Natacha olhou para Gabriel e, espontaneamente, o abraçou, dizendo:— Não se preocupe, eu vou cuidar bem de mim.Assim, Natacha finalmente se virou e começou a caminhar para frente, se afastando cada vez mais de Gabriel.Os olhos profundos de Gabriel estavam cheios de sentimentos complexos, refletindo a mistura de tristeza e preocupação que ele sentia por Natacha.Joaquim tentou se confortar, pensando: "A Cidade M é tão grande, Natacha já deve ter mudado de nome. Ela não será tão infeliz a ponto de encontrar aquela pessoa novamente."...Cidade M.Assim que chegou na Cidade M, Natacha imediatamente telefonou para as crianças e para Gabriel.No momento, estava quase anoitecendo na Cidade M, mas Natacha sentia que tudo ali era extremamente familiar.Arrastando sua bagagem, ela não pegou um táxi, preferindo caminhar silenciosamente por cada rua, sentindo a brisa do verão da Cidade M."Por quê? Até o cheiro do vento da Cidade M me é tão familiar, como se estivesse escondido em minhas memóri
Pensando nisso, Rafaela deixou de lado grande parte de suas suspeitas e preocupações. — Domingos, mamãe vai te curar, eu prometo. Amanhã, vai chegar uma médica famosa do exterior no Hospital da Cidade. Ela inventou um novo remédio que pode tratar sua doença. Mamãe vai te levar lá cedo para que você seja o primeiro a ser atendido, tá bom? — Disse ela, com uma voz suave, pegando o filho no colo.Logo depois, Rafaela levou Domingos de volta para casa. Ao chegar, Dora os recebeu com um ar indiferente.— O jantar está servido. O Sr. Joaquim está para chegar. — Disse ela, sem sequer olhar diretamente para Rafaela, continuando a arrumar a mesa.Dora estava na mansão da família Camargo há muitos anos, e só não havia saído porque Joaquim insistia para que ela ficasse. Se não fosse por ele, Dora já teria ido embora, ou, se dependesse de Rafaela, ela teria sido mandada embora de qualquer forma. Rafaela estava habituada à indiferença de Dora, mas agora, se sentindo cada vez mais próxima de se t
— Esse especialista é um pouco peculiar, diferente dos outros. Não aceita agendamentos. É preciso pegar fila e fazer o check-in no local. Acho que é para evitar que as pessoas usem influência ou contatos. Enfim, parece uma pessoa inflexível, sem medo de ofender os poderosos! Como é que tanta gente importante na Cidade M vai ter tempo para esperar na fila? — Reclamou Rafaela, suspirando. Ela franziu a testa, claramente frustrada, e olhou para Joaquim em busca de alguma concordância.— Tá bom, por causa do Domingos, pegar fila não é nada. Ela é uma especialista, é normal ter suas regras e personalidade. Não esqueça que somos nós que precisamos da ajuda dela, então pare de reclamar. — Respondeu ele, com um tom firme, mas compreensivo, tentando manter a calma.Rafaela rapidamente forçou um sorriso.— Você tem razão, estou sendo impaciente. — Murmurou, tentando esconder seu desconforto.— Amanhã, leve o Domingos bem cedo. Dizem que as vagas são limitadas. Tenho uma reunião importante de man
O pai da criança estava tão emocionado que quase chorou.— Dra. Susan, muito obrigado! Achávamos que não havia mais esperança e já estávamos prontos para voltar para o interior. Obrigado por nos dar acesso a um medicamento tão caro. Não importa se vai funcionar ou não, já estamos sem arrependimentos. — Disse ele, com a voz embargada, os olhos marejados e as mãos trêmulas de emoção.Natacha sorriu, um pouco sem jeito.— Na verdade, meu nome não é Susan. — Disse, com um sorriso gentil, tentando não constranger o homem. Gabriel já havia explicado a ela que seu nome em português era Natacha. No entanto, todos no exterior a chamavam de “Susan”, e até em suas publicações acadêmicas usava esse nome. Assim, muitos pacientes mais velhos, que não entendiam inglês, continuavam a chamá-la de Dra. Susan.— Tudo bem, pode me chamar como quiser. — Continuou ela, tentando amenizar a situação. — Não se esqueçam de internar a criança amanhã, já reservei uma cama para vocês Após esse paciente sair, Nat
