No hotel, na suíte.Alberto, ainda com bolhas de ranho no nariz, brincava na banheira com Tiago, fazendo formas com a espuma do sabonete líquido.— Papai, seu rosto parece um pouco escuro... — Tiago comentou baixinho, olhando para José.José estava parado ao lado da banheira, sem saber o que fazer com os dois pequenos.Carolina voltou para a casa dos Martins e não a deixou a acompanhar.Ele foi designado para cuidar das crianças no hotel.Ele não se opunha a Tiago, mas Alberto parecia estar um pouco resfriado, e o nariz escorria sem parar.Para o Sr. José, que tinha fobia de limpeza, isso era quase um... suplicio.— Tiago, Alberto, vocês já não são bebés. Precisam aprender a tomar banho sozinhos, certo? — José perguntou.Tiago assentiu.Alberto olhou para os próprios dedos, contando baixinho. — Tio, eu já tenho cinco anos, não sou mais bebé,— Bem, então tomem banho sozinhos e, quando saírem, vou confirmar se estão limpos.— Tá bom. — Alberto acenou com a cabeça, ainda com uma expressã
— Seus pais sabem que você está me contando isso? — A voz de José saiu grave.Luísa rapidamente balançou a cabeça. — Não fala assim, ele é nosso pai.Luísa estava em um dilema. Na verdade, ela realmente queria que a família vivesse em harmonia.Mas agora, as relações dentro da família estavam tensas, e a qualquer momento podia surgir uma briga.— José... Eu realmente não quero que nossa família se torne inimiga. — A voz de Luísa estava embargada.José franziu a testa e, após um longo silêncio, falou: — Nunca seremos uma verdadeira família. Não seja tão ingênua.Lídia era a amante e ainda a responsável pela morte da mãe dele. Família? Que piada!Luísa ficou com os olhos marejados, sabendo que José sempre guardou rancor por sua mãe ter sido a amante de seu pai. — Desculpa...— Vai levar Alberto de volta? — A voz de José estava um pouco mais suave.Luísa pensou por um momento. — Desculpa te causar problemas, vou levar ele de volta.José não respondeu.No banheiro.Tiago e Alberto, já com
Em casa dos Martins.A mãe de Augusto havia saído da prisão, e os parentes organizaram um jantar de recepção para ela, dizendo que era para dar uma nova cara à sua vida.— Ei, não acredito, a filha da nossa família é tão bonita. — Um dos parentes observava Carolina de cima a baixo. — Mas ainda sem namorado, né?Carolina, com sua ansiedade social, se sentia desconfortável, especialmente com olhares tão diretos e sem rodeios. Ela tentou se afastar um pouco, sem dizer nada.— Tia, o que você está fazendo? — Augusto franziu a testa e ficou na frente de Carolina, a protegendo.— Ei, vou arranjar um bom namorado para Carolina. — Essa tia, uma mulher de meia-idade, falou sorrindo. — Ela é bonita, mas já teve um filho. Aqui na nossa vila, gravidez antes do casamento é algo que todo mundo critica, mas como sua mãe me pediu, vou arrumar um bom namorado para ela.Augusto franziu a testa e olhou para Linda, que estava sentada na posição principal à mesa. — Mãe, você pediu para a tia arranjar um
— Augusto! — Linda bateu na mesa e se levantou. — Você sabe o que a gente está falando sobre você e Carolina? Isso é contra todos os princípios, quer criar o filho dela, você está louco?Carolina apertou as mãos com força, tentando controlar o choro até sentir a garganta arder.Qualquer pessoa poderia a difamar, mas ouvir essas palavras da sua mãe realmente a feriu profundamente.— Não exagera! — Augusto também se irritou.— Ah, é? Então tá bom. Passei cinco anos na prisão, e agora que saí, o mundo mudou completamente! — Linda começou a fazer cena. — Augusto, você vai escolher a irmã e abandonar a mãe?Augusto estava visivelmente irritado.— Carolina, sou sua mãe! Eu te trouxe ao mundo, mas não te criei, fiz isso para salvar sua vida. — Linda olhou para Carolina. — Amanhã peça demissão do seu trabalho, não se meta mais com a Família Santos. Quem você pensa que é?Linda bateu com força na mesa. — Qual é a nossa posição? E você ainda se atreve a se meter com a Família Santos. Quer acabar
