Mayara parecia surpresa ao vê-los ali também, mas logo se recompôs. — Vovô Sandro, eu e minha mãe viemos te ver. — Ela disse, a voz dela estava cheia de doçura, enquanto seus olhos brilhavam de entusiasmo.— Sandro. — Chamou Luana, a mãe de Mayara, com um tom mais sério, mas ainda caloroso.Esther notou algo interessante. Sandro, a quem Marcelo respeitava tanto, parecia ser bem familiar para a família Alves também. Eles pareciam ter uma relação estreita.— Todos vieram me visitar. — Sandro disse, com um sorriso acolhedor.— Você está doente, claro que todos queremos ver como você está. — Disse Mayara, colocando flores em um vaso e abraçando Sandro com entusiasmo. — Mas o senhor tem visita, hein?— Este é Marcelo, neto de um amigo de guerra, portanto ele é como um neto para mim. — Sandro então explicou.— Já nos encontramos. — Disse Mayara confiante, virando-se para Marcelo com um sorriso amistoso. — Olá, Sr. Marcelo, nos encontramos novamente.— Você não estava morando no exterior? Nu
Mayara não chamou Marcelo de “Sr. Marcelo”, mas usou seu nome. Ela se colocou na frente dele, bloqueando seu caminho. — Srta. Mayara, o que você quer? — Marcelo perguntou, com uma expressão fria. Seu tom era seco, deixando claro que ele não tinha paciência para jogos.Mayara olhou para ele, com uma arrogância intrínseca, ainda sem acreditar completamente.— O que você disse agora é verdade? Você realmente se casou? — Sua voz carregava uma mistura de incredulidade e desafio.Ela nunca tinha ouvido falar que ele havia se casado. Suspeitava que ele estivesse apenas tentando escapar da situação.— Preciso mentir? — Marcelo respondeu, com uma expressão indiferente, demonstrando sua impaciência.— Nunca ouvi falar, ninguém sabe quem é sua esposa. Acho que você está inventando uma desculpa. — Mayara insistiu, com um olhar penetrante, tentando ler qualquer sinal de hesitação em Marcelo.— Isso não é da sua conta. — Retrucou Marcelo, seus olhos se estreitando.Quanto mais frio Marcelo se mostr
Marcelo sempre foi um homem de poucas palavras, mas Esther nunca imaginou que ele fosse tão observador a ponto de perceber que ela sentia dores abdominais quando estava menstruada. Para Esther, a ideia de passar uma vida inteira ao lado de Marcelo sempre lhe parecia monótona. Ela acreditava que, mesmo depois de anos de convivência, ele jamais saberia seus gostos ou as peculiaridades do seu corpo. Em sua mente, ela até imaginava que poderia morrer de uma doença e ele seria o último a saber.Mas com o tempo, mesmo sem querer, Marcelo começou a prestar atenção. Era inevitável. Esther soprava sua xícara de chá de gengibre, já frio, e o bebia de um só gole, seu olhar perdido em pensamentos confusos. Marcelo, atento, ajeitou o cobertor sobre ela com um gesto cuidadoso, como se fosse um ato natural para ele.— Descanse bem. — Ele disse, enquanto lhe cobria. Esther o encarou por um momento, seus olhos capturando a imagem de um homem que ela pensava conhecer, mas que a surpreendia a cada insta
Isabela ainda estava preocupada com a saúde de Felipe. Mesmo assim, não pôde deixar de ouvir as fofocas que circulavam à sua volta. Sua paciência estava se esgotando, e a raiva borbulhava em seu peito como uma panela prestes a transbordar. Ela se virou para Nora com os olhos estreitos, sua boca estava apertada em uma linha fina.— Olha, Nora, você pode falar o que quiser do Felipe, mas não venha dizer que ele não cuida do Caio! — A voz de Isabela saiu firme, quase cortante, enquanto ela apontava o dedo para Nora. — Em todos esses anos, quando foi que ele não esteve lá para ajudar? Quantas vezes ele teve que consertar as burradas do Caio? Só que vocês não podem pensar que podem correr para ele todas as vezes que têm problema, na expectativa que ele resolva tudo. E vocês aí, o que têm feito? A família de vocês não se mexe para nada? Nora, claramente em desespero, gaguejou antes de responder, a voz embargada pelo choro que estava à beira de transbordar.— Eu sei, Isabela... Sei que Felip
