Manuel sempre gostou de ter tudo sob controle, de sentir que podia manipular as situações ao seu favor. Mas, agora, a realidade era bem diferente. Ele estava claramente em uma posição passiva, e sentia que tudo e todos ao seu redor, inclusive ele mesmo, estavam se afastando do rumo que havia imaginado. Antes, a sensação de perder o controle e a adrenalina da vingança até o animavam, mas agora, Manuel só sentia um peso de preocupação. Nesse momento, seu celular tocou, quebrando o silêncio do corredor vazio com um som nítido. Manuel olhou a tela do telefone e atendeu. Do outro lado, a voz suave e delicada de Rosana surgiu:— E aí, como está tudo aí? Sua mãe está bem? Não estão te fazendo mais dificuldades, né?Manuel olhou para a porta do quarto de hospital, seu tom de voz cansado e carregado de fadiga:— A situação não está boa, minha mãe teve outra crise. Mas é o mesmo problema de sempre, não há risco de vida. E você, ainda está na casa da família Camargo?— Sim, Natacha me pediu p
Nesse momento, a porta foi batida.Era a enfermeira que havia vindo para aplicar a infusão na Sra. Maria.Porém, a Sra. Maria empurrou a enfermeira e disse:— Eu não vou fazer a infusão, não vou tomar injeção nem remédio, pode sair daqui!Assustada com a atitude agressiva da Sra. Maria, a enfermeira olhou para Manuel, que, com um gesto de consentimento, fez com que ela se retirasse. A Sra. Maria, com firmeza, se virou para Manuel e declarou:— Se você ainda me considera sua mãe, então esqueça essa história de casar com a Rosana, esqueça a ideia de deixar essa mulher gerar um filho da nossa família Marques! A partir de agora, não vou comer, não vou beber, e muito menos tomar remédios. Só vou mudar de ideia se você trouxer aquela mulher aqui, se ela abortar o filho e se a Rosana sair da Cidade M!O coração de Manuel afundou com aquelas palavras. Ele respondeu, preocupado:— Mas aquele é um filho da família Marques, é o seu neto! Você realmente tem coragem de fazer isso? Mãe, o Diego já e
Natacha não teve escolha a não ser preparar um copo de água morna para Rosana. Enquanto comia uma fatia de torrada, começou a compartilhar suas experiências com ela:— Ah, eu lembro que, quando estava grávida do Adriano e da Otília, o enjoo não era tão forte. Mas quando engravidei do Álvaro, eu estava igualzinha a você agora, com vontade de vomitar só de pensar na comida.— Natacha... — Rosana franziu as sobrancelhas e disse. — Eu não sei o que é, mas estou me sentindo tão inquieta, como se algo estivesse me deixando ansiosa. Você entende essa sensação, né?Natacha deu uma leve surpresa antes de responder:— Acho que é por causa do que aconteceu hoje. Você foi sequestrada e deve estar muito assustada. É normal que sua mente ainda não tenha se acalmado.— Não é isso. — Rosana negou com a cabeça e falou em voz baixa. — Eu ouvi dizer que a mãe do Manuel foi internada de novo. E dessa vez, para me ajudar, ele até desistiu do noivado. A mãe dele deve estar furiosa com isso. Não sei nem como
Os olhos de Manuel refletiam uma luz assustadora, intensamente complexa.Não demorou muito para que Rosana terminasse de se lavar e se trocasse.Quando os dois desceram as escadas, Natacha não conseguiu evitar uma risada suave, fazendo uma provocação:— Rosana, você, que só pensa em homens, agora que o Sr. Manuel chegou, está tão apressada para ir embora?Os olhos de Rosana estavam iluminados por um sorriso de felicidade. Ela piscou para Natacha e respondeu:— O Sr. Manuel disse que já estou te incomodando há muito tempo, e ele se sente mal por isso!Embora Natacha estivesse brincando com eles, no fundo, ela estava genuinamente feliz por eles.Afinal, Natacha via com seus próprios olhos o quanto Manuel cuidava de Rosana.Cada vez mais, Natacha acreditava que Manuel realmente daria a Rosana um futuro. Por isso, não impediu que eles fossem embora, mas fez questão de alertar Manuel:— Você tem que cuidar bem da Rosa, viu? Ela já está com dois meses de gravidez, e os três primeiros meses s