Os olhos de Carolina estavam ligeiramente vermelhos, mas ela permaneceu em silêncio.José se aproximou, a puxou para os braços e franziu a testa, olhando para Augusto.Augusto tentou falar, mas as palavras ficaram presas.— Ei, de quem é esse carro? Não deve ser barato, né? — Linda estava acompanhando a tia para fora e, com a voz aguda, perguntou.— Quem é esse aí? Você não disse que sua filha não tem namorado? — A tia, ao perceber que José estava abraçando Carolina, perguntou, surpresa.Carolina ficou nervosa, tentando se afastar, mas foi apertada nos braços de José.— Ei, não casou e já tá aí se abraçando assim? Isso não é coisa que se faça, Linda, você precisa dar uma bronca na sua filha, assim ela nunca vai conseguir se casar. — A tia disse com um olhar bem sério.— Não será que ela tá sendo amante de alguém, não? Esse cara parece bem rico, esse carro deve custar uma fortuna, né? — Outros parentes começaram a comentar em coro.— Carolina teve um filho sem ser casada, será que ela t
— Sua mãe também está pensando em você, né? Com esse filho e sem marido, que tipo de homem vai querer ficar com você? — A tia soltou, tentando fazer Carolina sentir vergonha por ter um filho fora do casamento, achando que José certamente a rejeitaria.— Mamãe! Papai me trouxe para te buscar, ele comprou um monte de doces, estão uma delícia! — Tiago gritou com toda a energia, abaixando a janela do carro no banco de trás, como José havia mandado que ela não saísse do carro.— Papai, vamos comer espetinhos! — Tiago sorriu feliz para José.José passou a mão na cabeça de Tiago, sorrindo, mas com um toque de resignação.Esse garoto foi realmente esperto.Mas... quando o assunto eram os espetinhos, José ficava tenso.Na última vez, ele forçou a barra e comeu dois, e até hoje ainda sentiu um desconforto no estômago.Carolina olhou para Tiago, com os olhos um pouco vermelhos, e depois olhou para José. — Não precisamos da ajuda de ninguém. Considerem que a Família Martins nunca tentou me buscar.
— Já que você não tem nenhuma prova, então me desculpe. — José não perdeu mais tempo com Linda e entrou direto no carro.A reação de Linda estava estranha.O motorista começou a dirigir.Linda demorou para reagir e, quando o fez, começou a gritar como uma louca.— Para de gritar, mãe, você não acha que está sendo injusta? — Augusto passou a mão nos ouvidos.Linda se virou e começou a xingar até Augusto também.— Carolina é realmente sua filha? — Augusto franziu a testa, com uma expressão de dúvida. — Às vezes me pergunto se você está com a cabeça no lugar. Carolina é minha irmã, sua filha! E você, como tratou Luana? Queria até se ajoelhar para a agradar, mas ela sequer reconhece tudo o que você fez por ela!Vendo que Linda não respondeu, Augusto falou continuou: — Ou será que você acha que, depois de 21 anos se humilhando para agradar a verdadeira filha da Família Silva, ela agora vai se lembrar de você e te ajudar, te dar dinheiro?Augusto soltou uma risada sarcástica. — E Carolina, s
— Devolva esse dinheiro amanhã! — Augusto exigiu que Linda devolvesse o dinheiro a Ricardo. — Se você não for, eu vou pessoalmente.Depois disso, Augusto pegou o cheque e se preparou para sair.— Fica aí!Augusto nem ligou.— Agora todo mundo virou as costas para mim! Linda gritou desesperada.Augusto não teve paciência com ela....Na casa de José.José levou Carolina e Tiago para sua casa, sem voltar para o hotel.Como Ricardo já tinha optado por agir por meio de Linda, ele não continuaria esperando por ele na porta de casa.— Eu pedi sobremesa, quer comer um lanche da noite? — José se agachou na frente de Carolina, perguntando suavemente.— Desculpe... — Carolina apertava a própria roupa, visivelmente nervosa.Durante aqueles cinco anos na prisão, ela aprendeu, quase que enraizado em seus ossos, a se humilhar.— Por que pedir desculpas? — José perguntou baixinho.— Eu... a situação da minha família… tenho medo que isso acabe te prejudicando. — Carolina não foi idiota. Linda tinha ac