Larissa não agiu como antes para acalmar a situação, apenas ficou em silêncio, como qualquer convidado comum faria quando os donos da casa discutiam.Sra. Pires se apressou para impedir que Walter saísse.- Por que brigam assim? Walter, você nem comeu ainda. Coma um pouco mais, à tarde, pode ficar ocupado e não terá tempo para comer, acabando com problemas estomacais novamente. - Disse Sra. Pires.Walter foi impedido e seu olhar continuou frio.Sra. Pires chamou por Carlos. Carlos ficou tenso por alguns segundos e teve que ceder. - Eu só queria perguntar, com a troca de diretores no final do ano, você não pretende manter Sr. Bruno e Sr. Ângelo? - Perguntou Carlos.Walter se sentou de novo, mas não tocou mais na comida.- Sim. - Respondeu ele.- Eles são veteranos da empresa. - Disse Carlos, franzindo a testa.- Isso não significa que podem abusar de sua posição. - Disse Walter, indiferente.- Eles contribuíram muito para o Grupo BY. Talvez se sintam um pouco superiores. - Disse Carlo
Larissa, franzindo a testa internamente, não sabia se era um teste dela ou uma ideia de Sr. Carlos.O tópico era perigoso demais. Larissa desviou o olhar.- Sra. Pires, eu não entendo completamente, mas acredito que as pessoas precisam mudar e se aventurar fora de suas zonas de conforto. Você e Sr. Carlos me consideram sua filha, eu vejo isso como um pássaro jovem que precisa deixar o ninho dos pais e explorar. Não concorda? - Disse Larissa.Ao apelar para a emoção, Larissa conseguiu desviar do assunto arriscado. - Vamos beber mais chá. - Sra. Pires só conseguiu responder.Ela não mais mencionou.Larissa achou melhor não prolongar a conversa. Após terminar o chá, ela colocou a xícara na mesa. - Não é mais cedo. Você precisa descansar à tarde. Vou indo. - Disse Larissa.- Carlos está no escritório no segundo andar. Vá lá e se despeça dele. Você, como um passarinho, nunca sabemos quando voltará para visitar ele. - Sugeriu Sra. Pires.Era uma sugestão razoável. - Qual é o quarto dele? -
Larissa apertou os lábios e levantou a mão para ajudar ele com os botões do punho.A tonalidade intensa da pedra preciosa combinava perfeitamente com a camisa de Walter.Ele olhou para ela enquanto ela realizava a tarefa.Antes, quando ela ajudava ele com a gravata, os botões, ou ajustava a manga, tudo era feito de maneira natural e fluida. Agora, parecia que ela estava carregando um fardo.Um sorriso suave apareceu nos lábios dele.Os botões eram pequenos e difíceis de manusear, e Larissa tentou ser rápida. - O que você quis dizer com coração artificial? - Perguntou Larissa.Ela ainda estava em guarda contra qualquer artimanha dele.Surpreendentemente, não houve trapaça dessa vez.- Essa tecnologia é madura no exterior e foi introduzida na clínica no país há alguns anos. No entanto, em comparação, ainda não foi amplamente adotada. - Respondeu Walter, com indiferença.O coração não era uma manga, não brotava do nada em uma árvore.Comparado ao doador, aquele desenvolvimento de máquina
Larissa saiu da família Pires e pegou um táxi diretamente para a Universidade da Cidade S. Ao mesmo tempo, ela pesquisava sobre corações artificiais em seu celular.Chegando ao local, ela já tinha uma compreensão inicial sobre corações artificiais. Guardando o celular, ela mostrou seu crachá de funcionária para passar pela segurança da universidade e caminhou com pressa em direção ao prédio dos professores.Nesses dois meses em que não procurou emprego, Larissa fez um trabalho de meio período como assistente de Enrico, um professor na universidade. Desde o início, quando Enrico a chamou para ajudar ao lado dele e até pagou a ela salário, Larissa realmente sentiu que ele percebeu que ela não tinha emprego e estava sob pressão financeira. Para ajudar ela, ele inventou razões para enviar dinheiro a ela.No entanto, Enrico explicou que estava muito ocupado com as responsabilidades de ensino e pesquisas no final do semestre, que ela poderia tentar ajudar por alguns dias.Após experimentar
