Minha cabeça parecia pesar três vezes mais do que o normal e pendia para frente, sem forças. Abri os olhos com dificuldade e uma dor terrível martelou meu crânio e eu precisei apertar as pálpebras em resposta àquilo. Eu sentia o suor escorrer por entre as minhas sobrancelhas e têmporas.
Sentia-me desidratada. A garganta implorando por uma gota de água. Os lábios secos e rachados, a minha língua colava no céu da boca.
Ergui minha cabeça com dificuldade e forcei a minha visão a focar em meio ao ambiente escuro. Tentei mover meus braços, mas fui impedida imediatamente, com um retinir metálico se arrastando e uma dor queimou os meus braços e ombros. O meu coração parou, e o eu perdi o fôlego quando me deparei com correntes enferrujadas, envoltas em meus pulsos, mantendo os meus braços esticados para cima.
Encontrava-me jogada
O meu corpo doía; minha mente agonizava.Seria mais fácil se ele acabasse logo com isso, porque dava para sentir o cansaço corroer meus ossos e atrofiar os músculos. Respirar parecia ser algo lancinante e torturante. Eu só queria que parasse. Só conseguia implorar a quem quer que fosse para que aquilo parasse.O meu corpo já não aguentava mais e havia chegado ao ponto de pensar que resistir àquilo era uma ideia insustentável.Ninguém se preocuparia com o meu desaparecimento, ninguém viria ao meu socorro. Eu estava sozinha novamente.Esse era o fim da linha.Os meus braços encontravam-se presos para trás, por algemas. Estava jogada de qualquer jeito no canto da cela, as costas apoiadas na parede mofada e úmida de tijolos. Fraca e completamente destruída. Os meus lábios estavam rachados. Minha garganta estava seca, meu est&ocir
Senti a dor irromper como uma linha no pescoço. O movimento brusco tinha resultado em um corte superficial na altura da garganta, e dava para sentir o sangue quente começar a verter do corte, mas a adrenalina me impedia de afundar na dor que aquilo causava.Então, havia chegado a um nível crítico de desvio de postura. Pois estava prestes a matar alguém e eu não me sentia culpada por isso.O quão desesperado você tem que ser para tomar atitudes impensadas? Eu diria que o desespero mexe com sua cabeça e não te deixam pensar racionalmente. Assim como a raiva e medo são bons combustíveis para mover o ser humano, o desespero também. A diferença é que eu não estava cega, e isso me fez pensar no que eu estava sentindo agora? Mas, mais do que isso, eu queria saber o que ele, Brandon, estava vendo nos meus olhos agora. Raiva, medo, dor... Fúria. Eu me sen
Olhei pelo retrovisor e nós tínhamos ganhado distância o bastante para nos mantermos em segurança. Um suspiro de alívio e culpa me escapuliu naquele instante.Travis resfolegou de súbito ao meu lado, capturando a minha atenção. Ele puxou a jaqueta, afastando-a do corpo e eu congelei, engolindo a seco quando mirei a mancha de sangue que enxovalhava a camiseta branca, na altura do ombro.— Mas que droga... — Ele resmungou, jogando a cabeça contra a poltrona novamente.— Essa não... — deixei escapar.Ele estava ferido. Franzi o rosto em decepção, compartilhando do sentimento de frustração.— Como está isso? — Ernest perguntou, olhando do espelho central e pisando mais fundo no acelerador ao ver a mancha de sangue ficar maior a cada instante. — Precisa estancar, Amy.Estancar.— F
Uma corrente elétrica trilhou minha espinha e proliferou-se por todos os meus membros, no momento em que os olhos dele se fecharam e meus lábios se moveram, dando passagem para a língua. O meu coração batia forte e atordoado dentro do peito. O ar tinha se tornado rarefeito, pesado demais para ultrapassar as minhas narinas.Travis só poderia estar enlouquecendo!Eu tinha perdido o juízo quando o vi se aproximar e não fiz nada além de deixá-lo continuar.Afaste-se! — O meu consciente gritava, mas o meu corpo se recusava a obedecer a ordem expressa. Uma parte de mim, a sã. Essa que sabia que Travis não era uma boa pessoa, que sabia que ele era perigoso, desejava que eu saísse correndo imediatamente dali. Ela lutava contra a outra parte, a insensata e imprudente, a que desejava sedenta e desesperadamente por Travis.Eu me odiava por isso e me deixar levar
