— Minha respiração ficou suspensa. Geo trouxe Mirela Furtado com ele?Agora eles estão tão inseparáveis assim, não conseguem mais ficar longe um do outro?Renan Torre Sérgio notou minha distração e sorriu de canto.— Seus olhos são mais honestos do que sua boca.Dizendo isso, ele saiu caminhando.Engoli em seco a sensação amarga na garganta e o segui.Quando cheguei aqui, fui trazida desacordada por Renan. Agora, ao sair, estava sentada em seu carro de luxo, observando a paisagem que passava rapidamente pela janela.Curiosamente, parecia que a paisagem se lembrava de mim, mas eu não conseguia guardar nenhuma imagem clara dela.Quando o carro parou, olhei para Renan, sentindo meu coração acelerar.— Porque me trouxe a um hospital?— Para ver alguém. — Respondeu ele, observando minha tensão evidente.— Quem? — Minha garganta secou.Ele se inclinou um pouco mais perto, seus olhos profundos fixos nos meus.— Está tão nervosa... tem medo que seja o Geo?Ele acertou em cheio.— Não terminara
— Esse homem não era cheio de manias de limpeza?Então porque, quando se trata de mim, ele está sempre me abraçando ou segurando minha mão?Antes que eu pudesse me soltar, a visão dentro do quarto me deixou atordoada.Não era Geo.O homem deitado na cama me viu e imediatamente franziu as sobrancelhas, olhando para Renan Torre Sérgio com uma expressão furiosa.— O que você trouxe ela aqui para fazer?Renan me conduziu até o sofá e se sentou calmamente.— Estou levando-a para assistir ao jogo, e achei que poderíamos dar uma passada aqui... Como está a sua recuperação?O rosto de Bruno ficou sombrio, visivelmente desconfortável. As palavras de Renan eram como sal em uma ferida aberta — e uma ferida feia.Lembrei-me de onde Bruno havia se machucado e... realmente, era uma situação embaraçosa.— Renan, se você não vai me ajudar a me vingar, pelo menos não precisa trazer essa mulher aqui para me provocar. O que está tentando fazer? — Bruno estava claramente irritado.— Nada demais. Apenas qu
— Porquê? Minha garganta apertou ao soltar essas três palavras.— Hm? — Renan parecia não entender o que eu queria dizer.Olhei para seus olhos profundos.— Porque você... está sendo tão bom para mim?Engoli a sensação seca na garganta e continuei:— Renan, sua bondade comigo é completamente anormal. Nós nem nos conhecemos direito. Para ser sincera, sou apenas uma ferramenta que você está usando para atingir outras pessoas...Ele riu baixinho.— E o que há de errado em ser bom com você?— Isso me deixa desconfortável. — Respondi diretamente. Afinal, no mundo real, não existe amor ou ódio sem motivo.Renan franziu os lábios e inclinou a cabeça levemente.— Porque você é útil para mim.Minha respiração ficou presa.— Útil como?Ele sorriu.— Nossa, você é mesmo do tipo que não descansa até descobrir toda a verdade.Quanto mais ele falava de maneira indiferente, mais tensa eu ficava.— Renan, para com esses rodeios.Seu sorriso diminuiu gradualmente. Ele ergueu a mão e roçou meus cabelos
— Instintivamente, virei o rosto.No mesmo instante, Geo também levantou o olhar.Mesmo através do vidro do carro, parecia que ele podia me ver claramente.Meu coração foi perfurado como se uma lâmina fria o tivesse atravessado.Mas seu olhar na minha direção não durou muito. Mirela Furtado logo o interrompeu e, mesmo com a janela fechada, pude ouvir sua voz:— Geo, vamos entrar?Ele desviou o olhar, deu um passo à frente e seguiu Mirela para dentro.Naquele instante, um impulso inesperado tomou conta de mim, e antes que percebesse, já havia puxado a maçaneta do carro.Quando meus pés tocaram o chão, Renan Torre Sérgio também desceu do carro ao meu lado. Ele me observou e perguntou com um leve sorriso:— Quer ir lá cumprimentá-lo?Sim.Eu queria ver se ele teria vergonha ao me ver com outra mulher.Se lembraria das promessas que me fez?Isso não era sobre ainda estar presa ao passado, mas sim sobre querer saber: ele sentiria culpa?— Geo.— Renan chamou, sem precisar que eu respondesse.