O olhar de Manuel se tornou afiado, e ele perguntou com firmeza:— E o que a delegacia disse?Cláudio suspirou antes de responder:— O problema é que esse casal não tem gravação nem nenhuma prova concreta. A polícia não pode prender a Joyce por isso. Afinal, ela não teve a ideia, nem foi ela quem sequestrou a Srta. Rosana. Só dá para dizer que os pais do Estêvão foram ingênuos e acabaram sendo manipulados pela Joyce.Manuel ficou com a expressão tensa e perguntou:— E como estão os pais do Estêvão agora?Cláudio suspirou novamente, mostrando sua frustração:— Eles continuam insistindo que a Srta. Joyce só estava com pena deles e foi visitá-los, sem nenhuma intenção de incitar o sequestro da Srta. Rosana. Eles alegam que tudo foi ideia deles. Mesmo que a Joyce seja chamada pela polícia para depor, se ela afirmar que foi por culpa dos Acidentes de Trabalho no Grupo Pereira que ela se sentiu culpada e foi visitar os pais do Estêvão, a polícia não tem como acusá-la de nada. E, segundo font
Com as palavras de Manuel, os rostos dos Sr. e Sra. Pereira mudaram de expressão. Será possível que a "moça" de que Manuel falava seja Joyce? Antes que Manuel pudesse continuar, Ronaldo interrompeu: — Não tente difamar a Joyce! Você tem alguma prova de que essa pessoa é a nossa Joyce? Qual é a posição da nossa Joyce? Como ela poderia estar em um lugar como aquele, conversando com essas duas pessoas? Manuel respondeu de forma indiferente: — Isso é fácil, basta vermos as câmeras de segurança e logo saberemos. Se o casal acusar a Joyce, ela terá que passar por uma investigação policial. Se lembre, eu fui quem fez a família Pereira vencer o processo anteriormente, e agora, eu posso muito bem garantir que vocês percam! Embora Joyce, mesmo sendo investigada, não fosse punida sem provas dos pais de Estêvão, Manuel falou com tanta seriedade que acabou assustando o casal. Ronaldo e a Sra. Priscila ficaram surpresos e trocaram um olhar, claramente amedrontados. Ronaldo ergueu o q
— Mãe... Manuel ainda queria dizer algo, mas a Sra. Maria já havia desligado o telefone. Sem forças, ele largou o celular de lado e se dirigiu ao café para encontrar Rosana. ... Família Pereira. Joyce ouviu os passos de seus pais subindo as escadas e correu apressada para perguntar: — E aí? Ele aceitou se casar comigo? A Sra. Priscila, com o coração apertado, não teve coragem de responder à filha. Olhou ela com um olhar preocupado e disse: — Joyce, o Manuel não vale tudo isso que você está fazendo por ele. Eu vou procurar um homem melhor para você. Esqueça o Manuel, tá? Joyce, indignada, empurrou a mãe e, chocada, perguntou: — O Manuel não aceitou? Ele ainda não aceitou? Vocês não contaram a ele que iam expor tudo isso na mídia? Não disseram que iam revelar a história da Rosana também? Ronaldo, que já estava furioso por causa das humilhações que havia passado com Manuel, não aguentou mais e se exaltou. — Como é que você ainda tem coragem de perguntar isso? O que
Rosana olhou para Manuel, seu coração apertado de dor por ele.Descobriu que o pai de Manuel havia falecido quando ele era ainda muito pequeno.Com um tom de simpatia, Rosana perguntou:— Então, depois dos sete anos, sua mãe nunca mais te trouxe ao Parque Infantil da Cidade M?Nos olhos de Manuel havia um olhar que Rosana não conseguia entender completamente. Ele falou lentamente, palavra por palavra:— Não, foi eu quem não quis vir ao Parque Infantil da Cidade M. Quando eu tinha sete anos, achei que já tinha crescido, que não precisava mais brincar com essas coisas que só as crianças pequenas gostam. Eu queria proteger minha mãe.Rosana olhou para Manuel, um tanto perdida.Ela até parecia entender o que ele sentia, mas ao mesmo tempo, não sabia ao certo.Depois de tudo, embora a mãe de Rosana tivesse falecido quando ela era muito pequena, o pai de Rosana sempre a tratou com muito carinho e nunca mais se casou com outra mulher.Rosana sempre sentiu que, apesar de crescer em uma família