Rafaela estava inconsolável. A última coisa que ela queria era ter o filho de Duarte e ficar presa a ele pelo resto da vida. Ela se sentia como um pássaro enjaulado, cada batida de suas asas inútil contra as grades que a aprisionavam. Duarte já havia deixado claro que não iria mais ajudá-la, então ela precisava encontrar uma maneira de salvar a si mesma. Fingindo aceitar a proposta de Duarte, ela tentou ganhar tempo, forçando um sorriso cada vez que ele olhava para ela, mas por dentro, seu coração clamava por uma saída....No final da tarde, Natacha recebeu uma mensagem de Joaquim. Ele pediu que ela o esperasse na frente do hospital após o expediente, dizendo que iriam jantar fora e, em seguida, assistir a um filme. Natacha ficou surpresa com o convite repentino, um calor agradável preenchendo seu peito. Ela não sabia por que Joaquim havia decidido, de repente, fazer algo tão casual, mas a ideia de passar uma noite agradável ao lado dele deixou ela ansiosa. Considerando que raramente
Joaquim caminhou até o sofá do quarto e se sentou, soltando um longo suspiro enquanto se recostava, fechando os olhos. As linhas de cansaço em seu rosto pareciam mais profundas sob a luz suave do abajur. Natacha, porém, não conseguiu conter sua frustração, seu corpo tremendo com a raiva acumulada.- Joaquim, você acha divertido me enganar? Sabe quanto tempo eu fiquei esperando por você na porta do hospital? Você tem ideia de como o vento estava forte esta noite? - Sua voz tremia de raiva e decepção, cada palavra carregada de uma mágoa profunda.Joaquim abriu os olhos lentamente, seu olhar profundo e intenso. Sua voz, no entanto, manteve calma, quase indiferente. - Tive um imprevisto esta noite e esqueci de te avisar. - Suas palavras eram simples, mas o tom era frio, sem a urgência ou o arrependimento que Natacha esperava.Ela ficou surpresa com a resposta indiferente. Ele a deixara esperando no frio por duas horas, e tudo o que ele tinha a dizer era uma desculpa vaga e sem importânci
- Que tipo de reviravolta pode haver? - Dolores gritou, claramente irritada. Ela andava de um lado para o outro na sala de estar, seus passos ecoando no piso de mármore polido. - Isso está me matando de raiva! Se não fosse por essa Natacha azarada, Rodrigo nunca teria feito algo assim! Aquela amante sempre odiou Natacha, e agora, ela certamente não vai poupar Rodrigo! - Sua voz estava chorosa de tanto desespero e ressentimento, as palavras saindo quase como um grito de agonia.A empregada, uma mulher de meia-idade com expressão gentil, tentou acalmá-la, colocando uma mão reconfortante no ombro de Dolores. - Senhora, o Sr. Rodrigo sempre amou muito a Srta. Natacha. Agora que ela foi prejudicada, ele perdeu a cabeça e quis defender ela. Mas não importa o quanto ele esteja com raiva, não deveria ter agido dessa forma. Atropelar a mulher assim, com testemunhas e provas, ela com certeza vai usar isso contra ele. - Sua voz era calma, mas firme, na tentativa de trazer alguma razão à mente pe
Xavier ficou um pouco confuso. Não sabia se o presidente esperava que o bebê fosse salvo ou não. Se sentiu inseguro ao responder com cuidado, medindo cada palavra: - O médico disse que o feto da Srta. Rafaela é muito resistente e, por enquanto, não houve problemas. - Entendi. - Joaquim respondeu, seu rosto inexpressivo, sem revelar nenhuma emoção. Ele acenou com a mão, dispensando Xavier para que ele voltasse ao trabalho.Naquele momento, Manuel entrou no escritório, sua presença imponente imediatamente percebida por Joaquim.- Como estão as coisas? Algum novo progresso? - Joaquim perguntou com urgência, se levantando da cadeira. Sua expressão, embora controlada, revelava a tensão implícita.- O motorista de Rodrigo insiste que foi Rodrigo quem mandou ele fazer isso. Além disso, Rodrigo estava no carro na hora do incidente, e ele tinha motivos claros para ordenar o ataque. - Manuel disse com um tom grave, suas palavras carregadas de preocupação. - A chance de ganhar esse caso é muito
