Marcelo não atendeu a ligação, mas enviou uma mensagem curta antes de colocar o celular no modo silencioso. Após isso, o telefone parou de tocar. O tempo passava devagar, e Esther começou a se sentir cansada. Lutava contra o sono, mas seus olhos se fechavam e a cabeça caía para frente de vez em quando. Marcelo, observando como ela estava exausta e mal conseguia se manter acordada, se sentou ao lado dela e gentilmente apoiou sua cabeça em seu ombro.Esther, sem perceber o que acontecia, se inclinou levemente, encontrando um pouco mais de conforto ao se recostar em Marcelo. Todo o peso do seu corpo, cansado e frágil, foi apoiado nele. Marcelo, então, virou o rosto em sua direção e ficou observando o perfil de Esther enquanto dormia. Aquela era uma paz rara e preciosa, e ele desejava, com todas as forças, que o tempo parasse naquele instante. Seus olhos suavizaram, revelando a ternura que sentia, mesmo com o coração carregado de preocupações.O movimento contínuo de pessoas no corredor
— O quê?! — Esther recuou, chocada. Soltou a mão de Marcelo e deu alguns passos para trás. — Você está falando sério? Como pode me pedir para tirar o bebê? Não vou fazer isso! Não vou!Marcelo encarou ela, os olhos firmes e a expressão severa.— Esther, seu corpo não aguenta uma gravidez agora. Se interromper, o bebê não vai mais drenar suas forças. Assim, você pode ter mais tempo de vida, mais chances. Entenda, você precisa viver para ter uma chance.As palavras dele eram diretas e urgentes. A prioridade de Marcelo era clara: salvar Esther. Ele queria que ela sobrevivesse. Um filho, ele pensava, poderia ser concebido no futuro, em outro momento.Mas Esther não queria ouvir. Desde que ele havia mencionado interromper a gravidez, ela sentia um impulso de se afastar. O desejo de proteger seu bebê crescia dentro dela, sem lógica, apenas instinto. Sem responder, ela se virou e começou a andar, o ignorando completamente.— Esther! — Gritou Marcelo com firmeza, tentando fazê-la parar.Esther
O veneno era incurável, o que fazia Esther perder ainda mais esperanças de ter algum futuro. Ela não queria mais se arrepender de nada. Respirou fundo, tentando se recompor, e falou com calma:— Marcelo, não espero que você ame nosso filho, mas te peço para não machucar ele. Esse é meu último desejo.Marcelo encarou Esther e, vendo a decisão firme em seu olhar, seu coração parecia que iria se partir. A ideia de perdê-la, de viver sem ela, era insuportável, algo que ele mal conseguia conceber. Ele fechou as mãos em punho, os dedos trêmulos, os lábios pressionados em uma linha de dor e incerteza, enquanto lutava internamente com o que era certo e o que desejava. Tudo o que queria era poupá-la de mais sofrimento.— Você está decidida? — Perguntou ele, num tom baixo, quase sem forças.— Sim, já decidi.Finalmente, Marcelo recuou. Não iria insistir para que ela interrompesse a gravidez. Diante do sacrifício que ela estava disposta a fazer, ele sentia que não havia nada que pudesse fazer, ex
Marcelo olhou para Sofia, dizendo:— Para começar uma nova vida, é preciso deixar o passado para trás. A Esther faz parte desse passado. Assim que essa sua novela acabar, vamos nos casar. Aí, finalmente, podemos apresentar nossas famílias. Você já conhece bem a minha mãe, mas seu pai, eu ainda não tive a chance de conhecer. Quando ambos os lados aprovarem, então, nosso casamento será completo.— Nossa, você pensa exatamente como eu! — Sofia exclamou, abraçando o braço dele com entusiasmo. O coração dela se encheu de uma alegria imensa. — Marcelo, obrigada! Eu sou a mulher mais feliz do mundo!Ela se jogou nos braços de Marcelo, apoiando a cabeça no ombro dele e fechando os olhos, se deixando envolver pela felicidade daquele momento. Nada poderia ser mais perfeito do que vê-lo finalmente disposto a aceitá-la de volta, a amá-la como antes. Todo o esforço estava valendo a pena. Ela sabia, no fundo do coração, que Marcelo ainda gostava dela. Esther tinha sido apenas uma distração passageir
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse
- A Esther parece que não está muito bem hoje, ela não quis vir entregar os documentos, então só eu vim. - Sofia colocou sua mão queimada na frente dele. - Marcelo, você também não precisa culpar a Esther, acho que não foi de propósito, não atrasou nada, né.Os documentos da empresa acabaram indo parar nas mãos erradas, e esta foi a primeira vez que Esther fez algo assim.Marcelo estava com o semblante fechado, mas diante de Sofia ele conteve a raiva, apenas ajustou a gravata e falou num tom neutro: - Não tem problema. - Mudando de assunto, ele continuou. - Já que está aqui, que tal sentar um pouco?Ouvindo ele dizer isso, Sofia se sentiu um pouco animada. Pelo menos ele a aceitava, não a detestava.- Você não ia ter uma reunião? Não vou te atrapalhar?Marcelo então fez uma ligação: - A reunião foi adiada em meia hora.Sofia sorriu de canto, antes de vir, ela estava preocupada se ele guardava rancor por ela ter partido sem avisar, mas as coisas não pareciam tão ruins quanto imaginava