Observando o céu escurecendo, Daniela ficou intrigada. Onde Natacha estaria? Ela não tinha voltado ainda. Será que tinha fugido de casa e nunca mais voltaria? Daniela secretamente desejava que Natacha desaparecesse para sempre. Com uma expressão calculista, ela tentou perguntar: - Sr. Joaquim, o senhor não quer descansar? Trabalhou o dia todo, deve estar cansado.Sua voz era doce, mas havia uma intenção maliciosa escondida em cada palavra.Joaquim olhou para o relógio, suas sobrancelhas franzidas em preocupação. Como poderia dormir sabendo que Natacha não havia voltado? A preocupação que o consumia era inevitável. Finalmente, cedeu ao medo que sentia. Pegou seu casaco apressadamente e saiu de casa sem olhar para trás. Daniela observou sua saída, sentindo uma raiva amarga crescer dentro dela. Apertando os punhos, murmurou para si mesma: - Você e Natacha nunca terão um final feliz!...Natacha finalmente terminou o trabalho que Laura havia deixado para ela, passando das onze da noite.
Os olhos de Joaquim estavam avermelhados, exalando uma ameaça velada. Originalmente, ele não queria deixar aqueles dois imbecis escaparem tão facilmente. A fúria em seu olhar era evidente, e seus punhos estavam cerrados, prontos para continuar a punição.Mas Natacha puxou seu braço, dizendo com uma voz suave e melosa:- Não bata mais, quero ir para casa, vamos para casa! Seus olhos suplicantes e a suavidade de sua voz acalmaram um pouco a fúria de Joaquim.Foi só então que Joaquim conteve sua fúria, mas não sem antes dar mais um chute em cada um dos bandidos, antes de abraçar Natacha e levá-la para o carro. Ela ainda estava assustada, encostada no banco com um olhar perdido, seu corpo tremendo levemente enquanto tentava se recompor.Os olhos de Natacha estavam marejados, mas ela lutava para não deixar as lágrimas caírem. Joaquim, com um tom rouco de preocupação, gritou: - Você está louca? A essa hora da noite, não sabia ligar para casa e pedir para o motorista vir te buscar? Sua voz
Natacha observava as gotas de sangue no chão, e seu coração se apertou. Será que ele se machucou enquanto brigava? A preocupação invadiu seus pensamentos, e ela se apressou em seguir Joaquim.Infelizmente, Joaquim caminhava rapidamente e já havia entrado no quarto quando ela chegou. Natacha parou hesitante diante da porta do quarto principal, seu coração batendo acelerado. Respirou fundo, reunindo coragem, e finalmente bateu à porta.A porta foi aberta por Daniela. Com um sorriso cínico, ela se encostou ao batente da porta, seu cabelo em ondas volumosas caindo graciosamente sobre os ombros, exalando uma aura sedutora. - Irmã, está tão tarde, o quartinho de armazenamento está muito frio? Você não consegue dormir? As palavras de Daniela eram como facas afiadas, penetrando o coração de Natacha, que sentiu uma pontada de dor. Se esforçando para manter a calma, ela respondeu: - Joaquim se machucou, vim ver como ele está. Se ele estiver bem, vou embora.Antes que Daniela pudesse responder
Aproveitando a oportunidade, Daniela começou a mimar Joaquim com atenções excessivas. - Sr. Joaquim, sua mão está ferida, me deixe alimentar você.Ela se inclinou, pegando uma colher de canja e um pedaço de bolo, alternando entre os dois enquanto alimentava Joaquim. Daniela percebeu que, embora Joaquim fosse grosso com ela em privado, ele a tratava com respeito na frente de Natacha. Com essa percepção, decidiu aproveitar ao máximo essa oportunidade. Seu objetivo era claro: fazer com que Natacha perdesse todas as esperanças e fosse embora para sempre.Natacha, fingindo indiferença, continuou comendo seu café da manhã em silêncio. Mas por dentro, seu coração doía. Joaquim, percebendo o desconforto de Natacha, empurrou Daniela para o lado e disse: - Estou satisfeito, vou para a empresa.Assim que ele se levantou, Natacha também se apressou a se levantar e segui-lo. Seu coração estava pesado com preocupação e culpa.No caminho até a garagem, Joaquim finalmente parou e, se virando para el
