Na manhã seguinte, Rosa preparava o café da manhã enquanto Joanna arrumava alguns dos sanduíches nas lancheiras da escola. Colocou frutas e algumas garrafas de água.
Nicole ajudou os filhos a se organizarem e explicou a Rodolpho como era a nova escola. O menino de cabelos vermelhos ficou empolgado depois que Alex falou sobre os brinquedos e os amigos.
― Estão prontos? ― Alexander apareceu na porta.
― Sim, estão! ― Nicole ajeitou o botão da blusa de Alex e ajudou Rodolpho a colocar a mochila. ― Vão lá tomar café com a tia Joanna.
As crianças saíram às pressas do corredor até a escada. Nicole caminhou em passos lentos.
― Não corram! Cuidado para não se machucarem nos degraus da escada.
― Estou aqui, filha! ― O senhor não acredita que é um pouco tarde para ser um superpai? ― questionou a voz mirrada. Henry afundou na cadeira, cruzou a perna e colocou a mão no tornozelo com uma meia preta. ― O Alexander também não estava aqui quando você teve os gêmeos. ― Não se compare ao meu esposo! ― Alterou o tom da voz. ― Ele teve oportunidade de desfazer os erros do passado. E agora vocês encontraram seu outro filho. ― Argumentou logo que venceu o nó que crescia na garganta. ― E tem uma filha a caminho. Apesar dos conselhos que o esposo lhe deu e de planejar tudo o que perguntaria a Henry na noite anterior, Nicole estava perdida naquela infinidade de mágoas.
Poucas horas antes do evento, Alexander e Nicole levaram os filhos para um passeio no shopping de Botafogo, na zona Sul do Rio de Janeiro. Após deixar Nicole sob os cuidados dos profissionais da beleza em um Spa, eles correram até a loja de brinquedos enquanto o pai filmava e captava os momentos em que os filhos se divertiam no Magic Toy. Depois de quase três horas de brincadeiras no parque, os meninos caminhavam nos corredores por entre as estantes e as bancadas com revistas e brinquedos de super-heróis na loja de quadrinhos. — Eu quero ser médico igual a você, pai. — disse Alex. — E você Rodolpho? Alexander olhou o filho que estava distraído com a capa de um HQ da Liga da Justiça. A morada excessivamente grande e luxuosa com fachada em tons neutros e os pilares trabalhados, tinha arquitetura no estilo clássico. ― Eles contrataram o mesmo arquiteto que projetou a casa da sua família? ― Fitou Alexander. ― Talvez! A Heloísa é francesa! ― Olhou de esguelha para Nicole. ― Seu pai não te contou? ― Não tivemos tempo de falar sobre isso. O carro atravessou o enorme portão dourado da mansão com entrada imponente e notável no entablamento e pilastras. Os detalhes podiam ser notados nos pilares e nas colunas, assim como no friso e nas cornijas da fachada. Embora o design interno seguisse o estilo provençal francês na curva das mobílias, o salão climatizado transmitia uma beleza impactante.Capítulo 32
No decorrer do evento, Alexander ficou perto da esposa pelo resto da noite. Ambos apreciavam o prato de salmão com molho de alcaparras quando Isabella voltou à mesa ao lado de Louise e cochichou alguma coisa enquanto olhava para Alexander. O homem alto e emaciado atrás do púlpito em acrílico cristal, ergueu as mãos para os músicos e cumprimentou os presentes, pouco antes de começar a falar sobre Sophie e a generosa doação deixada pela fundação Bittencourt. Nicole revirou os olhos, como se não bastasse o confronto com Isabella, ela escutava a homenagem que o mestre de cerimônias fazia a saudosa e caridosa Sophie Bittencourt. Ela se remexeu na cadeira e olhou para Alexander com uma expressão de aflição, tentou cruzar as pernas para conter a deliciosa sensação no atrito dos dedos habilidosos que subiam pela fe
Pelo silêncio do esposo, Nicole sabia que ele pensava em alguma coisa, os dedos dele brincavam em seus cabelos. Passaram mais alguns minutos nos braços um do outro enquanto ouviam apenas os ruídos de suas respirações. ― Está preocupado? Ela ergueu a cabeça e fitou os olhos claros. ― Um pouco! ― Apertou-a por entre os braços e a beijou. ― Esse lance com a Isabella foi longe demais. ― Foi ela que começou! ― Saiu do colo dele e se acomodou no banco traseiro do carro. ― Estou aturando esse comportamento dela há meses. ― Nicky, vem cá! ― Trouxe-a para mais perto. ― Eu não estou culpando você! Fiquei preocupado com a nossa filha. ― Suspirou pesado. ― E se ela reagisse? ― Olhou a testa franzida de Nicole. ― Eu
Como o trânsito estava tranquilo, não demorou muito para que o automóvel chegasse em casa. Fez uma curva e atravessou o portão automático branco logo que abriu. Virou a chave e o motor parou assim que estacionou o carro. Nicole ficou quieta durante toda a viagem, aquele silêncio causava certa angústia em Alexander. Odiava quando ela não o respondia ou não reclamava de alguma coisa, tinha consciência que, quando uma mulher deixava de se importar, poderia ser o fim. Ele seguiu para o outro lado, abriu a porta e tirou o cinto de segurança que prendia Nicole. O coração se compadecia ao vê-la daquela forma. Ajudou-a a descer do carro e juntos seguiram as escadas e foram direto para o quarto. Após o banho, ele escolheu uma das blusas largas nas gavetas do guarda-roupa e vestiu-a com cuidado. Puxou a colcha da cama e de
No escritório, Alexander caminhava de um lado para o outro, discutia com Isabella ao telefone. Embora ela estivesse arrependida, não tinha como retroceder. ― Isabella, eu digitei uma carta de recomendação. Alexander seguiu até a janela e abriu a persiana vertical branca, avistou os filhos que correram pelo gramado bem aparado e subiram até a casa da árvore. Olhou para o lado oposto, onde Nicole plantava algumas roseiras no pequeno jardim. ― Não adianta pedir desculpas ao Henry ou à Nicole ― falou a voz fria. ― Assine a sua demissão e mantenha distância da minha família. Os dedos longos afastaram as palhetas da persiana. Fitou quando a esposa se ajoelhou na terra. Nicole dividiu a planta pelos canteiros e ajeitou as poucas margaridas que floresciam.
Faltavam duas semanas para o parto, Nicole organizou os últimos detalhes na decoração do quarto de Jullie. O branco dava amplitude e o tom rosa bem claro no mosquiteiro e no protetor de berço traziam vivacidade ao quarto infantil. Ela colocou o urso de pelúcia amarelo na poltrona de amamentação e ajeitou a almofada. ― Tudo pronto para você, filha! ― falou ao olhar para a barriga. ― Se bem que ainda tenho que comprar mais fraldas e uma roupa para a sua saída do hospital. Nicole ajeitou a almofada no berço e recuou ao ver Joanna parada na porta. ― Que susto, tia! ― Encostou a mão no peito. ― Não sabia que estava aí. Joanna entrou no quarto em passos lentos. Fez um muxoxo enquanto observava o espaço amplo. ― O que achou, ti