Lily não pôde deixar de erguer o polegar:— Eu sabia que você conseguiria dar um jeito.Enquanto ela falava, um e-mail acabou de chegar.Natacha imediatamente caminhou até o computador e abriu o e-mail.Depois de ler, Natacha ficou um pouco em silêncio.Vendo que Natacha estava olhando para o computador há mais de dez minutos, Lily também se aproximou.Quando Lily viu o conteúdo do e-mail, ela exclamou surpresa:— Este hospital não é bobo, eles aceitaram suas condições e ainda querem que você vá para lá como professora convidada para dar aulas aos estudantes por um ano. Mas o salário que eles ofereceram parece ser bem alto!Outro colega, ao ouvir isso, comentou:— Você acha que a nossa Susan precisa de dinheiro? Além disso, com a notoriedade da Susan, se ela trabalhar um ano nesse hospital, imagina quantos pacientes e receitas eles terão?Enquanto eles discutiam o assunto, Gabriel entrou vindo de fora.Normalmente, Natacha se dava muito bem com os colegas do laboratório ou médicos empr
Gabriel, contendo aquela sensação de desespero, disse calmamente:— Na verdade, você não precisa se apressar tanto com este projeto. Se a amostra for pequena, você pode coletá-la aos poucos. Eventualmente, a quantidade será suficiente.Natacha sorriu e respondeu:— Você sempre foi uma pessoa que faz as coisas tão rapidamente e sempre reclama que somos lentos. Por que agora você está me aconselhando a ir devagar?Gabriel estendeu a mão e afagou os cabelos de Natacha, dizendo suavemente:— Tenho medo que você se canse.Natacha respirou fundo e, imaginando o futuro, disse:— Eu não me canso. Só de pensar que, se este medicamento for bem-sucedido nos testes clínicos, eu poderei salvar a vida de muitas crianças, já não sinto cansaço algum.Gabriel ficou ainda mais inquieto. A expressão de Natacha mostrava o quanto ela estava determinada com este projeto e como desejava ter sucesso.Quanto mais Gabriel percebia isso, mais sentia que, mesmo sem ter conquistado Natacha completamente, já estava
— Mamãe, eu preciso dizer uma coisa para vocês. — Natacha assumiu um tom sério, mas não conseguiu evitar que os olhos se enchessem de lágrimas. — Amanhã, mamãe vai trabalhar na Cidade M. Nos próximos anos, terei que ir frequentemente para lá e poderei voltar apenas a cada três ou quatro dias. Vocês precisam ouvir a tia e ligar para mamãe todos os dias, está bem?Ao ouvir isso, Otília imediatamente ficou descontente:— Mamãe, por que você tem que ir trabalhar na Cidade M? Aqui não estão te pagando? Então Otília vai com você!Adriano imediatamente acrescentou:— Então Adriano também vai com você!Natacha se sentiu ainda mais culpada em relação aos dois filhos. Nos últimos anos, devido à pesquisa e ao trabalho, Natacha realmente tinha deixado de lado muitas coisas para eles.Reprimindo a dor em seu coração, Natacha acariciou a cabeça do filho e disse:— Mamãe também gostaria de levar vocês para a Cidade M, mas vocês têm que ir para a escola e eu estarei lá trabalhando, não terei como cuid
Natacha olhou para Gabriel e, espontaneamente, o abraçou, dizendo:— Não se preocupe, eu vou cuidar bem de mim.Assim, Natacha finalmente se virou e começou a caminhar para frente, se afastando cada vez mais de Gabriel.Os olhos profundos de Gabriel estavam cheios de sentimentos complexos, refletindo a mistura de tristeza e preocupação que ele sentia por Natacha.Joaquim tentou se confortar, pensando: "A Cidade M é tão grande, Natacha já deve ter mudado de nome. Ela não será tão infeliz a ponto de encontrar aquela pessoa novamente."...Cidade M.Assim que chegou na Cidade M, Natacha imediatamente telefonou para as crianças e para Gabriel.No momento, estava quase anoitecendo na Cidade M, mas Natacha sentia que tudo ali era extremamente familiar.Arrastando sua bagagem, ela não pegou um táxi, preferindo caminhar silenciosamente por cada rua, sentindo a brisa do verão da Cidade M."Por quê? Até o cheiro do vento da Cidade M me é tão familiar, como se estivesse escondido em minhas memóri
