— O que você quis dizer com isso? Que tipo de pessoa você acha que eu sou? Eu que posso estar com você, e você acha que não merece estar com ele? — Manuel perguntou, a voz suave, mas carregada de uma ironia sutil. — Então, na sua cabeça, eu sou pior do que aquele menino imaturo?Rosana se sentiu tomada pela culpa e pensou: "Por que eu estou dizendo isso para ele? Um homem tão frio e implacável como Manuel, como ele poderia entender o que estou sentindo?"Mas, antes que ela pudesse responder, o carro começou a se mexer lentamente.— Manuel, para onde você está me levando? — Rosana empurrou a porta do carro, nervosa. — Eu quero descer!Manuel, com sua típica calma, respondeu:— Fique tranquila, vou te levar a um lugar.Assim, vinte minutos depois, eles chegaram ao destino.— Cidade do jogo? — Rosana olhou para Manuel, confusa. — O que você está fazendo me trazendo aqui?Naquela noite, o ânimo de Rosana estava no fundo do poço, e ela não tinha nenhuma vontade de jogar. Mas Manuel, sem he
No coração de Rosana, algo parecia ter se instalado, como se uma pequena corça tivesse surgido. Ela se sentiu desorientada, tomada pela ansiedade.Porque, Rosana claramente viu a luz ardente nos olhos de Manuel uma chama intensa que exibia o desejo de um homem por uma mulher, algo que ela conhecia muito bem.Rosana deu um passo para trás, mas foi imediatamente puxada para perto, sendo envolvida pelos braços de Manuel. Manuel a cercou diante da máquina de pegar brinquedos, seu corpo alto se inclinando ligeiramente para baixo. Seus lábios finos se roçaram na orelha dela, e ele disse, baixinho:— Vou te ensinar a pegar os brinquedos.Então, com a mão grande de Manuel envolvendo a pequena mão de Rosana, ele pressionou os botões da máquina, enquanto seu peito forte se colava nas costas dela. Rosana podia até sentir a batida firme do coração de Manuel, como um eco profundo em sua própria alma.Ela teve a sensação de que uma corrente elétrica havia percorrido seu corpo.Rosana prendeu a res
Manuel não esperava que Rosana ainda estivesse pensando no futuro, planejando até mesmo a possibilidade de deixá-lo. Em seu futuro, até Armando parecia ser uma opção viável, mas ele... ele nunca seria considerado!Rosana deu um sorriso amargo, apertando ainda mais os dois brinquedos de pelúcia que abraçava. — Obrigada por hoje, eu realmente gostei desses brinquedos. — Ela disse, com um tom suave, mas um pouco distante.No fundo, no momento em que Manuel a tratava com tanta gentileza na Cidade do Jogo, Rosana havia sentido uma ilusão. Uma ilusão de que estavam, talvez, vivendo um conto de fadas: o rapaz que tratava a garota com todo o carinho, e ela, completamente encantada, olhando ele com adoração. Mas, como sempre, a realidade se impôs. Rosana sabia que a relação entre ela e Manuel nunca passaria disso, um simples delírio. O caminho deles jamais se cruzaria de verdade. Antes que Manuel pudesse reagir, Rosana se virou rapidamente, sem mais palavras, e se afastou.No entanto, antes
Na mente de Rosana, Manuel sempre foi aquele homem orgulhoso, frio e autoritário, alguém que jamais a havia tratado com tanta delicadeza. Esse pensamento fez com que seu coração disparasse."Será que o Manuel está me mimando?"Ela não se atreveu a continuar com esse raciocínio. Com um pequeno movimento de seu corpo, tentou se afastar de Manuel, querendo sair dos braços dele.Porém, Manuel tinha o sono leve. Quando Rosana se mexeu, ele acordou imediatamente.Antigamente, Manuel odiava ser incomodado enquanto dormia.Mas agora, ao despertar, ele apenas disse, com uma voz rouca e preguiçosa:— Bom dia.Rosana olhou para Manuel e ainda sentia como se estivesse sonhando.Manuel, ao ver o rosto inocente de Rosana em seus braços, não resistiu e deu um beijo suave nos lábios dela, perguntando:— O que foi? Já faz cinco anos que dormimos juntos, e você ainda não se acostumou?O rosto de Rosana se tingiu de vermelho, e ela rapidamente empurrou Manuel, saindo apressada como um cervo para o banhei
