Capítulo 10
Perto do final do expediente, Larissa entrou no escritório do presidente e colocou os documentos na mesa.

- A Sra. Pires ligou para mim ao meio-dia, nos convidando para jantar hoje à noite. Sr. Walter, já se passaram seis meses desde a última vez que você foi lá. - Disse Larissa.

- Você costuma entrar em contato com minha família com frequência? - Perguntou Walter, franzindo a testa.

- Não. - Respondeu Larissa. Após alguns instantes, ela acrescentou. - Sempre é a Sra. Pires que me liga.

Walter olhou para o relógio e jogou as chaves do carro para ela.

- Você dirige. Vou pedir ao motorista para levar Bianca para casa. - Disse Walter.

Larissa o seguiu, observando suas costas. Havia uma pergunta que ela queria fazer, mas não conseguia encontrar coragem para isso. Ela temia ouvir a resposta, o pressentimento sobre a resposta já estava presente.

...

Na mesa de jantar da família Pires.

- Por que você emagreceu tanto? Sua aparência não está boa. Você está doente? - Perguntou a Sra. Pires, enquanto servia Larissa.

Walter, normalmente frio e reservado, era ainda mais silencioso na presença da família Pires. Além de cumprimentar o Carlos quando chegou, ele não disse mais nada.

Ele apenas observou Larissa lidar com seus suspostos pais.

- Não Sra. Pires, talvez o batom que usei hoje não tenha destacado minha aparência. Eu vou jogar ele fora quando voltar. - Disse Larissa, sorrindo, tocando o rosto.

A secretária-chefe do Grupo BY, habilidosa em todas as situações, sabia agradar a Sra. Pires com palavras apropriadas.

Walter, de repente, se lembrou das palavras de Bianca. Todos gostavam muito de Larissa. Era verdade, não apenas colegas e clientes, mas também os mais velhos.

Durante aqueles três anos, ela se envolveu em seu trabalho e vida, lidando com tudo o que deveria e não deveria lidar. Parentes, amigos, todos presumiram que ela se tornaria sua esposa e isso foi mencionado mais de uma vez.

Walter sorriu de maneira irônica.

Como esperado, Sra. Pires trouxe à tona o assunto novamente.

Larissa, após uma tarde inteira de preparação psicológica, ainda não sabia como responder, olhando para Walter em busca de orientação, sem saber o que fazer.

Walter levantou a taça d’água, deu um gole, sua voz era tão clara quanto a água, sem nuances e sem temperatura.

- Não vou me casar com ela. - Disse Walter, com convicção.

Larissa, que segurava um pedaço de carne, ao ouvir isso, o deixou cair na tigela com um leve som. Foi um som suave, mas atingiu seu coração como a rede de uma aranha se estendendo após um vidro ser quebrado.

Por um momento, ela não conseguia ouvir o próprio batimento cardíaco.

- Se você não vai se casar com a Lari, então com quem você pretende se casar? Com aquela secretáriazinha da empresa? Não pense que eu não sei das coisas absurdas que você fez lá! - Disse Carlos, com a voz grave.

- Presidente... - Disse Larissa, de forma instintiva, tentando acalmar o conflito repentino. Antes, ela sempre mediava as discordâncias entre Walter e Carlos.

No entanto, agora a expressão de Walter estava gélida, como se tivesse tocado em um ponto sensível.

- Pai, você interfere demais na minha vida. Em termos de coisas absurdas, você fez muitas quando você era jovem, não é mesmo Sra. Pires? - Disse Walter, impaciente, direcionando seu olhar para Sra. Pires.

Sra. Pires ficou constrangida, enquanto Carlos se levantava batendo na mesa.

- Desgraçado! - Gritou Carlos.

Walter pegou um guardanapo, se levantou, dizendo:

- Terminei de comer. Estou indo. - Disse Walter, se levantando e pegando um guardanapo.

Carlos estava com o rosto vermelho de raiva e Sra. Pires rapidamente o serviu um copo d’água.

- Calma, se acalme, Carlos. Sua pressão está alta. Não deixe a raiva prejudicar sua saúde. - Disse Sra. Pires, preocupada.

- O Sr. Walter não teve um dia fácil com os clientes hoje, por isso está de mau humor. - Explicou Larissa.

- Eu conheço o temperamento ruim dele. Não precisa encobrir por ele. - Disse Carlos, pressionando as mãos sobre sua cabeça, pois estava com uma dor forte.

- Walter é o presidente de uma empresa grande. Não é necessário dar a ele lições como se ele fosse uma criança. Deixe ele pra lá. - Aconselhou Sra. Pires. Após um momento, ela se dirigiu a Larissa disse. - Lari, sinto muito por isso. Vá ver como Walter está. Há alguns carros no pátio, escolha qualquer um para dirigir.

Larissa não queria ir.

Desde o momento em que ela teve o aborto, Larissa sentiu uma certa exaustão toda vez que via Walter. Ela simplesmente não queria lidar com isso... Mesmo que antes, ao pensar na cena do primeiro encontro deles, ela conseguisse suportar qualquer coisa.

Diante do olhar dos pais dele, ela não conseguia recusar. Assentiu com a cabeça, pegou as chaves do carro com o mordomo e partiu para alcançar Walter.

Não demorou muito para que ela visse o carro de Walter parado à beira de uma pequena estrada, enquanto ele estava lá fumando um cigarro.
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