— Nora, fala direito comigo! Quando foi que eu influenciei o Felipe? Ele já foi prejudicado demais por vocês, e ainda quer mais o quê? — A voz de Isabela ressoou pelo quarto, carregada de frustração e irritação. Nora, percebendo a tensão, cruzou os braços e franziu a testa, como se finalmente tivesse encontrado coragem para responder à altura.— Tá bom, então vou falar na cara dura. — Ela disparou, sua voz ganhando um tom mais agudo, quase desafiador. Nora sentiu um nó na garganta, mas estava decidida a falar o que estava entalado há tanto tempo. — Da última vez, quando Caio ficou devendo 10 milhões, como foi que resolveram? Vocês disseram que não tinham dinheiro, que iam pensar em algo juntos. Caio fez de tudo para juntar a grana, quase vendeu o próprio rim! Mas no final, vocês deram um jeito, pagaram tudo, e disseram para a gente não se preocupar. — Nora continuou, agora com um tom mais acusador, como se estivesse prestes a desenterrar uma ferida antiga. — Diga a verdade, Felipe, de
Esther encarou Larissa, que, com um sorriso leve respondeu: — Em qual universidade você está? — Perguntou ela, com um tom glacial, mantendo os olhos fixos na prima.— Universidade Estácio de Sá. — Respondeu Larissa, prontamente.— Nossa empresa só contrata graduados das melhores universidades. A sua ainda está bem longe disso. — Disse Esther, de forma direta e fria, rejeitando a ideia de imediato.A expressão de Larissa ficou visivelmente desconfortável. Tentou manter o sorriso, mas seus olhos mostravam o impacto das palavras de Esther. Engolindo em seco, ela se esforçou para argumentar, mas a insegurança era evidente.— Mas eu pensei que, com você lá, o nome da universidade não importaria tanto. — Larissa balbuciou, tentando apelar para a consideração familiar.Esther, sem perder a calma, apenas estreitou os olhos e falou:— Uma empresa séria segue as regras. Se começarmos a aceitar quem entra pela porta dos fundos, em poucos anos, a empresa afunda. Não vai ter nem como você entrar.
Marcelo apareceu na porta do quarto, sua figura alta e imponente imediatamente silenciou o tumulto. Seus olhos percorreram o ambiente com uma expressão de desagrado contido, o maxilar ligeiramente tensionado. Ele sempre detestou confusões, ainda mais diante do leito de seu sogro.Assim que ouviram aquela voz firme e autoritária, Nora e Larissa interromperam o choro quase que instantaneamente e se voltaram para Marcelo, suas expressões passando rapidamente de angustiadas para curiosas e apreensivas. Esther levantou o olhar, os olhos se arregalando de leve ao ver Marcelo ali. Uma mistura de surpresa e alívio passou pelo seu rosto, embora ela tivesse feito o possível para manter sua expressão neutra. Não havia mencionado nada para ele sobre a situação, querendo poupar-lhe de mais um drama familiar. — O que você está fazendo aqui? — perguntou, ainda incrédula, sua voz soando mais aguda do que pretendia, traindo sua surpresa.— O diretor do hospital me ligou, disse que seu pai estava inte
Larissa, que sempre soube como aproveitar uma oportunidade, mordeu o lábio inferior, tentando parecer inocente, enquanto seus olhos brilhavam com uma astúcia latente. Ela já havia percebido que pedir ajuda à Esther seria inútil. — Cunhado. — Chamou Larissa, dando um passo à frente, com as mãos unidas à frente do corpo, num gesto que simulava humildade. — Daqui a um mês vou começar meu estágio. Será que eu poderia fazer isso na sua empresa? Estou sem lugar para ir e só preciso de uma declaração de estágio. Prometo que não vou atrapalhar em nada.Nora, sempre a mais perspicaz, logo percebeu a jogada da filha e decidiu se intrometer. Seu rosto se abriu num sorriso que não alcançava os olhos. — Nós somos as parentes de Esther. — Disse ela, a voz impregnada de uma falsa familiaridade. Ela deu um passo para mais perto de Marcelo, como se isso tornasse seu pedido mais íntimo. — Esther, você precisa ajudar a sua família. Dá uma força pra Larissa, assim ela pode ter um bom emprego no futuro.