Hermes
Tártaro
Minhas costas estavam queimando e Ares me olhava surpreso, eu não sabia de onde havia sido atingido era tudo trevas ao nosso redor exceto uma tocha no canto longe da parede, uma chama fraca tremeluzindo.
Estava deitado de rosto ao chão de pedra, apesar daquele lugar fazer frio eu suava e tremia.- Hermes precisamos sair daqui!- exclamou Ares e puxou novamente as correntes que o prendiam, mas como antes era inútil.
Eram correntes feitas pelo próprio deus ferreiro eu tinha certeza, esse lugar também nos enfraquecia Tártaro o deus primordial estava minando nossas forças assim ele conseguia manter os prisioneiros aqui.Mas havia mais de um inimigo aqui e eu não falava de Ares, na escuridão alguém havia se aproximado de mim e queimado minhas costas agora a dor me deixava quase imóvel.Tentei me mexer tentando levantar apesar das correntes que me prendiam pesadas ao chão, Ares sacudia suas próprias correntes de modo incessante.<
TróiaA cidade estava radiante com todos comemorando a partida dos gregos e pela primeira vez em tantos anos eu senti que as pessoas não me olhavam com ódio.Como eu poderia culpa-las? Eu havia trazido a guerra a suas portas, a morte a suas famílias, encarei meu rosto no espelho por alguns minutos e finalmente resolvi colocar as jóias que Páris havia me enviado.Dispensei as servas para ficar sozinha enquanto me arrumava para a celebração no salão de festas.- A mulher mais bonita do mundo se observando no espelho.- a voz de Páris me interrompeu parado na porta do quarto, vestia roupas finas e caras e ostentava uma coroa de prata de príncipe, seu sorriso para mim fez meu coração derreter, seus olhos estavam felizes como eu nunca vi e por alguma senti vontade de chorar ao olhar para ele e não sabia se era de felicidade ou tristeza por tudo que o fiz passar ao longo dos anos e as pessoas que perdeu por mim.
TártaroEu estava descendo mais e mais naquela caverna profunda e gelada, a escuridão parecia querer me envolver de todas as formas possíveis, um lugar sem nenhuma alegria ou conforto.Meus pés depois do que pareceu horas atingiram o solo pedregoso e o cheiro daquele lugar me atingiu em seguida, cheiro de sangue, suor e outras coisas.Pensei em Perséfone nesse lugar monstruoso e escuro, esse cheiro a teria nauseado com toda a certeza.Pensar nela fez meu coração se apertar, pensar no que fiz.Eu havia feito uma promessa há muito tempo de nunca machuca-la novamente e não cumpri.Afastei esses pensamentos que de nada me ajudavam, tive uma razão para impedi-la de vir até aqui, Érebos estava ressurgindo eu não sabia como e nem desde quando mas o fato era que em algum lugar daqui ele estava totalmente consciente e provavelmente reunindo forças, será que seu objetivo era o mesmo ainda? Era claro que ele almejava vingança contra mim,
HécateEncarei o rosto cruel da deusa Athena, duro e frio sobre o elmo, seu olhar era de triunfo enquanto me encarava cuspir sangue de forma débil, eu estava derrotada por ela.Como iria proteger tróia estando tão incapaz?Ela sabia disso é claro ao me ferir de modo tão covarde e bruto.Me arrastei para longe pateticamente pelo chão, meu único pensamento era em como eu havia falhado.Porque não fiquei na cidade?- Desista Hécate, tróia está perdida.- exclamou a deusa.Será? Depois de todo esse tempo os troianos iriam cair? Eles eram ferozes e resistiram por anos a fio tudo para serem vencidos por um truque tão baixo como esse..Que honra tem nisso?Olhei para Athena ainda se deliciando como meu sofrimento e pensei que se eu conseguisse me desmaterializar para o mundo inferior poderia conseguir ajuda.Perséfone e Hades estariam lá e possivelmente e eu torcia para isso Hermes, eles ao meu lado seria