Era claro que Larissa já havia percebido.Todas as informações dele eram organizadas por ela.- Então, professor Enrico, não é porque você não precisa do meu trabalho aqui, mas porque acha que eu não quero encontrar pessoas do Grupo BY? – Perguntou Larissa, levantando os olhos.- Você está me fazendo parecer que estou sendo egoísta. – Disse Enrico, sorrindo.Mas não era isso que ele estava fazendo?Larissa nunca viu um chefe que, para cuidar dos sentimentos dos funcionários, preferia fazer o trabalho sozinho.- Professor Enrico, você está se preocupando demais. Depois que você terminar suas coisas aqui, ainda tenho que procurar emprego. O círculo é pequeno, é inevitável encontrar pessoas do Grupo BY enquanto trabalho. Devo evitar eles toda vez? – Disse Larissa, de maneira tranquila. – Agora, o Grupo BY não tem nenhum significado para mim. Ela estava levando isso de forma tão leve que Enrico não hesitou mais. Eles foram juntos para o jantar naquela noite.Havia muitas pessoas no jantar
Após saírem do restaurante, Enrico olhou para Larissa com uma expressão suave.- Que tal encontrarmos outro lugar para jantar? Pode ser churrasco? – Perguntou Enrico.Ele agia como se nada tivesse acontecido.- Nós realmente podemos ir embora assim? – Larissa não podia deixar de questionar.- Claro que podemos. Por que não poderíamos? – Disse Enrico, ajustando seus óculos. - Eu ajudei você a preparar esse projeto de pesquisa por dois meses, é tão importante, você simplesmente desistiu. Isso é um pouco... – Começou Larissa.- Estou sendo muito romântico? – Interrompeu Enrico, com um sorriso em suas palavras.- Desde que percebi que você estava cooperando com o Grupo BY, eu já sabia que um dia assim chegaria. Walter nunca teve a intenção de me deixar em paz, de qualquer maneira. Já que as preparações necessárias foram feitas, não preciso mais ajudar. Agora, eu posso sair sem remorso. Não quero que, por minha causa, você desperdice todo o esforço que sua equipe dedicou a esse projeto. –
Larissa decidiu enfrentar seus medos, se preparando para subir no cavalo.Mas o cavalo se moveu um pouco e ela imediatamente recuou.Enrico já estava montado no cavalo, observando seus movimentos, rindo inclinado sobre a cabeça do cavalo. - Eu realmente não esperava encontrar algo que você tivesse medo. – Comentou Enrico.- Então, para você, eu não tenho medo de nada na vida? – Perguntou Larissa, sem escolha.- Mais ou menos. – Respondeu Enrico, sorrindo.Desde que ele conheceu ela, ela sempre foi vista como alguém que podia lidar com qualquer coisa.Larissa, determinada, montou no cavalo. O cavalo deu alguns passos, e ela, assustada, apertou as rédeas.- Não se mexa! – Disse ela, baixinho.Enrico achou tudo muito engraçado, desmontando e indo até ela. - Não tenha medo. Esses cavalos são treinados e muito dóceis. Se você puxar as rédeas, eles vão andar. – Disse Enrico.Larissa, apertando os lábios, puxou as rédeas, o cavalo andou alguns passos.Parecia que ela estava começando a ente
Finalmente, Larissa foi levada por Enrico até onde eles estavam. Quatro pessoas, quatro cavalos, trocando olhares.- Sr. Murilo. – Cumprimentou Larissa.- Srta. Larissa, faz tempo que não nos vemos. Ouvi dizer que você está se saindo bem ao lado do Enrico. Realmente, pessoas talentosas brilham onde quer que estejam. – Disse Murilo, assentindo.- Tudo graças ao bom ensinamento do professor Enrico. – Respondeu Larissa, de forma humilde.Walter estreitou de leve os olhos, com uma expressão fria.Murilo lançou mais um olhar para Larissa antes de falar com Enrico.- Passamos pelos estábulos há pouco e vimos o potro que você adotou anteriormente. Parece que algo aconteceu, os tratadores estão todos ao redor dele. Não quer dar uma olhada? – Perguntou Murilo.Enrico não queria deixar Larissa sozinha com Walter, mesmo que fosse em público. - Larissa, venha comigo para ver o potro. Não quero atrapalhar sua conversa com o Sr. Walter. – Disse Enrico.- Chegamos muito antes de vocês e já discutimo