Pensando nisso, Rafaela deixou de lado grande parte de suas suspeitas e preocupações. — Domingos, mamãe vai te curar, eu prometo. Amanhã, vai chegar uma médica famosa do exterior no Hospital da Cidade. Ela inventou um novo remédio que pode tratar sua doença. Mamãe vai te levar lá cedo para que você seja o primeiro a ser atendido, tá bom? — Disse ela, com uma voz suave, pegando o filho no colo.Logo depois, Rafaela levou Domingos de volta para casa. Ao chegar, Dora os recebeu com um ar indiferente.— O jantar está servido. O Sr. Joaquim está para chegar. — Disse ela, sem sequer olhar diretamente para Rafaela, continuando a arrumar a mesa.Dora estava na mansão da família Camargo há muitos anos, e só não havia saído porque Joaquim insistia para que ela ficasse. Se não fosse por ele, Dora já teria ido embora, ou, se dependesse de Rafaela, ela teria sido mandada embora de qualquer forma. Rafaela estava habituada à indiferença de Dora, mas agora, se sentindo cada vez mais próxima de se t
— Esse especialista é um pouco peculiar, diferente dos outros. Não aceita agendamentos. É preciso pegar fila e fazer o check-in no local. Acho que é para evitar que as pessoas usem influência ou contatos. Enfim, parece uma pessoa inflexível, sem medo de ofender os poderosos! Como é que tanta gente importante na Cidade M vai ter tempo para esperar na fila? — Reclamou Rafaela, suspirando. Ela franziu a testa, claramente frustrada, e olhou para Joaquim em busca de alguma concordância.— Tá bom, por causa do Domingos, pegar fila não é nada. Ela é uma especialista, é normal ter suas regras e personalidade. Não esqueça que somos nós que precisamos da ajuda dela, então pare de reclamar. — Respondeu ele, com um tom firme, mas compreensivo, tentando manter a calma.Rafaela rapidamente forçou um sorriso.— Você tem razão, estou sendo impaciente. — Murmurou, tentando esconder seu desconforto.— Amanhã, leve o Domingos bem cedo. Dizem que as vagas são limitadas. Tenho uma reunião importante de man
O pai da criança estava tão emocionado que quase chorou.— Dra. Susan, muito obrigado! Achávamos que não havia mais esperança e já estávamos prontos para voltar para o interior. Obrigado por nos dar acesso a um medicamento tão caro. Não importa se vai funcionar ou não, já estamos sem arrependimentos. — Disse ele, com a voz embargada, os olhos marejados e as mãos trêmulas de emoção.Natacha sorriu, um pouco sem jeito.— Na verdade, meu nome não é Susan. — Disse, com um sorriso gentil, tentando não constranger o homem. Gabriel já havia explicado a ela que seu nome em português era Natacha. No entanto, todos no exterior a chamavam de “Susan”, e até em suas publicações acadêmicas usava esse nome. Assim, muitos pacientes mais velhos, que não entendiam inglês, continuavam a chamá-la de Dra. Susan.— Tudo bem, pode me chamar como quiser. — Continuou ela, tentando amenizar a situação. — Não se esqueçam de internar a criança amanhã, já reservei uma cama para vocês Após esse paciente sair, Nat
Domingos, ao ver tantas pessoas criticando sua mãe, ficou apavorado. Ele puxou a saia de Rafaela cuidadosamente.— Mamãe, vamos deixar isso para lá. Podemos esperar na fila. — Sua voz era baixa e trêmula, enquanto olhava ao redor com medo.— Não! — Rafaela se agachou, olhando para ele com carinho, seus olhos suavizando ao encarar o rosto do filho. — Você é o tesouro da mamãe, e eu faria qualquer coisa por você. Ela pensou que, como Joaquim já havia falado com a administração do hospital, a Dra. Susan teria que ceder e atender Domingos primeiro. Com desprezo, ela encarou a multidão irritada.— Chame a Dra. Susan para cá! Vamos ver o que ela diz, quem vai ser atendido primeiro! — Declarou Rafaela, seu tom era desafiador, e seu queixo estava erguido em desafio.Assim que terminou de falar, uma voz clara ecoou ao longe.— Eu sou a Susan. Todos os olhares se voltaram para Natacha. Quando Rafaela viu quem era a “Susan”, ficou paralisada. Ela olhou para Natacha se aproximando e não conseg