, buscando suas responsabilidades. Conheceu um rapaz, excelente pessoa. Felipe, o seu nome. Ele tem total confiança dos nossos pais e a minha autorização de irmão ciumento para namorar com Paola.Eu sabia que era só uma fase nossa. Tempos que não voltariam mais. Mas foi divertido o que vivemos juntos. De como fizemos nossa primeira vez. De como nos descobrimos e descobrimos o amor. Foi tudo tão lindo.– Espero que seja muito feliz ao lado dele, eu te amo!– Também te amo, meu irmão.Nos abraçamos e nos beijamos rapidamente. Rimos.– Boba.– Bobo.– Não me provoca, senão me entrego.– Faz tempo que não fazemos uma coisinha juntos.– É mesmo