Natacha se agachou na frente de Joaquim, se concentrando intensamente enquanto trocava seu curativo. Cada movimento era cuidadoso e preciso, mas o peso emocional deixava suas mãos trêmulas. Em outras ocasiões, ao cuidar de pacientes comuns, Natacha nunca havia sentido o coração acelerar nem as mãos suarem, mesmo diante dos cortes mais profundos e feridas mais assustadoras. Mas, ao encarar o ferimento de Joaquim, resultado de uma briga para protegê-la, seu coração doía e a tristeza a invadia, dificultando ainda mais sua tarefa.Joaquim notou a inquietação dela e tentou tranquilizá-la. - Apenas me trate como qualquer outro paciente, use essa oportunidade para praticar. - Disse ele, tentando aliviar a tensão. Apesar da dor forte causada pelo álcool na ferida, ele manteve o rosto impassível, para não a preocupar ainda mais.Finalmente, o curativo estava terminado, e Natacha enxugou o suor da testa com um suspiro de alívio. Joaquim não tirava os olhos dela, observando cada detalhe de sua
“Ela ainda tem a coragem de dizer que Joaquim é o irmão dela?”, Laura bufou internamente. Ela não conseguiu segurar sua raiva e gritou: - Então você está usando os recursos do hospital para fins pessoais?Sua voz era alta e afiada, ecoando pelo quarto. Laura estava tão furiosa que nem se importava se Joaquim estava ali ao lado. Afinal, o que ele poderia fazer? Na mente de Laura, não havia chance de Joaquim defender Natacha em público e admitir que ela era sua amante, pois isso arruinaria sua reputação. Homens em situações assim sempre escolhiam proteger a própria imagem.Com essa convicção, Laura se sentiu ainda mais ousada. - Se eu reportar isso ao departamento de ensino, você não vai sair impune! - Ameaçou Laura, com desprezo.Joaquim, finalmente perdendo a paciência, falou com um tom de voz perigoso e desdenhoso: - Você está se achando muito, não é? Estamos falando de um pouco de álcool e duas gazes. Só em doações minhas, esse hospital já recebeu equipamentos que poderiam compra
Natacha estava com medo de que Joaquim percebesse sua insegurança. Ela rapidamente o empurrou para fora, tentando esconder seu nervosismo. - Eu entendi, agora vá embora. - Ela disse às pressas, tentando manter uma expressão calma.Antes de sair, Joaquim tirou algumas notas da carteira e as entregou a ela. - Vá até a recepção e pague as taxas para mim, para que aquela mulher não tenha mais o que falar. - Ele disse com um tom firme, mas com uma preocupação subjacente em seus olhos.Ele saiu do quarto de curativos, deixando Natacha olhando perdida na direção que ele tinha tomado. Seu coração estava um turbilhão de emoções conflitantes. Ela olhou para as notas em sua mão, sabendo que Joaquim estava fazendo isso por consideração a ela. Um homem tão dominador e assertivo, ainda assim, se submetia a certas coisas para evitar que ela sofresse.Naquele momento, a voz aguda e sarcástica de Laura ressoou em seus ouvidos, quebrando o silêncio. - Ora, ele já foi embora e você ainda está aí, aprov
Natacha, com os olhos cheios de dor e ressentimento, respondeu friamente: - Não tem nada para explicar. Eu só não quero mais te dever nada. Posso me sustentar sozinha. Você sabe o que fez, ou precisa que eu diga? Não sou surda nem cega. Você dorme com minha irmã no nosso quarto, e os sons todas as noites são claros como o dia. E você ainda quer que eu explique? Você não acha que está passando dos limites?Ela sentiu o coração apertar enquanto falava, cada palavra carregada de mágoa.Joaquim, pego de surpresa pela acusação direta, sentiu o rosto esquentar de vergonha e desconforto. Ele havia usado essa tática para provocá-la, para fazer com que ela sentisse ciúmes e voltasse para ele, mas nunca esperava que a situação fosse se voltar tão contra ele. Seu rosto endureceu, tentando mascarar o desconcerto. - Se eu mandar Daniela embora agora, você estaria disposta a ficar ao meu lado e acabar com essa confusão? - Ele tentou parecer conciliador.Natacha soltou uma risada amarga, sua expres