Tank tentou de todas as formas chamar pelo capo, mas nem Endi estava com pressa, nem os cães permitiram que ele chamasse mais de uma vez. Caiu e com a queda um dos animais subiu sobre ele enquanto o outro puxava sua perna, os dentes presos na calça, mas também na carne. Um tipo de pesadelo sem fim que parecia inútil lutar contra.E enquanto Tank lutava pela vida. Endi desceu as escadas com calma, olhou o sangue que invadia a sala por baixo da porta e pensou que teria trabalho para limpar o piso antes que a esposa voltasse.Abriu a porta, não porque queria ajudar e sim porque sentiu vontade de brincar com a coragem de quem havia tido a ousadia de invadir o seu espaço.Contudo, algo na determinação de Tank o fascinou. Demorou alguns segundos antes de dar o comando para os cães, havia apenas uma palavra capaz de pará-los, um idioma esquecido, mas não era apenas isso, aqueles animais respondiam apenas a sua voz ou do seu filho. — ETXEKOAKOs cães se afastaram, um deles ainda choraming
Enquanto falava se esfregava nela, perdia o controle todas as vezes em que ficavam sozinhos. Deslizou a mão entre as pernas dela, a sentiu molhada. Beijou os lábios da menina quase como uma prece silenciosa, a amava e não tinha ideia de como mudar isso. Afastou os cabelos de Dállia, abriu o registro do chuveiro, a despiu, testou a temperatura da água e entrou com ela no banho. Cuidou dela com carinho, em coisas que não tinha nenhuma relação com o prazer e ainda assim, a masculinidade continuava firme. Se ajoelhou na frente da menina, passou um óleo de banho que pertencia a irmã, deslizou uma lâmina de barbear pelas pernas da garota, a cada vez que descia a gilete Tank aproveitava para beijar as coxas de Dállia. — Tank, eu. — Me deixa cuidar de você, Dállia. De um jeito estranho ele se sentia triste por perceber que ela nunca olhava para si mesma, não havia vaidade, apesar da beleza sedutora que ela possuía. Ainda estava de joelhos quando a virou de costas, passou o rosto nas
Tank não saberia dizer o que doía mais, as feridas ou ter falado não para um pedido tão simples. Quis perguntar por ela, dizer que faria qualquer coisa para que o capo não condenasse a sua Flor, confessar para aquele homem o amor que havia se recusado a admitir até para si mesmo. Quis, mas o corpo não aguentou. Desmaiou lembrando do olhar triste da menina que apesar de ter todos os motivos, não o rejeitou. Endi olhou para o soldado com uma expressão curiosa, avisou a baba dos filhos. — Não deixe a Miran descer, estou trabalhando. Arrastou Tank para os fundos da casa, não quis sujar o chão da sala, Mel ficaria assustada. — Você falou o nome dela, não falou? Foi isso que te fez ter coragem para vir a minha porta? Endi tinha um certo interesse por histórias de amor real, não aquelas vorazes que fazem a alma sair do corpo. Gostava de saber que ainda existiam sentimentos capazes de enraizar na carne e fazer um homem perder a razão. Todos os soldados sabiam que ir a casa de Endi era
Tank poderia dar milhões de explicações, dizer que quando Dállia chegou ele ficou mais tranquilo, seria ela, e não Amara. Russo cercava a própria filha o tempo inteiro e Tank não conseguia nem sequer dormir. Passava as noites acordado, vigiando, levava ela a escola, trocava a menina de colégio todas as vezes que o pai descobria o endereço. Só comia o que cozinhava e não saía de perto das panelas nem mesmo um minuto, com medo de ser dopado. Na época ele não enxergou Dállia como um ser humano, e doía pensar nisso. Poderia falar que havia prometido no leito de morte da mãe que jamais entregaria Russo a organização, ou que quando fizeram amor ela nunca o recusou. Mas ele sabia a verdade e foi com ela que respondeu. — É isso, eu me aproveitei. Ela é linda, estava na minha casa e não me recusou. Tank não se importava com o que poderia acontecer com ele, só precisava convencer Endi a deixar Dállia ir embora, qualquer lugar que fosse longe de Russo.Depois contaria sobre Amara, ela hav
