Eu me sentei ali, tão tensa quanto os torcedores na arquibancada.A câmera do estádio focou novamente no campo, e com um cruzamento bonito que saiu pela linha de fundo do adversário, uma explosão de aplausos tomou conta do lugar.A jogadora que eu tanto admirava ergueu os braços, comemorando a vitória.Eu, acompanhando pela televisão, sorri discretamente ao ver a cena.Com o som de uma música de celebração vindo do estádio, girei minha cadeira para encarar Lídia.— Ganhou.— Você já viu o jogo. Agora diga, por que você está aqui? — Ela me questionou.Empurrei o chão com os pés, deslizando a cadeira até parar bem à sua frente. Cruzei uma perna sobre a outra.Ainda estava com a mesma roupa que usei no jantar da noite anterior com Gilberto e Luana, uma saia de seda preta com uma fenda lateral.De pé, a fenda parecia discreta, mas ao sentar, ela subiu, revelando parte da coxa.Minha pele é muito clara, e contra o fundo preto da saia, minhas pernas pareciam ainda mais brancas, quase brilhan
— O que está fazendo? Me devolve o celular!Lídia se desesperou, gritando enquanto avançava para pegar o celular.Ela estava obviamente nervosa e com medo. Isso só aumentou minha curiosidade sobre quem seria a ligação recebida no meio da noite.Desviei, recusando-me a entregar o aparelho. No meio da briga, a ligação acabou sendo feita.No entanto, do outro lado, o telefone tocou apenas uma vez antes de ser desligado.Não atenderam?Isso só deixou as coisas ainda mais suspeitas.Redialei o número. Lídia já tinha descido da cama, descalça, e correu para tentar pegar o celular de volta.Tão nervosa, acabou xingando:— Carolina, você não tem vergonha? Me devolve o celular!No meio dos gritos dela, a ligação foi atendida. Uma voz irritada veio do outro lado:— Por que insiste em ligar, se eu desliguei?Essa voz...Era Fabiane?Fiquei atônita por um segundo antes de entender tudo.Nunca imaginei que Fabiane pudesse recorrer a algo tão baixo. Para conseguir um homem, chegou a esse ponto.— Pr
Ela ainda quer o parque de diversões?Essa mulher acha que é o quê? Uma mina de ouro?— Não. — Recusei diretamente.— Porquê? — Lídia me perguntou.Não respondi, e ela mesma se apressou em falar:— É só porque Sebastião te deu?Que imaginação fértil a dela.— Naquele dia, na inauguração, você não ouviu direito o que o presidente Martins disse? — A lembrei.Lídia riu com desdém.— Apenas palavras para despistar os outros.Não adianta tentar explicar para alguém irracional. Em vez disso, perguntei:— Vamos lá, diga-me por que você quer o parque de diversões.— Porque ele dá lucro. Tendo ele, eu não vou mais precisar me preocupar com o resto da vida. — Ela respondeu, com um tom aparentemente sincero.Pelo comportamento dela, parecia uma resposta plausível, mas eu sabia que não era tão simples assim.— Lídia, você quer algo e ainda mente. Como espera que eu aceite? — Fui direto ao ponto.Os olhos dela se estreitaram.— Quer mesmo ouvir a verdade?Não respondi. Apenas me virei para sair, ma
Boa ideia essa de caímos juntas no abismo.Lídia é uma mulher que seria capaz de usar até a vida do próprio marido como trampolim, quanto mais aproveitar os outros.Ela não só fala, mas faz. Por isso, é alguém com quem preciso redobrar a atenção.Aproximei-me dela, encarando-a diretamente nos olhos.— Então, vamos ver quem vence essa disputa.Dito isso, levantei a perna com força, soltei-me do agarre dela e saí.Quando cheguei à porta, lembrei-me da criança que ela causou o parto prematuro. Não pude deixar de falar:— Lídia, se você ainda é um ser humano, deveria pelo menos dar uma olhada no seu próprio bebé. No mínimo, deixe a criança saber que tipo de pessoa a colocou no mundo.Ela congelou por um instante. Retirei meu olhar dela e segui em frente.Fui até a sala de descanso de Luana. Esperei por uns dez minutos até que ela voltou.— Você ainda está aqui? — ela disse, sorrindo.— Não venha com esse papo furado. O que o diretor disse? — Perguntei diretamente.— Nada demais. Pediu para
