— Luana...Antes que eu dissesse algo, ela falou:— Você acha que, se eu for atrás do Gilberto agora, ainda tenho chance?Ter chance, até tem, mas ela não pode ir atrás dele.Ela não está em serviço, mas também não pode sair do hospital. Precisa passar por uma investigação e aguardar o parecer da comissão médica.— Não fica pensando besteira. A Lídia só está desesperada, mordendo pra todos os lados. Deve ter tido algum curto-circuito no cérebro. — Luana fez uma pausa e completou: — Acho que precisamos fazer uma avaliação psiquiátrica nela.Mas suas palavras não me fizeram rir. Luana, percebendo meu pensamento, deu uma leve batida com o dedo na minha testa:— Não coloca isso na cabeça. Não tem nada a ver com você.Como não teria a ver?Lídia estava atacando a Luana por minha causa. Além disso, o incidente com Lídia só aconteceu porque fui eu quem chamou a Luana.Se não fosse por mim, talvez ela nem tivesse operado a Lídia.— Tenha a ver ou não, eu preciso enfrentá-la de qualquer jeito.
O rosto de Augusto ficou vermelho por causa do que eu disse.— Que história é essa de cachorro? Para de insultar as pessoas. O que aconteceu entre nós dois está resolvido, página virada.Olhei para ele, que claramente estava irritado, mas se segurando, e meu humor melhorou instantaneamente. Dei um passo à frente, e ele imediatamente recuou, cruzando os braços, como se eu fosse fazer algo contra ele. Não consegui segurar o riso:— O que foi? Tá com medo de que eu faça alguma coisa? Olha só pra você, morrendo de medo. Só estou curiosa... Por que você tá tão bonzinho comigo?— Ser bonzinho é ruim? Ou será que você preferia que eu... — Augusto parou no meio da frase e resmungou:— Para de tentar me provocar, e nem vem pra perto. Se bobear, eu gravo tudo agora como prova.Diante daquele jeito medroso dele, soltei um risinho irônico:— Fala logo, o que o Miguel fez pra você ficar tão obediente assim?O olhar de Augusto vacilou por um instante, e ele nem teve coragem de me encarar quando resp
Continuei com os olhos fixos na partida. Era um confronto entre dois dos maiores craques do futebol brasileiro na atualidade, uma verdadeira batalha de gigantes. Cada jogada era de tirar o fôlego.Enquanto eu me deliciava com o espetáculo, perguntei casualmente para Lídia: — Quem você acha que ganha essa partida?Lídia ignorou minha pergunta, soltando uma voz estridente: — Carolina, como é que você teve coragem de aparecer aqui?Arrastei a cadeira próxima da cama dela, sentei-me e continuei a olhar a partida na tela: — Não foi você que sempre quis me ver? Pois aqui estou.Ela queria processar a Luana, e tudo estava claramente direcionado a mim: — Pode ter vindo, mas isso não vai mudar nada. Vou fazer você pagar caro, mais caro do que se fosse com a sua própria vida.Ela não disfarçava mais sua hostilidade.Na televisão, meu jogador favorito fazia uma jogada genial, deixando o adversário na saudade e arrancando aplausos da torcida. Um sorriso escapou dos meus lábios enquanto eu a olhav
Lídia deu um salto rápido para o lado.A velocidade dela foi tanta que eu não me segurei e soltei uma risada.Rindo, peguei o controle remoto que ela havia jogado para longe.– Tá com medo de quê? Eu só tô pegando o controle, nada mais.O rosto de Lídia passava de vermelho para branco, claramente desconfortável.Liguei a TV novamente e voltei para o jogo. A partida estava pegando fogo: 2 a 2 no placar e já na prorrogação. Quem marcasse o próximo gol poderia selar a vitória.– Sai daqui! – Lídia gritou comigo de repente.Com o controle ainda na mão, apontei para ela:– Fica quieta aí. Deixa eu assistir o jogo. Quando terminar, a gente conversa.Claro que eu estava provocando Lídia de propósito, mas também era verdade que eu queria assistir à partida.Enquanto muita gente idolatra cantores ou atores, eu sempre admirei jogadoras de futebol. Principalmente aquela atacante jovem que estava jogando agora – uma verdadeira craque, que tinha começado sem fama, mas agora estava brilhando nos gra