Hermes continuava caminhando cada vez mais devagar, eu o puxava todas as vezes o obrigando a caminhar ao meu lado até me dar conta de que o caminho de volta parecia por algum motivo desconhecido ter se alongado.Há quanto tempo estávamos caminhando por esse mesmo túnel? Tinha algo errado.Não levei tanto tempo assim para atravessar todo o túnel inclusive chegar na bifurcação.E afinal onde estava a bifurcação? Já devíamos ter chegado nela.Parei por um momento iluminando o túnel com o garfo, apertei-o e o brilho se intensificou mais até chegar há vários metros a frente.O túnel parecia não ter fim.Não...estava errado.Ele não era tão longo assim, onde estava a bifurcação?- É ela, está brincando com nossas mentes.- murmurou Hermes de repente, olhei para ele encolhido na parede como um covarde.Senti nojo de sua covardia mas prestei atenção em suas palavras.- Ela quem? Pensei que Érebos
Naquele quarto parada observando Perséfone percebi o quanto tudo estava errado, era um verdadeiro desastre.Senti uma vontade terrível de chorar mas não fiz isso, me aproximei de sua cama e observei como seu rosto parecia tranquilo, sereno até.Estaria tendo sonhos bons?E o mais importante quando ela acordaria?Toquei sua mão e ela como o esperado caiu na cama completamente inerte.Ouvi os passos de Éaco atrás de mim.- Não há outros aliados de tróia? - perguntou com cautela.Me virei para ele e vi seus olhos preocupados.- Afrodite e Apolo estão aprisionados por Hera.- contei sem nenhuma emoção na voz, me sentia vazia e derrotada.Éaco colocou a mão delicadamente em meu ombro, parecia tentar me consolar, sua testa estava franzida e seus lábios se entreabriram e eu esperei que ele dissesse algo mas não disse, não imediatamente.- Não se pode salvar a todos, mas alguma coisa se p
TártaroAs três deusas me olharam com curiosidade.Hermes vomitou mais uma vez e eu me virei para ele saindo do meu torpor inicial me ajoelhando ao seu lado.- Hermes!- o chamei e ele continuou vomitando sangue.- Ele esta contaminado.- anunciou a mais velha se aproximando.- esse lugar faz isso com deuses, depois de um tempo aqui os adoece.- falou, sua era rouca e arrastada.Olhei as rusgas em seu rosto ancião.A mais jovem soltou os fios que segurava e se aproximou da anciã sussurrando algo em seu ouvido.A anciã assentiu e lentamente caminhou até nós.- Traga-o para cá Hades.- pediu ela e apontou para uma cama encostada na parede a alguns metros de onde estávamos.Levantei Hermes com cuidado, seus olhos estavam fechados e seu corpos todo molenga, rastros de sangue em seu rosto vindo d
Adentrei o salão com as palavras de Cassandra ainda ecoando em minha mente.Era como se ela soubesse de algo que estava prestes a acontecer.Aquela sensação ruim voltou com mais força e parei apoiada em uma coluna arfando sem ar.Era como se meu coração estivesse sendo comprimido, como se uma mão invisível estivesse em volta de minha garganta nesse momento e eu estivesse tentando respirar mas não conseguia.Fechei os olhos e lágrimas caíram sem que eu realmente entendesse o motivo disso.- Senhora? Está bem?- se aproximou um guarda preocupado, vendo que eu me apoiava na coluna é claro.Tentei respirar devagar sem querer causar uma cena desnecessária, hoje era uma noite feliz que há muito tempo não tínhamos.A partida dos gregos o fim de dez anos de guerra.Eu deveria estar feliz comemorando com meu marido, o homem que lutou toda uma guerra para estar comigo.Abri os olhos ciente d
Segurei Helena em meus braços completamente inconsciente.Seu rosto estava pálido e suas bochechas marcadas por lágrimas.Gritei por ajuda e todos ao redor se viraram para nós, os guardas se aproximaram e eu a ergui nos braços ao olhar de todos.Um grande murmúrio se iniciou e eu sai do salão ainda a segurando em meu colo.- Chamem uma curandeira!- gritei para os guardas que foram imediatamente atrás da curandeira do palácio.Segui com ela para nossos aposentos meu coração mal batia.Eu tremia enquanto a carregava.O que ela tinha? Parecia tão aterrorizada e agora eu estava aterrorizado com a possibilidade dela estar doente.Enquanto eu atravessava pelos corredores um murmúrio de vozes se iniciou.Vários guardas corriam pelos corredores se armando, seus olhares estavam assustados.Todos estavam completamente fora de si gritando a palavra gregos.Do outro corredor vi Heleno com cota de malha e segurando sua espada,