Domingos, ao ver tantas pessoas criticando sua mãe, ficou apavorado. Ele puxou a saia de Rafaela cuidadosamente.— Mamãe, vamos deixar isso para lá. Podemos esperar na fila. — Sua voz era baixa e trêmula, enquanto olhava ao redor com medo.— Não! — Rafaela se agachou, olhando para ele com carinho, seus olhos suavizando ao encarar o rosto do filho. — Você é o tesouro da mamãe, e eu faria qualquer coisa por você. Ela pensou que, como Joaquim já havia falado com a administração do hospital, a Dra. Susan teria que ceder e atender Domingos primeiro. Com desprezo, ela encarou a multidão irritada.— Chame a Dra. Susan para cá! Vamos ver o que ela diz, quem vai ser atendido primeiro! — Declarou Rafaela, seu tom era desafiador, e seu queixo estava erguido em desafio.Assim que terminou de falar, uma voz clara ecoou ao longe.— Eu sou a Susan. Todos os olhares se voltaram para Natacha. Quando Rafaela viu quem era a “Susan”, ficou paralisada. Ela olhou para Natacha se aproximando e não conseg
Embora dissesse isso, Rafaela não conseguia afastar a inquietação que sentia. Mesmo que fosse transformada em cinzas, ela não se enganaria. Aquela mulher era Natacha! — Mamãe, não fique brava. Acho que a doutora não estava errada. Fomos nós que tentamos furar a fila. — Domingos falou com hesitação, olhando para as mãos no colo, evitando o olhar da mãe.Rafaela, de repente, se irritou.— De que lado você está? Você é meu filho ou não? — Gritou ela, seus olhos brilhando com raiva e seu rosto vermelho de indignação.Domingos ficou assustado, seus olhos se encheram de lágrimas. Rafaela percebeu o que fez e ficou com calma, acariciando o rosto dele com carinho.— Desculpa, filho. Não quis gritar com você. Só quero que você melhore logo. — Ela disse baixinho, sua voz agora trêmula de arrependimento, os olhos cheios de culpa.— Eu sei. — Respondeu Domingos. Apesar de ter apenas cinco anos, ele era uma criança madura e equilibrada. Ele sabia que sua mãe fazia tudo por ele e não queria piora
Natacha parou e se virou, esboçando um sorriso irônico enquanto olhava Rafaela de cima a baixo.— Fez uma pesquisa completa, não foi? — Ela disse com um tom de sarcasmo, se referindo ao fato de Rafaela saber seu nome antigo.O rosto de Rafaela se contorceu de raiva. Ela apertou os punhos ao lado do corpo, tremendo levemente.— Então você finalmente admite que é a Natacha? Me diz, por que mudou para Susan e voltou para a Cidade M? Não me diga que você ainda quer roubar o Joaquim de mim! — Rafaela quase gritou, sua voz cheia de rancor. — Deixe eu te contar, eu e o Domingos estamos morando na casa da família Camargo, e somos muito felizes juntos! Você não tem mais chance! — Ela cruzou os braços, tentando parecer confiante, mas seus olhos traíam sua insegurança.Natacha olhou para ela com uma expressão confusa, franzindo a testa.— O que você está falando? Roubar quem de você? — Ela perguntou, realmente sem entender o que Rafaela queria dizer.Rafaela ficou surpresa, seu rosto mostrando um
— Ela tem pouco mais de vinte anos e já é especialista? — Joaquim perguntou, surpreso. Sua expressão mostrava incredulidade, suas sobrancelhas se arqueando.— Sim, parece piada, né? — Rafaela riu com desprezo, cruzando os braços. — Sem habilidade nenhuma e ainda com um temperamento terrível. Fiquei tão irritada que trouxe o Domingos de volta. Ninguém que saiu do consultório dela falou bem. Ela não merece tratar nosso Domingos. — Suas palavras foram ditas com um tom de desprezo, os olhos brilhando com raiva.Embora Rafaela estivesse exagerando para difamar Natacha, no fundo, ela realmente não acreditava que uma médica tão jovem pudesse curar Domingos. Se até mesmo especialistas renomados de cinquenta ou sessenta anos haviam dito que não havia esperança, o que uma novata como Natacha poderia fazer? Rafaela, sem hesitar, manchou a reputação da Dra. Susan para Joaquim.Joaquim, por sua vez, não desconfiou. Afinal, se o médico fosse realmente bom, Rafaela não colocaria a vida de Domingos e