Assim, Joaquim levou as crianças para jantar, deixando espaço para que Natacha e Rosana conversassem. Depois que os filhos saíram, Natacha finalmente se decidiu a perguntar:— Rosa, o que exatamente o Manuel te disse? Está me parecendo muito estranho... Se ele realmente não quer esse bebê, então tudo o que ele fez por você até agora, todo o sacrifício, o que significa? Você não perguntou claramente o que aconteceu?Rosana negou com a cabeça, com um ar de frustração, e respondeu:— O Manuel não quis dizer nada. Ele só me falou que queria terminar, que me compensaria e pediu para eu abortar.— Esse idiota! — Natacha praguejou com raiva, mas logo tentou se acalmar para não deixar Rosana ainda mais triste. — Será que não tem algum motivo escondido? Talvez ele esteja passando por algo que a gente não sabe... Olha, eu vou pedir para o Joaquim procurar o Manuel e tentar entender o que está acontecendo. Tá bom?Natacha acompanhou Rosana até o quarto de hóspedes e pediu para a Dora levar algo
Natacha temia que Rosana, no fundo, estivesse pensando em algo ainda mais sério. Embora estivesse profundamente irritada, ela sabia que precisava ir até a amiga.No quarto, a cena era desoladora. A comida na mesa estava intacta, enquanto Rosana se sentava sobre a cama, encolhida, como se estivesse tentando se esconder do mundo. Seus olhos, que normalmente eram tão brilhantes, agora estavam vermelhos e inchados. Embora não estivesse chorando naquele momento, seus olhos pareciam vazios, sem brilho, fixados no chão de maneira vazia e apática.— Rosa, come um pouco, vai. — Natacha colocou a bandeja de comida diante dela. — A comida vai esfriar. Mesmo que você não queira comer, o bebê precisa de nutrientes, não é?Rosana forçou um sorriso amargo e respondeu:— Que nutrientes? O pai dele já me abandonou, então não importa o que eu coma, não faz mais sentido!Natacha corrigiu imediatamente, com um tom firme:— Não fala assim! Se o pai dele te abandonou, e você vai abandoná-lo também? Você é a
— O quê? — Natacha disse, surpresa. — A Sra. Maria realmente quer matar o próprio filho! Será que a Sra. Maria sabe da gravidez da Rosana?Joaquim suspirou e respondeu:— A Sra. Maria deve saber, senão ela não teria reagido dessa forma. Além disso, se ninguém pressionar o Manuel, ele jamais deixaria a Rosana abortar o filho. Eu acho que a Sra. Maria sabe de tudo, por isso está ameaçando o Manuel dessa maneira. O Manuel não vai ficar vendo a mãe dele morrer, você não acha?Natacha ficou em silêncio por um momento e falou:— Eu sei o motivo pelo qual a mãe dele odeia a Rosa.Joaquim ficou bastante surpreso e perguntou:— Você sabe?— Deve ser porque, da última vez, eu defendi a Rosana duas vezes, sem dar moral para a Sra. Maria. Então, ela deve ter colocado toda a culpa nisso na Rosana. — Natacha disse, com um tom de culpa. — Eu não imaginava que a Sra. Maria fosse tão cruel, que fosse capaz de não querer nem mesmo o próprio neto ou neta. Olha, se for o caso, podemos ir ao hospital amanh
No táxi.Rosana pediu ao motorista que a levasse para os Bairros com vista para o mar. Durante todo o trajeto, seu coração parecia estar suspenso, apertado, como se estivesse flutuando no ar, mas, ao contrário de antes, sua angústia parecia ter diminuído um pouco."Eu sabia que o Manuel tinha seus motivos. Ele sempre disse que me amava."Finalmente, o motorista a deixou nos Bairros com vista para o mar. Rosana não sabia se Manuel estava em casa, mas ao chegar em frente ao prédio dele, e olhar para o alto, ela finalmente sentiu uma leve sensação de alívio. Manuel estava em casa. As luzes da sala estavam acesas.Rosana imediatamente entrou no elevador e subiu até o andar dele. Chegando na porta, tentou desbloquear com a impressão digital, mas não conseguiu. Tentou também digitar a senha da porta, mas também não deu certo.Sem outra opção, ela pressionou a campainha.Infelizmente, não houve resposta.Desesperada, Rosana decidiu bater na porta com força, gritando:— Manuel, abra a porta!
