Os olhos de Natacha escureceram, um brilho melancólico os atravessando por um instante. Ela respirou fundo, deixando escapar um suspiro quase imperceptível antes de acenar levemente com a cabeça, concordando em silêncio, como se aquele pequeno gesto fosse um fardo pesado a ser suportado.Isadora, com o rosto contorcido de indignação, exclamou: - Isso me deixa furiosa! E agora, como estão as coisas entre você e o Sr. Joaquim? Esta manhã, eu vi você saindo do carro dele em frente ao hospital. - Sim, foi só uma encenação! - Natacha respondeu com um tom frio e distante, quase como se estivesse se forçando a acreditar naquelas palavras. - Eu já... Não o amo mais.Sua voz tremia ligeiramente, mas ela manteve a firmeza, como se aquelas palavras fossem um escudo contra o turbilhão de emoções que Joaquim ainda provocava em seu coração.Isadora, confusa e perplexa, franziu as sobrancelhas enquanto perguntava: - O que você quer dizer? O que significa “encenação”? - Já que Rafaela está tão arr
- Já chega, não diga mais nada. - Joaquim interrompeu friamente, sua voz cortante como uma lâmina. - Já comprei uma casa para você no exterior e haverá empregados dedicados para cuidar de você.Rafaela soltou uma risada amarga, seus olhos brilhando com um misto de dor e ironia. Seus lábios tremeram antes de formar um sorriso cínico. - Você não está colocando pessoas para cuidar de mim, mas para me vigiar, com medo de que eu volte e acabe com seu relacionamento, não é? Joaquim não negou, sua expressão ficando impassível, e até acrescentou com uma frieza que cortava como gelo. - Se não houver algo realmente importante, não volte mais.Rafaela não podia acreditar na frieza de Joaquim. Ele estava banindo-a completamente, impedindo-a até mesmo de pisar de novo naquela terra. Certamente, isso era obra de Natacha, ela estava convencida de que a mulher o havia forçado a tomar tal decisão. A dor em seu peito se transformou em uma raiva fervilhante, e ela riu, uma risada amarga e cheia de des
Quando Joaquim finalmente parou ao lado da banheira, ele olhou para ela por um momento que pareceu uma eternidade. Ele não disse uma palavra, apenas ficou parado diante da banheira, desfazendo calmamente os botões da camisa, um por um. Seus movimentos eram lentos e propositais, cada botão se soltando com um estalo suave. Em seguida, ele desfez a fivela do cinto, o som metálico ecoando no banheiro silencioso.Natacha podia sentir o cheiro forte de álcool que saía dele. Não era de admirar que ele estivesse agindo de forma tão irracional. Ela olhou ao redor desesperadamente, mas não havia nenhuma toalha ao alcance para se cobrir.- Joaquim, você bebeu demais. - Ela se encolheu no canto mais afastado da banheira, sua voz tremendo de nervosismo. - Por favor, saia daqui. Natacha fechou com força os olhos, não se atrevendo a olhar para a cena diante dela. Seu coração batia descontroladamente, e ela sentia o calor subir para suas bochechas. A água quente da banheira parecia gelar diante do pâ
Natacha se sentia desconfortável com as investidas de Joaquim. Ele, por sua vez, parecia determinado a ignorar qualquer distância entre eles.- Será que eu preciso manter uma certa distância da minha própria mulher? - Provocou ele com um sorriso malicioso nos lábios.Natacha, incapaz de confrontá-lo diretamente, murmurou com hesitação: - Mas você está me deixando desconfortável. - Onde você está se sentindo desconfortável? - Joaquim perguntou com malícia. - Ontem à noite, quando você me chamava de 'marido', não parecia desconfortável.As palavras de Joaquim atingiram Natacha como um golpe. Ele nunca havia falado assim antes, e cada palavra aumentava sua vergonha e desconforto.Joaquim não hesitou em continuar suas investidas, suas mãos explorando os limites do recato ao deslizarem sob as roupas dela.- Por favor, pare. Eu não quero isso. - Natacha implorou olhando para ele. - O que aconteceu ontem à noite ainda me incomoda.Mas Joaquim, imperturbável, marcou o pescoço dela com um bei