— Então falamos depois do jogo. — Renan respondeu com seu típico tom de brincadeira.Já percebi que, para ele, tudo é um jogo. Não importa quem esteja do outro lado, ele sempre gosta de provocar.— Vamos encontrar um lugar para sentar. — Disse ele, me guiando pelo local.Assim que nos acomodamos, Geo entrou na arena ao lado de Mirela Furtado.Não estávamos exatamente ao lado deles, mas sim na fileira de trás.E, para completar, Sebastião Martins estava junto.Então foi ele quem organizou os assentos?Pensei nos ingressos que tinha separado para Benedita e Vinicius, mas até agora, eles ainda não tinham aparecido.Comecei a ficar preocupada.Mas meu celular estava quebrado, então eu não tinha como entrar em contato com Benedita.O mais lógico seria pedir para Geo ligar para ela, mas eu não queria dar esse gostinho.Por sorte, eu lembrava o número de Benedita de cabeça. Decidi sair para procurar um celular emprestado.— Carolina. — Ouvi uma voz me chamando assim que saí do salão.Virei-me
— Ódio? Sim.Mas o ressentimento era ainda maior.Só que meus sentimentos, sejam eles de amor ou de rancor, não tinham nada a ver com essa mulher.Ela me abordou por um motivo óbvio: insegurança.Talvez estivesse com medo de que eu ainda pudesse ser um problema entre ela e Geo.Virei-me para ela com um sorriso leve.— Srta. Furtado, nós não somos próximas. Quem eu amo ou odeio não é da sua conta. Mas, se você está tão curiosa, pode perguntar ao próprio Geo. Ele deve saber melhor do que ninguém.— Ah, ele sabe. — Ela disse com naturalidade. — Mas eu ainda não sei.Mirela continuou me pressionando.Observei aquela mulher de personalidade forte e confiante.— Você está com medo, não é?Meus lábios se curvaram em um sorriso frio.— Medo de que eu ainda possa ter algo com ele. Mas não se preocupe. O Geo de hoje… pode se ajoelhar na minha frente e implorar. Eu não perderia nem um segundo olhando para ele.Mirela riu, mas em seu sorriso havia algo de desdém.— Que frieza, Srta. Pinto.Puxei u
— O riso de Renan ecoou alto, chamando a atenção de todos ao redor.E, claro, como eu estava ao lado dele, os olhares também recaíram sobre mim.Até Mirela, sentada à nossa frente, virou-se para trás.Fiquei instantaneamente envergonhada, meu rosto pegando fogo. Irritada, bati no braço de Renan.— Para de rir!— Ah...Ele puxou o ar entre os dentes, protegendo o braço atingido.Foi então que lembrei da lesão… aquela que Geo havia deixado nele.Homens têm orgulho. E Renan, sendo quem é, nunca deixaria uma ofensa dessas passar em branco.Respirei fundo.— Geo está aqui hoje. — Comecei, hesitante. — Você vai se vingar?Renan fixou o olhar em Geo, sentado logo à frente.— Se ele ficar na dele, posso esperar mais um pouco.Meu coração deu um salto.— O que quer dizer com isso?Renan sorriu, sem pressa.— Quer dizer que, se ele não tentar te tirar daqui, eu deixo ele ir embora sem problemas.Meus dedos se apertaram sobre o sorvete que segurava.Geo queria me tirar daqui?Então… era sobre iss
— Nunca confie em um lobo para pastar como uma ovelha.Sebastião já havia me avisado que Renan queria que Pedro vencesse essa partida. Agora, só restava torcer para que ele realmente ganhasse e saísse daqui em segurança.A partida começou.Pedro entrou no salão.De imediato, seu olhar foi para a primeira fila. Era óbvio que ele e Geo trocaram olhares, e Sebastião também. Depois, ele varreu as arquibancadas, como se procurasse alguém.Seus olhos finalmente encontraram os meus.Sua expressão mudou no mesmo instante, a sobrancelha franzindo.E então, ao lado, Renan levantou a mão e acenou para ele.Era um lembrete.Uma ameaça.— Viu isso? — Renan se inclinou para o meu ouvido, sua voz cheia de diversão. — Ele ficou nervoso.— Se ele está nervoso, pode acabar perdendo a partida. — Retruquei, séria.— Errado. Você não entende a natureza humana.Renan balançou a cabeça como se estivesse explicando algo óbvio.— Você sabe quando um lobo fica mais excitado? Quando sente o cheiro de sangue. Os