No entanto, o rosto de Manuel estava assustador, tão profundo quanto a noite escura como tinta, deixando Rosana sem conseguir compreender o que ele estava pensando. Ao chegarem em casa, Manuel não disse uma palavra; ele simplesmente a conduziu em direção ao banheiro. — Manuel, o que você está fazendo? Precisamos conversar sobre isso. Rosana tentou falar calmamente sobre o assunto com ele. Mas Manuel não respondeu, apenas começou a encher a banheira com água quente e disse: — Vai tomar um banho quente primeiro, depois conversamos sobre outras coisas. — Eu não quero! — Rosana exclamou, os olhos vermelhos e inchados. Sua expressão estava decidida, e seus olhos eram desafiadores. — Se você não me explicar direito, eu não vou tomar banho. Manuel respondeu com severidade: — Agora você não está mais me ouvindo, é? Eu te mandei tomar banho! Rosana, se sentindo injustiçada, falou com voz suave: — Você não me disse que me daria liberdade? Por que eu tenho que te obedecer? Ago
Rosana se assustou, mas ainda assim estendeu os braços e envolveu o pescoço de Manuel. Ela se levantou na ponta dos pés, querendo estar ainda mais perto dele.O beijo de Manuel foi suave, como se ele tivesse medo demachucar Rosana, feri-la de alguma forma.Com o tempo, no entanto, Manuel aprofundou o beijo, como se quisesse engolir Rosana e levá-la para dentro de seu corpo, para que, assim, eles nunca mais se separassem.Foi somente quando Rosana emitiu um som de tristeza e dor que Manuel finalmente a soltou, com delicadeza.Ele olhou para os olhos de Rosana, agora vermelhos, e para as lágrimas cintilando em seus olhos escuros como a noite. O coração de Manuel se apertou, como se não pudesse mais suportar.Rosana, com a voz embargada pelo choro, disse:— Eu sei que sua mãe é muito importante para você, e também sei que ela me odeia. Se ela me perdoar, eu vou cuidar dela com você; mas se ela não me perdoar, eu... — Rosana hesitou por um longo tempo, até finalmente completar. — Eu posso
Mesmo que Rosana realmente chegasse à frente de Sra. Maria, quem se machucaria seria Rosana.Manuel a segurou em seus braços, acariciando suavemente os cabelos castanho-escuros de Rosana, e disse em voz baixa:— Rosa, quanto à minha mãe, deixa comigo. Eu prometo que vou dar um jeito de fazê-la te aceitar.— Então, você não pode mais ficar falando em terminar de repente. — Rosana esticou o dedo mindinho e completou. — Vamos fazer um pacto!Manuel riu com um suspiro cansado:— Quantos anos você tem? Ainda acredita nessas coisas?Rosana, no entanto, teimou em segurar a mão de Manuel e fazer o pacto com ele.— Tá bom, depois que fizermos o pacto, você vai logo beber o chá de gengibre. — Manuel rapidamente preparou uma xícara de chá de gengibre e disse, repreendendo ela. — Você ainda está se recuperando do resfriado, com febre, vômito e diarreia... Já esqueceu disso? E ainda se atreve a pegar chuva! Parece que esqueceu tudo o que o médico recomendou.Rosana tomou o chá de gengibre que Manue
Manuel hesitou por um momento, um toque de arrependimento surgindo em seu coração. Ele olhou para Rosana e disse:— Então, que tal você me bater um pouco? Eu prometo que não vou me esquivar nem revidar. Só até você se acalmar, tudo bem?Rosana deu uma risadinha e respondeu:— Eu é que não sou tão violenta! Sou bem gentil, na verdade!— Rosa... — Manuel baixou os olhos, contemplando a mulher em seus braços, que estava tão suave e adorável como um gato. — De repente, percebo que sou menos corajoso que você. Nunca imaginei que você viria até mim.Rosana corou um pouco, tímida, e disse:— Talvez eu te ame mais do que você me ama. Mas, sabe, tomei uma grande decisão para vir aqui. Se fosse antes, eu não teria conseguido fazer isso.— Eu sei. — Manuel a abraçou com carinho, como se estivesse segurando um tesouro precioso. — Por isso, vou te valorizar, Rosa. Você só precisa ficar ao meu lado. O resto, deixa comigo. Eu vou dar um jeito, vou resolver.Rosana corrigiu com seriedade:— Não, a gen