Travis abaixou-se do outro do corpo mole de Ryan e levou as pontas dos dedos ao pescoço dele, encarando-me com pesar, incapaz de se pronunciar.Não precisava pensar muito para entender o que aquilo significava.Os meus músculos tencionaram e o estômago revirou-se com um sentimento amargo fluindo por mim. Por um momento eu havia me esquecido de como se realizava o ato de respirar. Todos sabiam o que tinha acontecido.Ryan estava morto e por minha causa. Eu não sabia se conseguiria assumir isso em voz alta, era doloroso demais. Então mordi a parte interna de meu lábio inferior assumindo a raiva como sentimento para abandonar a tristeza. Travis passou as mãos pelo rosto de Ryan, fechando as suas pálpebras para esconder os olhos azuis fúnebres e vazios.Tudo tinha acabado. Eu não teria paz.Morto! Todos à minha volta acabavam morrendo e eu sabia lamentavelmente
A luz difusa do dia incidia diretamente sobre o meu rosto e as cortinas esvoaçavam-se conforme a brisa matinal batia pela janela. Aos poucos os meus olhos foram se abrindo, e conforme o sono se dissipava, o cômodo ia tomando formas, era um belo quarto, mas não foi a parede ou o grande quadro que ostentava borrões abstratos que roubavam o meu fôlego e chamaram minha atenção.Era Travis. Ele estava de frente para mim, deitado de lado onde forrara os cobertores à noite. A luz se expandia pelo quarto e parava sobre ele, iluminando o rosto e metade do torso do peito nu com o braço sobreposto. Seus olhos refletiam a luz, e as pupilas negras não passavam de pequenos pontinhos nos olhos abertos, que queimavam sobre mim. Ele estava me observando enquanto dormia, e ele não fazia a menor questão de fingir que não estava fazendo isso. Senti meu rosto esquentar e pensei em lhe perguntar o que havia er
Travis e Ernest conversavam. Ambos com uma postura tensa, e eu presumia que o assunto era o amanhã. Eles estavam planejando pegar Raymond e estavam planejando a melhor forma de fazer isso. Eu também queria pegar Raymond, mas estava pensando no que deveria fazer. Foi quando olhei para Seth que estava ao meu lado.— Por que você não está lá com eles? — indaguei, apontando com o queixo para os dois que conversavam, e vez ou outra pegava Travis olhando para mim, como se certificasse de que eu ainda estaria ali.— Eles não param de falar de Raymond e blá, blá, blá... — Seth revirou os olhos e levou a garrafa embalada por um saco de papel à boca.Ergui as sobrancelhas, impressionada com a postura que ele assumira, mas deixei para lá.— O que você está bebendo? — perguntei, olhando com interesse para a garrafa que ele segur
As luzes da manhã ensolarada insidiam diretamente sobre meu rosto, afastando aos poucos o sono. Meus olhos se abriram e minha visão foi tomando foco. O meu rosto estava apoiado sobre uma superfície rígida e ao mesmo tempo macia e me deparar com a pele levemente rosada debaixo de mim, ergui o rosto e eu me deparei com Travis ainda dormindo. Os olhos fechados e a linha suave da boca quase virada num sorriso me fizeram espichar o corpo para beijá-lo outra vez.Essa foi a imagem que fiz questão de registrar em minha mente. Ele, tão lindo, enquanto dormia num sono tranquilo. A paz que sua presença me fornecia e a leveza do momento. Não queria esquecer disso. E por alguns segundos, senti que tudo ficaria bem.Quando entrei embaixo do chuveiro para um banho, senti a presença de Travis logo atrás de mim. Senti-o se aproximar e seus lábios pousaram sobre os meus ombros. Suas mãos envolven