Eu me sentei ali, tão tensa quanto os torcedores na arquibancada.A câmera do estádio focou novamente no campo, e com um cruzamento bonito que saiu pela linha de fundo do adversário, uma explosão de aplausos tomou conta do lugar.A jogadora que eu tanto admirava ergueu os braços, comemorando a vitória.Eu, acompanhando pela televisão, sorri discretamente ao ver a cena.Com o som de uma música de celebração vindo do estádio, girei minha cadeira para encarar Lídia.— Ganhou.— Você já viu o jogo. Agora diga, por que você está aqui? — Ela me questionou.Empurrei o chão com os pés, deslizando a cadeira até parar bem à sua frente. Cruzei uma perna sobre a outra.Ainda estava com a mesma roupa que usei no jantar da noite anterior com Gilberto e Luana, uma saia de seda preta com uma fenda lateral.De pé, a fenda parecia discreta, mas ao sentar, ela subiu, revelando parte da coxa.Minha pele é muito clara, e contra o fundo preto da saia, minhas pernas pareciam ainda mais brancas, quase brilhan
— O que está fazendo? Me devolve o celular!Lídia se desesperou, gritando enquanto avançava para pegar o celular.Ela estava obviamente nervosa e com medo. Isso só aumentou minha curiosidade sobre quem seria a ligação recebida no meio da noite.Desviei, recusando-me a entregar o aparelho. No meio da briga, a ligação acabou sendo feita.No entanto, do outro lado, o telefone tocou apenas uma vez antes de ser desligado.Não atenderam?Isso só deixou as coisas ainda mais suspeitas.Redialei o número. Lídia já tinha descido da cama, descalça, e correu para tentar pegar o celular de volta.Tão nervosa, acabou xingando:— Carolina, você não tem vergonha? Me devolve o celular!No meio dos gritos dela, a ligação foi atendida. Uma voz irritada veio do outro lado:— Por que insiste em ligar, se eu desliguei?Essa voz...Era Fabiane?Fiquei atônita por um segundo antes de entender tudo.Nunca imaginei que Fabiane pudesse recorrer a algo tão baixo. Para conseguir um homem, chegou a esse ponto.— Pr
Ela ainda quer o parque de diversões?Essa mulher acha que é o quê? Uma mina de ouro?— Não. — Recusei diretamente.— Porquê? — Lídia me perguntou.Não respondi, e ela mesma se apressou em falar:— É só porque Sebastião te deu?Que imaginação fértil a dela.— Naquele dia, na inauguração, você não ouviu direito o que o presidente Martins disse? — A lembrei.Lídia riu com desdém.— Apenas palavras para despistar os outros.Não adianta tentar explicar para alguém irracional. Em vez disso, perguntei:— Vamos lá, diga-me por que você quer o parque de diversões.— Porque ele dá lucro. Tendo ele, eu não vou mais precisar me preocupar com o resto da vida. — Ela respondeu, com um tom aparentemente sincero.Pelo comportamento dela, parecia uma resposta plausível, mas eu sabia que não era tão simples assim.— Lídia, você quer algo e ainda mente. Como espera que eu aceite? — Fui direto ao ponto.Os olhos dela se estreitaram.— Quer mesmo ouvir a verdade?Não respondi. Apenas me virei para sair, ma
Boa ideia essa de caímos juntas no abismo.Lídia é uma mulher que seria capaz de usar até a vida do próprio marido como trampolim, quanto mais aproveitar os outros.Ela não só fala, mas faz. Por isso, é alguém com quem preciso redobrar a atenção.Aproximei-me dela, encarando-a diretamente nos olhos.— Então, vamos ver quem vence essa disputa.Dito isso, levantei a perna com força, soltei-me do agarre dela e saí.Quando cheguei à porta, lembrei-me da criança que ela causou o parto prematuro. Não pude deixar de falar:— Lídia, se você ainda é um ser humano, deveria pelo menos dar uma olhada no seu próprio bebé. No mínimo, deixe a criança saber que tipo de pessoa a colocou no mundo.Ela congelou por um instante. Retirei meu olhar dela e segui em frente.Fui até a sala de descanso de Luana. Esperei por uns dez minutos até que ela voltou.— Você ainda está aqui? — ela disse, sorrindo.— Não venha com esse papo furado. O que o diretor disse? — Perguntei diretamente.— Nada demais. Pediu para