Eu também entendi a intenção dela e continuei o raciocínio:— Além disso, com você indo embora, o diretor vai ficar preocupado. Afinal, você é a melhor cirurgiã ginecológica de Cidade A.— Pois é! Vou usar essa situação ao meu favor, matar dois coelhos com uma cajadada só. Talvez, no meio dessa confusão, eu ainda consiga uma promoção para vice-diretora — disse ela, revelando sua ambição, que não era pequena, mas sim estratégica.Levantei o polegar para ela:— Enquanto jogam lama em você, você planta flores com essa lama.Luana indicou meu celular na mesa com um movimento do queixo:— Use seu status VIP e reserve uma passagem para mim.Não é à toa que ela é chamada de “a melhor ginecologista”: faz tudo de forma prática e imediata. Abri o celular e comprei uma passagem para o mesmo dia. Depois, a levei até em casa para arrumar as malas.— O diretor não pediu para você ficar aqui e cooperar com a investigação? — perguntei quando a deixei no aeroporto.Ela sorriu:— Carol, só agora você p
Meu coração deu um salto, e perguntei instintivamente:— O que aconteceu?Sebastião também tinha uma expressão séria:— Briga.Brigar no exterior, ainda mais às vésperas de uma competição, parecia algo muito errado. Eu intuía que havia mais por trás disso:— Foi ele que pediu para você ir?Sebastião hesitou por um instante antes de responder:— Ele está detido.Fiquei chocada.— Algo tão grave assim?— Sim, e se não for resolvido, ele pode até enfrentar uma longa detenção. — Suas palavras me fizeram prender a respiração por alguns segundos.Talvez percebendo minha preocupação, Sebastião continuou:— Não sei exatamente o que aconteceu. Quem me ligou foi um colega de equipe dele. Vou até lá para entender melhor.Assenti levemente:— Se souber de algo, você pode...— Quer ir comigo? — Sebastião me interrompeu, olhando diretamente para mim.Eu não esperava essa pergunta. Abri a boca para responder, mas ele falou novamente:— O colega dele disse que ele está muito abalado e extremamente agi
— Por que você veio? — Ele largou o trabalho que tinha nas mãos. Caminhei até suas costas e acariciei o queixo dele:— Senti saudades. A declaração repentina não trouxe alegria ao rosto dele; pelo contrário, parecia que algo estava errado. Ele segurou minha cintura com firmeza e, num movimento ágil, me colocou no colo dele:— O que aconteceu? Olhando para o semblante preocupado dele, toquei de leve o nariz dele com o dedo e sorri:— Como é que você sempre sabe de tudo? — Então não esconda nada. — A Luana foi para o exterior. — Comecei falando da Luana, mas não mencionei nada sobre o Pedro. Ele não demonstrou nenhuma surpresa, apenas respondeu com um simples:— Ah. O nariz de George era alto e bem desenhado. Meus dedos traçaram os contornos dele:— George, você é homem. Sabe como os homens pensam. Me diz uma coisa: homens gostam que as mulheres fiquem muito grudadas neles? — Está perguntando pela Luana? — Ele me observava, permitindo que eu continuasse acariciando-o. —
— Por que você está me perguntando se quer fazer algo? — George me devolveu a pergunta.Eu estava deitada em seu pescoço, evitando olhar para seu rosto. Meus dedos inquietos brincavam com o botão da camisa dele:— Porque eu tenho medo de que você pense demais e fique chateado.Senti minha testa esquentar quando George depositou um beijo suave nela:— Então você estava se preocupando comigo.Havia uma nota de alegria em sua voz. Era a alegria de saber que eu me importava com ele. No fundo, parece que até os homens precisam dessa sensação de cuidado.— Claro que sim. Você é meu namorado. Eu não quero que você pense que eu seria capaz de te deixar por causa de outro homem, muito menos que você se sinta desconfortável porque eu ainda tenho algum contato com meu ex. — Confessei abertamente.O que eu não quero para mim, tampouco quero para George. As coisas pesadas que eu mesma já carreguei, de jeito nenhum deixaria que ele as carregasse também.— Carolina, você realmente se preocupa comigo.