Quando Tank entrou, passou os olhos por cada parte daquele lugar, procurou por um vestígio, um cheiro, qualquer coisa que indicasse que Dállia tivesse passado por ali. Prendeu os olhos em Russo, o pai parecia hipnotizado, segurava uma faca pequena e cutucava a própria carne, o sangue escorria denso e pegajoso, mas ele não parava.Olhou novamente para o capo. — O que isso significa? Endi teria respondido, sentiria prazer em explicar que havia cuidadosamente implantado pequenas larvas carnívoras naquele corpo apodrecido. Achava interessante a própria arte, quase bonita. Gostava de fotografar as torturas que realizava naquele galpão. Havia uma gaveta cheia delas e naquele momento, sentiu vontade de poder fotografar, mas Russo ouviu a voz do filho e interrompeu os pensamentos de Endi. — FILHO! ME AJUDA AQUI, OLHA O QUE ELE FEZ COMIGO.Russo viu em Tank a única chance que tinha de escapar daquela dor infernal. Já tinha visto o filho lutar e sabia que se alguém podia vencer o capo em u
O elevador pareceu lento, olhou para os números que apareciam se arrastar no painel, sentia como se cada andar tivesse quilômetros, mas quando a porta se abriu, apesar da pressa, parou em frente a porta de madeira rústica com o coração disparado e o corpo inteiro tremendo. Bateu na porta, e quando as manchas de sangue tingiram a madeira, Tank tentou limpar o punho na calça. Quase como uma criança que fez algo errado. — DÁLLIA! ABRE MINHA FLOR. Chamou pela menina com a voz embargada, o coração dolorido, e um tipo de medo que o enfraqueceu pela primeira vez. Talvez aquilo fosse alguma armadilha, quem sabe Endi estivesse se divertindo com o desespero dele, o fazendo confessar o que sentia. Olhou em volta, talvez naquele momento o hacker da organização estivesse transmitindo cada um dos seus passos para todos no condomínio. Mas não era uma armadilha, Dállia só estava dormindo. Apagou afogada nas próprias lágrimas, exausta e certa de que havia perdido Tank para sempre. Se condenando
— Por que, Dállia? Você é tão linda. Podia ter o mundo inteiro se quisesse. É inteligente, sabe ler essas coisas de livros. Por que ele? Por que o meu pai? Tank pensava que se o homem a quem Dállia tivesse se vendido fosse qualquer outro ele poderia simplesmente matar o miserável. Tomar aquela menina para ele, ser feliz. Mas ela havia escolhido um homem da máfia, não qualquer homem, escolheu justamente o pai dele. Naquele dia ela abaixou a cabeça, se lembrou de como foi negociada na porta da favela. O traficante que havia ganhado legalmente a sua tutela depois de pagar um pequeno suborno ao juiz e ter a assinatura da sua tia em um papel a fez se vestir como uma prostituta e a arrastou para a entrada na comunidade em que moravam. A empurrou para Russo. — Toma, é sua! Russo lambeu seu rosto, apertou seus seios e perguntou para o traficante. — Virgem? — Nada, metade dos meus homens já enfiou a vara, mas é limpa. — Prenha? — Vacinada. — Ainda fica me devendo cinquentaO trafican
Ela se lembrava, não apenas de dormir no peito dele, mas também de como Tank se levantava com todo cuidado do mundo tentando não a acordar. Também só era inteira quando estavam juntos. Passou a mão no rosto do rapaz. — Vai me dizer o que fizeram com você? — Não aconteceu nada, eu achei que tivesse, achei que tivesse perdido tudo hoje. Mas eu não perdi, perdi, minha flor? Dállia negou com a cabeça, Tank não a perderia nunca e era uma pena que ele não soubesse disso. Foram juntos para o banheiro e o rapaz olhou para o lugar como quem julga tudo. — Como conseguiu tudo isso? Esse banheiro é maior do que o meu quarto. A menina não respondeu, continuou tirando a roupa de Tank, os olhos percorrendo cada um daqueles machucados, qualquer outro homem estaria em um hospital e não ali. Era isso que ela enxergava, dedicação, amor, cuidado. — Responde, Dállia! O que precisou fazer para conseguir esse quarto? Para ela a pergunta parecia uma acusação, mas para ele cada palavra doía como br