Naquele quarto parada observando Perséfone percebi o quanto tudo estava errado, era um verdadeiro desastre.
Senti uma vontade terrível de chorar mas não fiz isso, me aproximei de sua cama e observei como seu rosto parecia tranquilo, sereno até.Estaria tendo sonhos bons?E o mais importante quando ela acordaria?Toquei sua mão e ela como o esperado caiu na cama completamente inerte.Ouvi os passos de Éaco atrás de mim.
- Não há outros aliados de tróia? - perguntou com cautela.
Me virei para ele e vi seus olhos preocupados.- Afrodite e Apolo estão aprisionados por Hera.- contei sem nenhuma emoção na voz, me sentia vazia e derrotada.
Éaco colocou a mão delicadamente em meu ombro, parecia tentar me consolar, sua testa estava franzida e seus lábios se entreabriram e eu esperei que ele dissesse algo mas não disse, não imediatamente.
- Não se pode salvar a todos, mas alguma coisa se p
TártaroAs três deusas me olharam com curiosidade.Hermes vomitou mais uma vez e eu me virei para ele saindo do meu torpor inicial me ajoelhando ao seu lado.- Hermes!- o chamei e ele continuou vomitando sangue.- Ele esta contaminado.- anunciou a mais velha se aproximando.- esse lugar faz isso com deuses, depois de um tempo aqui os adoece.- falou, sua era rouca e arrastada.Olhei as rusgas em seu rosto ancião.A mais jovem soltou os fios que segurava e se aproximou da anciã sussurrando algo em seu ouvido.A anciã assentiu e lentamente caminhou até nós.- Traga-o para cá Hades.- pediu ela e apontou para uma cama encostada na parede a alguns metros de onde estávamos.Levantei Hermes com cuidado, seus olhos estavam fechados e seu corpos todo molenga, rastros de sangue em seu rosto vindo d
Adentrei o salão com as palavras de Cassandra ainda ecoando em minha mente.Era como se ela soubesse de algo que estava prestes a acontecer.Aquela sensação ruim voltou com mais força e parei apoiada em uma coluna arfando sem ar.Era como se meu coração estivesse sendo comprimido, como se uma mão invisível estivesse em volta de minha garganta nesse momento e eu estivesse tentando respirar mas não conseguia.Fechei os olhos e lágrimas caíram sem que eu realmente entendesse o motivo disso.- Senhora? Está bem?- se aproximou um guarda preocupado, vendo que eu me apoiava na coluna é claro.Tentei respirar devagar sem querer causar uma cena desnecessária, hoje era uma noite feliz que há muito tempo não tínhamos.A partida dos gregos o fim de dez anos de guerra.Eu deveria estar feliz comemorando com meu marido, o homem que lutou toda uma guerra para estar comigo.Abri os olhos ciente d
Segurei Helena em meus braços completamente inconsciente.Seu rosto estava pálido e suas bochechas marcadas por lágrimas.Gritei por ajuda e todos ao redor se viraram para nós, os guardas se aproximaram e eu a ergui nos braços ao olhar de todos.Um grande murmúrio se iniciou e eu sai do salão ainda a segurando em meu colo.- Chamem uma curandeira!- gritei para os guardas que foram imediatamente atrás da curandeira do palácio.Segui com ela para nossos aposentos meu coração mal batia.Eu tremia enquanto a carregava.O que ela tinha? Parecia tão aterrorizada e agora eu estava aterrorizado com a possibilidade dela estar doente.Enquanto eu atravessava pelos corredores um murmúrio de vozes se iniciou.Vários guardas corriam pelos corredores se armando, seus olhares estavam assustados.Todos estavam completamente fora de si gritando a palavra gregos.Do outro corredor vi Heleno com cota de malha e segurando sua espada,
Encarei o semideus a minha frente ciente de sua habilidade muito superior a minha.Aquiles não era apenas um simples mortal nem um semideus qualquer.Me lembrei da profecia de sua mãe Tétis que ela daria a deusa um filho que poderia ser tão grande quanto o rei do Olimpo, Zeus para burlar a profecia entregou Tétis a um mortal para ser seu marido fazendo assim que Aquiles viesse ao mundo como um semideus e não um deus.Mas encarei-o agora diante de mim, os músculos de seu braço sem qualquer ferimento mesmo que eu tivesse tentado e muito, ele permanecia intacto.Seu olhar era tão feroz e confiante, ele não duvidava de si nenhum por um momento percebi, ele girou a espada perigosamente contra mim, só pude recuar para trás tentando desviar de seus golpes.- Acabe logo com isso!- exigiu Menelau e o som da sua me enfureceu, desejei imensamente te-lo matado quando tive a chance.