Natacha sentia cada vez mais que estava cavando sua própria cova ao voltar voluntariamente para Joaquim, se transformando naquela “ave na gaiola dourada” que tanto tinha medo de vir. A sensação de estar presa e impotente a atormentava constantemente....Na entrada do hospital, uma voz animada a chamou, interrompendo seus pensamentos.- Natacha, que coincidência! Você também acabou de chegar? - Laura se aproximava rapidamente, o rosto iluminado por um sorriso amigável, mas seus olhos escondiam uma curiosidade persistente. Ela olhou para o relógio em seu pulso e exclamou. - Faltam apenas cinco minutos para o nosso turno começar.Natacha, sempre educada e tentando manter a compostura, respondeu com um aceno de cabeça:- Bom dia, Sra. Laura.As duas entraram no elevador. O espaço fechado fez com que Natacha sentisse a pressão do olhar inquisitivo de Laura. Tentando parecer casual, mas com um brilho de curiosidade nos olhos, Laura perguntou:- Vi você sozinha lá fora. Seu irmão não te tro
“Sr. Joaquim, o senhor está enganado, a Natacha está muito bem. Ela está trabalhando e estudando com bastante empenho.”Joaquim olhou para a mensagem recebida e franziu levemente a testa. Com um suspiro de impaciência, enviou de volta apenas um ponto de interrogação. Seu tom implícito era claro: “Se não se trata de Natacha, então sobre o que mais temos para conversar?” Sua mente estava em turbilhão e ele não tinha tempo nem paciência para rodeios.Depois de um longo tempo, Laura enviou outra mensagem.“Sr. Joaquim, desde que o vi pela primeira vez, passei a admirar você muito. Claro, sua irmã, Natacha, também nos apoia, foi ela que me deu o seu WhatsApp.”Joaquim leu incrédulo a mensagem. Uma fúria sutil começou a tomar conta de seu rosto, sua mandíbula se tensionando visivelmente. Natacha, sua própria esposa, havia jogado ele para essa mulher? Isso era um absurdo! Sentiu um calor subir pelo corpo, e sem hesitar, ele bloqueou Laura e jogou o celular de lado com um movimento brusco.D
- Você acha... Que isso é só pirraça? - Joaquim teve um vislumbre de compreensão e, em seguida, curvou os lábios num sorriso. - Quer dizer que ela está com ciúmes?- Mais ou menos! - Manuel disse. - Considerando o tempo que você e Rafaela ficaram juntos, você deveria entender bem a mente das mulheres. Como não consegue perceber as pequenas manobras de Natacha?Joaquim lançou um olhar desesperado para Manuel, mas não disse nada. Afinal, quando ele estava com Rafaela, ela sempre o seguia e concordava com tudo o que ele fazia. Nunca precisou se esforçar para agradá-la. Diferente de Natacha, que frequentemente criava pequenas confusões.Joaquim observou Manuel por um momento antes de sorrir. - Você parece tão desinteressado e tranquilo, mas compreende por caramba a mente das mulheres. -Com isso, se levantou. - Vou para casa.- Já vai? - Manuel disse, incrédulo. - Mal bebemos algumas taças e você já quer ir embora? Não se esqueça, foi você que insistiu para que eu viesse aqui essa noite.
Natacha, nervosa, se aninhou no peito de Joaquim, suas pequenas mãos agarrando firmemente a camisa dele. - Estou um pouco cansada e... Com sono. Esta noite, você poderia...?Joaquim olhou para ela com um olhar suave, percebendo o cansaço nos olhos dela. Ele se inclinou e beijou suavemente a ponta do nariz dela, um gesto cheio de carinho. - Claro, não vou tocar em você.Natacha o olhou com um misto de surpresa e desconfiança. Como ele poderia ser tão imprevisível? Na noite anterior, ele tinha sido tão agressivo, mas agora parecia atender a todos os seus caprichos. Seu coração bateu mais rápido, seus olhos refletindo uma leve ondulação de emoção. Mas havia uma voz dentro dela, uma advertência persistente: “Natacha, você não pode se deixar levar de novo! Será que você realmente está disposta a ser madrasta?”Joaquim a deitou na cama com cuidado, ajeitando os travesseiros para que ela pudesse se sentir confortável. Ele a cobriu com um cobertor macio, suas mãos fortes, mas gentis. Indica