Rosana hesitou. Deveria abrir aquele arquivo e dar uma olhada? Ela sabia que não deveria violar a privacidade dos clientes de Manuel. No entanto, a enorme curiosidade a consumia, fazendo com que ela desejasse desvendar o mistério. E se realmente tivesse a ver com a família Gonçalves?Decidida, Rosana abriu o arquivo e começou a folheá-lo rapidamente. Em poucos minutos, compreendeu a gravidade da situação: a família Gonçalves estava enfrentando um grande problema! Seus olhos se arregalaram ao ler cada linha. A sensação de urgência aumentou, e sem perder mais tempo, ela se dirigiu para a saída com passos apressados e coração acelerado.A assistente de Manuel a viu e perguntou, com preocupação estampada no rosto: - Srta. Rosana, o Sr. Manuel deve estar voltando em breve. Você não vai esperar por ele?- Eu tenho um compromisso urgente. Desculpe, a entrevista terá que ser remarcada. - Rosana respondeu rapidamente, quase sem fôlego, enquanto se apressava em sair.Ao chegar à porta do escrit
Rosana chegou correndo, ainda ofegante, o rosto corado de tanto esforço. Ela mal conseguia recuperar o fôlego quando exclamou:- Seu pai está em perigo, você sabia?Natacha ficou atônita, seu coração disparando.- Meu pai? O que aconteceu com ele? - Perguntou, a voz trêmula de preocupação.Rosana explicou rapidamente:- Hoje, no escritório de Manuel, vi uma intimação envolvendo seu pai. Parece que ele está sendo acusado de agressão intencional. Além disso, Manuel é o advogado que está cuidando do caso do seu pai.Natacha sentiu o chão sumir sob seus pés. Sua mente ficou em branco por um momento, e ela apertou firmemente as mãos de Rosana, desesperada.- Meu pai cometeu um crime? Quem ele machucou? - Sua voz estava chorosa, os olhos começando a se encher de lágrimas.Rosana balançou a cabeça, frustrada.- O arquivo era muito grosso, não consegui ler todos os detalhes. Só sei que seu pai está em apuros. Você precisa ir para casa e descobrir o que está acontecendo. Eu preciso voltar para
Se Natacha soubesse a verdade, certamente se sentiria culpada ao extremo. Por isso, Joaquim decidiu tratar o incidente como um simples acidente de trânsito, tentando minimizar a gravidade da situação. Ele se esforçava para manter a voz calma e firme, mas a preocupação em seus olhos era evidente.Natacha, porém, não conseguia aceitar a explicação. Seus olhos brilhavam de desespero e incredulidade, enquanto suas mãos tremiam de ansiedade.- Isso não faz sentido. - Disse ela, sua voz quebrando de emoção. - Por que Rosana diria que meu pai foi acusado de agressão intencional? Mesmo que ele tenha atropelado alguém, deve ter sido sem querer.Joaquim tentou tranquilizá-la, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.- A outra parte está alegando isso para tentar obter mais dinheiro. Não se preocupe, Manuel é muito experiente em casos criminais. - Ele fez uma pausa, olhando nos olhos dela, tentando transmitir confiança. - Se houver alguma falha na acusação, ele encontrará as provas necessári
- Eu sei, eu sei. - Joaquim respondeu, com um tom calmo e reconfortante, enquanto acariciava suavemente o braço de Rafaela. - Mas, Rafaela, o bebê está bem. Isso é uma bênção no meio de tudo isso, não é? Rafaela soluçava de forma desesperada, seu corpo tremendo de emoção: - Eu sempre pensei que minhas pernas poderiam se recuperar. Se não fosse por ouvir aquelas duas enfermeiras conversando lá fora, eu ainda estaria na ilusão de que poderia voltar a dançar. Eu me sinto tão culpada por este bebê, por ter uma mãe que é uma inválida!Seus olhos estavam arregalados de angústia, e as lágrimas corriam sem parar por suas bochechas pálidas.- Não fale assim. - Joaquim disse, segurando o rosto dela entre as mãos, seus polegares limpando as lágrimas que escorriam. - Você deu a esse bebê a vida, isso é o mais importante. Eu vou encontrar os melhores especialistas para cuidar de você. Suas pernas ainda têm esperança.Rafaela balançou a cabeça com determinação, os lábios trêmulos revelando sua dor