Tróia estava sendo atacada pelos gregos e eu só pensava que eu devia matar um homem.Um único homem precisava a todo o custo morrer e eu faria isso.Segui com vários soldados para a sala de armas, Heleno e meus outros irmãos estavam reunidos lá se armando e decidindo o que fariam.Quando cheguei a maioria deles não conseguiu disfarçar seu olhar que me culpava por toda aquela guerra.Eu tentei ignorar aquilo porque precisávamos nos unir para derotar os gregos mesmo que as chances estivesse contra nós era preciso ser confiante.- Páris!- exclamou Heleno ao me ver chegando.Rapidamente os guardas foram me passando minha cota de malha que vesti rapidamente, peguei meu escudo e espada.- Irmãos.- falei alto por causa de todas as vozes juntas, vários homens estavam como eu se Armando.Heleno explicou que a metade da cidade já estava tomada e isso não me surpreendeu, narrou como tud
O cheiro de carne queimada era nauseante para mim, ao passar por aqueles corpos vi que alguns ainda estavam vivos mas por poucos segundos.Eram tanto deles que eu não me atrevia a contar.Os soldados troianos viram toda aquela cena de horror como um sinal de esperança para eles, mas embora eu estivesse ao lado deles eu não conseguia comemorar matando tantos homens assim de uma só vez.Era bem da verdade que eu estava disposta a matar Menelau em seu leito de doente mas aquilo era completamente diferente, Menelau era um líder militar, um rei do qual trazia milhares de soldados a guerra atrás de uma mulher que o deixou.Matar ele era o certo no meu conceito.Mas isso que havia acabado de fazer?Não parecia certo de várias maneiras diferentes e fiquei perturbada ao pensar sobre o que Perséfone ou Hermes diriam comigo matando tantos mortais assim de uma vez.Caminhei desviando d
Eu estava caindo.No completo vazio.O vento ao redor açoitava meu rosto, eu agitava minhas meus braços em uma atitude desesperada de alcançar algo que eu pudesse me segurar mas não havia nada.Não tinha nada ao redor, eu nem sabia se o solo estava próximo ou não.Não sei quanto tempo depois passou até que eu atingi o solo.Arfei deitada em uma superfície arenosa.Toquei a areia ao meu redor e me levantei sentindo dores mas eu não sabia nem de qual altura eu havia caído e nem mesmo de onde.Olhei ao redor tentando saber onde eu estava e vi diante de mim um rio muito longo e escuro.Estava tudo muito silencioso, olhei para o céu e vi somente escuridão, alguns raios alaranjados brilhavam de vez em quando mas não havia lua ou sol visíveis em lugar algum.Eu só poderia estar no mundo inferior ainda.- Perséfon
Encarei Héstia enquanto ela simplesmente desaparecia diante de mim.Tentei tocar onde uma vez ela esteve mas ela já havia desaparecido.Me sentei na areia negra me sentindo completamente derrotada.Eu havia perdido no momento em que confiei em Hades e isso me doía tão profundamente que era difícil até de pensar.Os deuses eram cruéis e egoístas eu já havia ouvido essas palavras e agora eu acreditava nelas.A quanto tempo eu estava inconsciente? Eu nem se quer tive tempo de perguntar a ela.Mas me lembrei de sua pergunta.Porque estavamos a beira do rio estige.Realmente porque? Aquilo deveria ter algum significado não? Caminhei até o rio e meus pés chegaram a tocar a água gelada.Olhei mais atentamente e vi o barco de Caronte que começou a se aproximar devagar até ficar a uma curta distância da margem.Não era realmente Caronte é claro porque aquilo tudo acontecia em minha mente mas me perguntei o que aconteceria se eu embarcasse?C