Manuel sentiu a garganta repentinamente seca e, com a voz baixa, disse:— Me dê um motivo para você não mudar de casa.Rosana respondeu com a voz suave, quase um sussurro:— Porque esta casa foi o primeiro lugar que eu aluguei. Eu me esforcei para deixá-la do jeito que está agora, aconchegante e limpa. Só aqui, com ela, é que eu me sinto em casa.Manuel ficou em silêncio por um momento, seus olhos profundos fixos em Rosana. Após um tempo, ele finalmente perguntou:— E se eu sentir sua falta, o que você vai fazer?Rosana sabia o que ele queria dizer. A falta que Manuel sentia era apenas por desejo, uma necessidade física. Ela baixou os olhos, escondendo a tristeza que tomava conta de seu coração, e respondeu:— Se você quiser me ver, é só me mandar uma mensagem. Eu vou até a sua casa.Manuel franziu um pouco a testa e, de repente, empurrou Rosana para longe.De costas para ela, com as mãos nos bolsos da calça, ele exalava uma frieza que se espalhava pelo ambiente.Sua voz, com um tom d
Manuel observou, sem saber o que pensar, a figura de Rosana, radiante de felicidade. Ele sentiu uma mistura de sentimentos contraditórios. Aquela mulher, que antes parecia tão amarga e assustadora, agora, ao saber que poderia ver o pai, se transformou completamente. Mas ele sabia que nunca mais veria seu próprio pai.Depois de tomar o café da manhã, Manuel dirigiu até a prisão com Rosana.Ele ficou aguardando do lado de fora enquanto Rosana seguia sozinha para a sala de visitas.Diego, surpreendido, mal podia acreditar que em pouco mais de um mês já havia tido duas visitas de sua filha. Ele estava extremamente emocionado.Do outro lado do vidro grosso, Rosana observava seu pai com o rosto pálido e os cabelos grisalhos, com as marcas do tempo e das dificuldades estampadas em sua pele. As lágrimas escorreram imediatamente.— Pai, desculpe, ainda não consegui tirar você daqui... — Rosana disse, a voz embargada. — Como você tem passado? Está tudo bem? Ninguém tem te maltratado, né?Dieg
A respiração de Manuel ficou mais pesada, e ele avisou com firmeza:— Se você quer continuar vendo ele todo mês, então pare de fazer tantas perguntas. Se você insistir em me incomodar, vou garantir que tanto você quanto seu pai se sintam ainda mais desconfortáveis.As palavras de Manuel causaram um calafrio profundo em Rosana, como se seu coração tivesse sido jogado em um abismo congelado."Então, eu estava certa?"Porém, as palavras de Manuel a fizeram hesitar. Ela sabia que, quando ele falava, cumpria o que dizia, e Rosana não se arriscaria a tentar desafiar sua vontade. Ela decidiu que, se não podia perguntar mais a Manuel, aguardaria até o mês seguinte, quando fosse visitar Diego novamente, para tentar descobrir mais com seu pai.Nesse momento, o celular de Rosana tocou. Era uma ligação de Isabelly.Após atender e desligar, Rosana olhou para Manuel e disse:— Eu preciso ir até a editora de revistas. Houve uma nova atualização sobre o colapso da ponte, e Isabelly e as outras não est
Ronaldo rapidamente retirou os documentos que trouxe e explicou:— É o seguinte, o projeto de construção que a nossa empresa, o Grupo Pereira, está fazendo… ontem um operário morreu no canteiro de obras. Inicialmente, nossa proposta era pagar à família dele cem mil reais, porque, afinal, o homem vinha de uma família rural, com poucas despesas. Para eles, cem mil reais seria uma quantia enorme! Mas, eu não esperava que a família pedisse um milhão de reais! Você não acha que estão exagerando?Manuel imediatamente entendeu o que Ronaldo queria dizer e já tinha uma ideia de como as coisas aconteceram. Afinal, pessoas como Ronaldo, empresários, às vezes, para economizar, não implementam as medidas de segurança adequadas no canteiro de obras, o que facilita acidentes.Manuel já havia lidado com casos parecidos, mas, na verdade, ele não gostava de cuidar desse tipo de assunto. Sempre que pegava um caso assim, ele lembrava da morte injusta de seu pai, há muito tempo.Manuel se sentou na cade